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terça-feira, 5 de março de 2013

Títulos Eclesiáticos









Conheci uma pessoa que se alguém o chamasse pelo nome próprio e não incluísse o título “pastor” Fulano ele chegava em casa e, segundo me contou um de seus filhos, brigava com a família. Fui informado de um outro caso em que o cidadão brigou em um congresso porque seu crachá trazia o seu nome e não o título “pastor” Beltrano. Conheço algumas denominações que mesmo sem possuir um único prédio próprio para cultos estão repletas de “arcebispos”, “bispos primazes” e “reverendos”, e assim a lista segue.

Por que isto? Seria um problema psicológico de necessidade de auto-afirmação? Ou seria o pecado do egoísmo e da vaidade mesmo?

Se você ler todo o Novo Testamento notará a absoluta falta de títulos eclesiásticos no primitivo cristianismo, quem os apreciava bem eram os fariseus, será que algo mudou neste sentido?

Embora Jesus seja o próprio Deus encarnado, ele não se servia de títulos, Ele não se apresentava como o “Rabino” Jesus ou o “Mestre” Jesus, embora as pessoas pudessem querer chamá-lo assim, e Ele como pessoa divina que era merecia, Ele mesmo se apresentava por seu nome simplesmente, Ele dizia: “Eu sou Jesus” (At 9:5). Mesmo o nome “Cristo” (Messias), não era um título religioso, era um identificador de sua missão divina e era costume judaico alterar ou acrescentar nomes identificativos a pessoas com profundas experiências espirituais, por exemplo: Simão se tornou Simão Pedro (Mt 4:18).

Também os apóstolos eram chamados por seus nomes e não por títulos, assim vemos: Pedro (At 1:15), Matias (At 1:26), João (At 4:19), Paulo (At 13:16), os demais apóstolos (At 1:13); além deles, Maria (At 1:14), os diáconos (At 6:5), outros ministros de Deus (At 4:36; At 8:5; At 11:28; At 13:1, etc.), todos eram chamados por seus nomes e nenhum deles usavam títulos. Por que isto? Porque a glória deve ser exclusivamente de Deus. Mesmo os legítimos obreiros do Senhor não usavam títulos, faziam como João Batista: “Convém que ele [Jesus] cresça e que eu diminua” (Jo 3:30), assim agiam os pregadores bíblicos.

Por que as pessoas amam tanto os títulos eclesiásticos? Porque eles exaltam a pessoa humana, logo, constituí-se em idolatria pessoal, sendo este, um dos mais primevos pecados do homem (Gn 3:5). Quando alguém chega diante de uma congregação e se apresenta como o “reverendo” (digno de ser reverenciado), há uma óbvia exaltação de um ser humano em relação aos outros que seriam meros “leigos”, o mesmo pode se dizer dos termos padre, pastor e bispo, havendo inclusive o arcebispo (um bispo principal, maior e mais importante).

Tudo isto contrasta com a simplicidade do Evangelho. Nele Jesus ensina aos líderes a servirem e serem humildes e não a se exaltarem sobre o rebanho (Mc 10:43-45) e Pedro proíbe a dominação sobre o rebanho de Deus (1Pe 5:3), além do que, ser pastor é pastorear, é uma função e não um título (1Pe 5:2), portanto, quem ensina em seminário teológico, por exemplo, mas não tem e não cuida de um rebanho congregacional não é, biblicamente, um pastor.

Enquanto muitos buscam a glória própria dos títulos, Paulo entendia o ministério como um serviço sacrificial (1Co 4:9-13), não como um meio de enriquecimento e nem de status social e eclesiástico. Tem gente querendo ser tratado de “my lord” (meu senhor).

Já o verdadeiro e único Senhor, a quem somos convidados a imitar (1Co 11:1; Fp 2:5), não tinha nenhum bem material e nem status social (Is 53; Mt 8:20), não se preocupava com pompas, títulos e honrarias humanas.
Hoje, nós os seguidores de Jesus, somos desafiados a uma escolha simples: Procuraremos enaltecer os nossos nomes e ministérios ou buscaremos, exclusivamente, a glória do nome de Deus? A resposta também é simples: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9:23).

Sandro Sampaio.

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