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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Crescendo à sombra do cajado

Crescendo à Sombra do Cajado
(Exceto)

Pr. Josué Brandão

O que anda acontecendo à nossa geração de obreiros? Por que será que poucos conseguem permanecer debaixo do cajado? Há uma pressa perigosa rondando os corações chamados e que ardem com a chama do Espírito. Ministérios estão sendo “abortados” por causa da incapacidade de esperar o momento de Deus. Poucos estão dispostos a oferecer o lombo para as pancadas inerentes ao ministério e á honra que ele requer. É a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Os nossos pensamentos voam numa velocidade que as Leis da Física não nos permitem alcançar. Então, terminamos por “colocar os pés pelas mãos”.
Há alguns anos, após um culto, quis falar com o orador daquela noite. Ele era um exímio pregador e o Senhor o havia usado poderosamente naquela oportunidade. Alguém havia me dito que ele estava formando uma equipe de pregadores e eu queria fazer parte. Com muita dificuldade, consegui chegar perto dele, mas fui tratado com um pouco de descaso. Fiquei muito angustiado. Não quis mais ir jantar. Entretanto, enquanto me dirigia para a hospedagem, o meu pai me abraçou e disse: “No tempo de Deus, você nunca está atrasado!” Ah, como precisamos aprender a andar “no passo do gado”, como fez Jacó depois do Vau de Jaboque, e a respirar o ar dos pastos verdejantes do pastoreio de Deus.
Escreveu o salmista Davi: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”, Sl 23.4.
Alguns homens na Bíblia, por falta de compreensão do valor do cajado, foram pelo caminho errado e deixaram de desfrutar o que de Deus lhes estava proposto.
O primeiro pecado, registrado no Gênesis, foi a desobediência de Adão e Eva no tocante ao fruto que o Senhor havia-lhes dito que não comessem. O fato é conhecido de todos nós. A partir daí, diz o apóstolo Paulo: “O pecado entrou no mundo e, pelo pecado a morte”, Rm 5.12.
O capítulo 4 do Gênesis relata que Caim era agricultor e Abel, pastor de ovelhas. Ambos trouxeram ao Senhor uma oferta e cada um ofereceu do que tinha. Nada mais compreensível, sobretudo quando estamos adorando a Deus. Caim trouxe do fruto da terra. Abel trouxe ao Senhor um cordeiro do seu rebanho. Entretanto, “... atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou” (Gn 4. 4-5). Por causa disto “... Caim irou-se fortemente...” (v5). Alguns comentaristas tentam afirmar que Deus rejeitou a oferta de Caim e aceitou a de Abel porquanto na oferenda do primogênito não havia o sangue que já prefiguraria o sangue do Cordeiro. Entretanto, cada um trouxe do que tinha. E lembre-se: Deus não é injusto. Não pretendemos aqui fazer nenhuma exegese do texto, mas não podemos nos furtar à necessidade de lembrar que “o Senhor atentou para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou.”
Primeiro, o Senhor atentou para o ofertante e o aceitou ou o rejeitou. E ao atentar para Abel, o Senhor percebeu o seu sacrifício de fé “pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas oferendas...” (Hb 11.4). Atentando para Caim, o Senhor percebeu que ele “era do Maligno (...) e que as sua obras eram más” (I Jo 3.12). Não podemos incorrer no erro de acreditar que O Senhor primeiro verá a nossa pregação inteligente, a nossa admirável eloqüência e polida oratória, nem mesmo o hino que viemos oferecer-lhe. Primeiro, ele atentará para nós. Mas, os da Síndrome de Caim sofrem o problema da inveja porque o “ministério do outro cresceu mais do que o meu.” Daí em diante, empresta-se ao propósito do maligno: “Se eu não conseguir destruir o ministério, paro o ministro.” O ministerio de Abel não foi destruído pela morte. Veja o relato bíblico: “pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas oferendas, e por meio dela depois de morto ainda fala” (Hb 11.4). As suas obras continuaram ecoando, mas o ministro foi silenciado.
Em nome da síndrome de Caim, alguns púlpitos têm sido usados para ataques pessoais a desafetos, quando o povo de Deus tem uma necessidade de ser alimentado com o pão que procede de Deus.
Quando estamos à sombra do cajado, não pensamos malignamente, não desejamos frear a marcha de alguém, porque entendemos que somos “cooperadores de Deus” (I Co 3.9) e não “competidores de Deus”.
Estamos sofrendo de amnésia ministerial quando ignoramos o princípio bíblico de que havemos de dar conta das almas sob os nossos desvelos pastorais. Em nome do lucro, da promoção relâmpago, da conveniência, estamos gerando “ministérios camaleões”, sem identidade, sem compromisso e sem fidelidade à pureza do Sagrado Evangelho de Cristo Jesus. Que o bom Mestre nos ajude e nos ensine que, à sombra do cajado, cresceremos segundo o Senhor da seara e produziremos frutos que permanecerão.