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sábado, 21 de setembro de 2013

Orgulho, o grande pecado!

O Grande Pecado por C. S. Lewis



Em se tratando de moral cristã, há uma parte que difere mais nitidamente de todas as demais religiões. É aquela que trata do pecado do qual ninguém neste mundo escapa; um pecado que todos detestam nos outros e do qual quase ninguém, exceto os cristãos, tem a consciência de cometer. Sei de pessoas que admitem ter mau gênio, que sabem que perdem a cabeça em se tratando de mulher ou de bebida e que reconhecem até mesmo que são covardes. Entretanto, acho que nunca ouvi uma pessoa que não fosse cristã se acusar deste pecado.

Ao mesmo tempo, como é difícil encontrar pessoas (não cristãs) que demonstrem um mínimo de benevolência para com os que o cometem! Não há falta que torne a pessoa mais impopular, nem falta de que tenhamos menos consciência em nós mesmos. E quanto mais forte essa falta for em nós mesmos, tanto mais ela nos desagradará nos outros.







O pecado a que me refiro é o orgulho ou presunção; a virtude que lhe é oposta, na moral cristã, chama-se humildade. Ter moralidade sexual, embora importante, não é o centro da moral cristã.

De acordo com os mestres do Cristianismo, o pecado principal, o supremo mal, é o orgulho. A falta de pureza, a ira, a ganância, a embriaguez e tudo o mais, em comparação com ele, são ninharias. Foi pelo orgulho que o demônio tornou-se o demônio. O orgulho conduz a todos os outros pecados: é o mais completo estado de alma anti-Deus.
Por Que o Orgulho é Pior?

Você acha que estou exagerando? Se acha, pense bem no caso. Observei há pouco que quanto mais orgulho se tem, mais este pecado nos desagrada nos outros. De fato, se quisermos descobrir o quanto somos orgulhosos, o método mais fácil é perguntar a nós mesmos: “Quanto me desagrada ver os outros me desprezarem, recusarem-se a me dar qualquer atenção, intrometerem-se em minha vida, tratarem-me com ares paternais ou se exibirem com ostentação?” O problema é que o orgulho de cada um compete com o orgulho de todos os demais. É porque eu queria ser o “destaque” da festa que me aborreço tanto quando um outro é que ficou em proeminência. Dois bicudos não se beijam.

O ponto aqui é que o orgulho é essencialmente competidor; é competidor por sua própria natureza, enquanto que os outros pecados são, por assim dizer, competidores apenas por acaso.

O orgulho não sente prazer em possuir algo, mas apenas em possuir mais do que o próximo.

Dizemos que alguém tem o orgulho de ser rico, ou de ser inteligente ou de ter boa aparência, mas não é assim. A pessoa tem o orgulho de ser mais rica, mais inteligente ou de melhor aparência do que os outros. Se todo o mundo se tornasse igualmente rico, inteligente ou de boa aparência, não haveria nada do que se orgulhar. É a comparação que nos torna orgulhosos: o prazer de estar por cima dos outros. Não havendo o fator competição, o orgulho desaparece.

Esta é a razão pela qual eu disse que o orgulho é essencialmente competidor de uma maneira em que os outros pecados não o são.

O instinto sexual poderá levar dois homens à competição, se ambos desejarem namorar a mesma garota. Mas isso é apenas acidental; poderiam da mesma forma ter desejado duas garotas diferentes. Contudo, o homem orgulhoso procurará tirar a garota do outro, não porque a queira, mas para provar a si mesmo que é melhor do que o outro. A ganância poderá levar à competição se não houver o bastante para todos; mas o orgulhoso, mesmo depois de ter mais do que desejava, tentará conseguir ainda mais simplesmente para afirmar o seu poder. Quase todos os males do mundo atribuídos à ganância ou ao egoísmo são, na verdade, muito mais o resultado do orgulho.

Exemplifiquemos com o caso do dinheiro. A ganância certamente fará com que se deseje dinheiro para ter uma casa melhor, melhores férias, melhores alimentos e bebidas. Mas isso só vai até um certo ponto. O que é que faz um executivo, que já ganha um salário elevado, ficar ansioso por ganhar ainda o dobro? Certamente não é a ganância de maiores prazeres. O que ele ganha dá para comprar todos os bens ou prazeres de que alguém possa usufruir. É o orgulho, o desejo de ser mais rico do que alguém que também é rico, e (mais ainda) o desejo de ter poder. Porque é no poder que o orgulho mais se deleita. Não há nada mais que faça alguém se sentir superior em relação aos demais do que o ser capaz de movê-los como soldadinhos de chumbo.

O que é que faz com que uma bela mulher espalhe tristeza por onde passa, pelo simples fato de despertar admiradores? Não é, certamente, o seu instinto sexual, porque essa espécie de mulher é muitas vezes frígida sexualmente. É o orgulho. O que é que faz um líder político, ou toda uma nação, prosseguir indefinidamente querendo cada vez mais? Outra vez, o orgulho. O orgulho é competidor por natureza; por isso ele não pára nunca. Se eu for orgulhoso, enquanto existir no mundo alguém mais poderoso, ou mais rico, ou mais inteligente do que eu, esse será meu rival e inimigo.

domingo, 5 de maio de 2013

A origem do Dia das Mães

                                   


A mais antiga comemoração dos dias das mães é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.

O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.

Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872 pela escritora Júlia Ward Howe, autora de "O Hino de Batalha da República".

Mas foi outra americana, Ana Jarvis, no Estado da Virgínia Ocidental, que iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Em 1905 Ana, filha de pastores, perdeu sua mãe e entrou em grande depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Ana quis que a festa fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães. A idéia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais.

Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães. A primeira celebração oficial aconteceu somente em 26 de abril de 1910, quando o governador de Virgínia Ocidental, William E. Glasscock, incorporou o Dia das Mães ao calendário de datas comemorativas daquele estado. Rapidamente, outros estados norte-americanos aderiram à comemoração.

Finalmente, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-1921), unificou a celebração em todos os estados, estabelecendo que o Dia Nacional das Mães deveria ser comemorado sempre no segundo domingo de maio. A sugestão foi da própria Anna Jarvis. Em breve tempo, mais de 40 países adotaram a data.

"Não criei o dia das mães para ter lucro"

O sonho foi realizado, mas, ironicamente, o Dia das Mães se tornou uma data triste para Anna Jarvis. A popularidade do feriado fez com que a data se tornasse uma dia lucrativo para os comerciantes, principalmente para os que vendiam cravos brancos, flor que simboliza a maternidade. "Não criei o dia as mães para ter lucro", disse furiosa a um repórter, em 1923. Nesta mesmo ano, ela entrou com um processo para cancelar o Dia das Mães, sem sucesso.

Anna passou praticamente toda a vida lutando para que as pessoas reconhecessem a importância das mães. Na maioria das ocasiões, utilizava o próprio dinheiro para levar a causa a diante. Dizia que as pessoas não agradecem freqüentemente o amor que recebem de suas mães. "O amor de uma mãe é diariamente novo", afirmou certa vez. Anna morreu em 1948, aos 84 anos. Recebeu cartões comemorativos vindos do mundo todos, por anos seguidos, mas nunca chegou a ser mãe.

Cravos: símbolo da maternidade

Durante a primeira missa das mães, Anna enviou 500 cravos brancos, escolhidos por ela, para a igreja de Grafton. Em um telegrama para a congregação, ela declarou que todos deveriam receber a flor. As mães, em memória do dia, deveriam ganhar dois cravos. Para Anna, a brancura do cravo simbolizava pureza, fidelidade, amor, caridade e beleza. Durante os anos, Anna enviou mais de 10 mil cravos para a igreja, com o mesmo propósito. Os cravos passaram, posteriormente, a ser comercializados.

No Brasil

O primeiro Dia das Mães brasileiro foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.




Texto compilado das seguintes fontes

- Pesquisa de Daniela Bertocchi Seawright para o site Terra, 
http://www.terra.com.br/diadasmaes/odia.htm
Fontes / Imagens:
· Norman F. Kendall, Mothers Day, A History of its Founding and its Founder, 1937. 
· Main Street Mom 
· West Virginia Oficial Site

- O Guia dos Curiosos - Marcelo Duarte. Cia da Letras, S.P., 1995.
- Revista Vtrine - artigo - Abril, S.P., 1999

sábado, 9 de março de 2013

A Maldição de Noé, a homossexualidade e a raça negra










Qual foi o pecado de Cam?

Muitas pessoas ignoram a correta interpretação da bênção e maldição de Noé sobre os seus filhos. Na maioria das vezes por desconhecer as línguas originais e pelo fato de usarem o texto bíblico sem refletir corretamente a respeito de seu significado. Muitas distorções surgem dessa eisegese, que força o texto a dizer o que não diz para servir de pretexto e prova para debates contemporâneos. O presente artigo pretende dar uma resposta aos desvios de análise e interpretação dessa passagem, colocada no cenário hodierno para justificar o debate em torno de certa polêmica.

Após as narrativas que estabelecem a aliança de Deus com Noé e seus filhos, segue-se uma tragédia na família de Noé (Gn 9.20-29). Um resumo dos fatos sucedidos facilitará a compreensão da narrativa:

a) Noé se embriagou com o vinho da própria vinha (vs.20,21);

b) Embriagado, apareceu nu dentro de sua própria tenda (v.21);

c) Seu filho Cam e seu neto Canaã viram a nudez de seu pai e dele zombaram (v.22);

d) Sem e Jafé ao tomarem conhecimento do fato, cobrem seu pai Noé, sem contemplar-lhe a nudez (v.23);

e) Noé ao acordar profetiza bênçãos e maldições sobre os seus três filhos baseado nos atos anteriores (vs.24-27).

Tem-se discutido muito acerca do ato de Cam e de seu filho Canaã, algumas das propostas de certos intérpretes vão desde o homossexualismo até a castração.

Certos autores afirmam, sem apresentar qualquer base exegética que sustente suas afirmações, que o pecado pelo qual Canaã foi amaldiçoado foi o homossexualismo.

Outros intérpretes mencionam Levítico 18 acerca dos atos sexuais praticados na terra de Canaã como uma referência de que os descendentes de Canaã continuaram a prática iniciada por seu pai. Pura fantasia! Relações das quais são narradas em Levítico 18.6-18, não era ato apenas dos cananitas e dos egípcios (descendentes de Cam – o Egito era descendente de Mizraim e não de Canaã) quase todas as civilizações do Oriente Próximo praticavam essas aberrações. A expressão “descobrir a nudez” (eufemismo para relações sexuais incestuosas -Lv 18), não deve ser confundida com “ver a nudez” (Gn 9.22), mesmo que, o texto de Gn 9.21, segundo Ellicott, traduz-se por (Noé) “despiu-se a si mesmo”. A expressão pode ser traduzida em sentido passivo, “descobriu-se” (a ação é praticada por Noé). A referência remota está no contexto de Deuteronômio 27.16 e não Levítico 18.6-18.

O termo nudez é usado nesse texto basicamente com o sentido de “estar exposto” e o verbo “ver” deve ser tomado em seu sentido próprio. Assim, a expressão “vendo a nudez do pai”, deve ser entendida em seu sentido óbvio e original, sem qualquer indicação de que existe uma mensagem oculta nas entrelinhas do texto. Cam encontrou seu pai desnudo na tenda, achou graça do episódio, e ridicularizou o pai na presença de seus irmãos.

O hebraico possui pelo menos três termos para nudez, procedente do verbo ‘ûr (estar exposta à vista das pessoas; ser desnudado): ‘erôm (adjetivo, nu; substantivo, nudez); ‘ârôm (nu) ema‘adrom (nu), qualquer um desses termos significa a mesma coisa, exceto quando o uso é figurado para descrever a opressão (Jó 24.7, 10; Is 58.7), ou mesmo a pobreza ou falta de recursos como em Jó 1.21. Um outro sentido é descrever a nudez tanto espiritual quanto física (Gn 3.7, 10,11), e até mesmo de que o sheol está desnudo diante de Deus (Jó 26.6; Sl 139.7), mas jamais o vocábulo é usado como eufemismo para o ato homossexual. O sentido primário é a condição de estar exposto, estar desnudo à vista das pessoas. Uma questão especial é o caso primevo de que Adão e sua esposa estavam nus diante de Deus na condição tanto física quanto espiritual. No sentido espiritual estavam conscientes de sua culpa e incapaz de escondê-la do Criador.

A posição exegética de que o pecado de Cam e Canaã tenha sido contemplar de modo desrespeitoso a nudez do pai, encontra sua confirmação no versículo 25 que atesta que Sem e Jafé, para não recair no mesmo erro: “tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem”. O contexto de Deuteronômio 27.16 reforça simetricamente o conceito expendido: “Maldito quem desonrar o seu pai ou a sua mãe”. Lembremos que na antiga sociedade hebraica, ver a nudez de pai ou mãe era considerado uma calamidade social grave, e um filho ou filha ver tal nudez propositadamente era um lapso sério da moralidade entre pais e filhos. Portanto, Cam errou gravemente, de acordo com os padrões de sua época. E não somente errou pessoalmente, mas também correu até seus irmãos, fazendo do incidente um motivo de zombaria.

Ao contrário de Cam e Canaã, Sem e Jafé evitaram cuidadosamente de incidir no mesmo equívoco de seu irmão e sobrinho (v.23). Ao despertar do sono e recuperar-se da embriaguez, Noé toma conhecimento dos atos de seus filhos, e seguindo a tradição do seu tempo pronuncia maldições e bênçãos segundo o agir de cada um deles.

a) A maldição sobre Canaã

Acredita-se que para que a maldição recaísse sobre Canaã, ele tenha participado de alguma forma do desrespeitoso ato de seu pai Cam. Das 63 ocorrências do termo ārar (maldição) no Antigo Testamento, o verbo ocorre por 12 vezes como antônimo do verbo abençoar (bārak), e um desses casos é o versículo 25 do texto em apreço. Seguindo os conceitos anteriores (Gn 3.14, 17; 4.11), o sentido primário é de que Canaã e sua descendência estariam banidos, cercados de obstáculos e sem forças para resistirem seus inimigos tornando-se escravos dos escravos (ebed ‘abādîm). Devemos notar, contudo, que embora Cam tivesse outros filhos além de Canaã (Cuxe, Mizraim e Pute – Gn 10.6), a maldição foi especificamente para Canaã e seus descendentes, isto é, os cananeus da Palestina, e não Cuxe e Pute, que provavelmente se tornaram os ancestrais dos etíopes e dos povos negros da África. O cumprimento dessa maldição fez-se à época da vitória de Josué (1400 a.C.) e também na conquista da Fenícia e dos demais povos cananeus pelos persas. Por fim, não se trata de uma maldição dirigida aos negros africanos como costuma afirmar certos intérpretes. Os canaanitas foram totalmente extintos segundo a posição de vários biblistas e historiadores.

b) A bênção sobre Sem

Particular atenção deve ser considerada aos textos que tratam da bênção sobre Sem e seu irmão Jafé. O primeiro deles é que para Sem o nome divino usado é YaHWeH El enquanto para Jafé é'Elohîm. Os dois nomes são significativos dentro do contexto da promessa messiânica a Sem. O texto não diz “Bendito seja Sem”, mas “Bendito seja YaHWeH El de Sem”, isto é, “YaHWeH será tanto o Deus quanto a bênção de Sem”. Canaã por sua vez não seria submisso apenas ao Deus de Sem, mas ao próprio irmão. Aos descendentes de Sem seriam confiados a Aliança e o conhecimento do Senhor e através dela sairia o Messias.

c) A bênção sobre Jafé

A bênção do Senhor sobre Jafé está subordinada a de Sem: “habite ele nas tendas de Sem”, o que equivale a dizer que Jafé e Sem teriam relações diplomáticas amigáveis. Todavia, ’Elohîmengrandeceria a Jafé de tal forma que Canaã lhe seria servo (v.27). Além de Canaã receber a sua sentença imprecatória, esta foi reforçada em cada bênção pronunciada a seus irmãos. Os cananitas seriam escravos tanto dos semitas (linhagem judaica) quanto dos jafetitas (povos indo-europeus).

Assim, o pecado de Cam não foi a homossexualidade e a maldição sobre os seus descendentes não foi a cor negra.

Esdras Bentho

terça-feira, 5 de março de 2013

QUAL A DIFERENÇA OU QUEM É MAIOR ENTRE: BISPO, PRESBÍTERO E PASTOR?











Bem, neste domingo (26/06/2011), após a escola bíblica dominical eu estava conversando com diácono Claudio Luís (presidente do corpo diaconal de nossa igreja). Pois estamos tratando nos estudos dominicais o tema AUTORIDADE ESPIRITUAL, e o mesmo me confessou que em sua classe surgiu à pergunta: O bispo é maior que o pastor, que é maior que o presbítero? 
Então resolvi apresentar este singelo estudo sem ter a pretensão de esgotar o assunto, mas sim tirar a dúvida de muitos servos de Deus.
TEOLÓGICAMENTE FALANDO NÃO EXISTE DIFERENÇA ENTRE: BISPO, PRESBÍTERO E PASTOR.
Pastores, bispos e presbíteros não são três ofícios diferentes, e sim três palavras que descrevem aspectos diferentes dos mesmos homens. 
Se na sua igreja há: Um bispo, um pastor e dois presbíteros. Você pode dizer que existem lá (quatro) pastores. Você que esta com dúvida ainda, por um relevante motivo, pois eu não mencionei nenhum texto bíblico para embasar o que estou falando, vamos lá...   
No Novo Testamento, encontramos muitas referências aos presbíteros/ bispos. Descobrimos em Atos 20:17 e 28 que esses dois termos se referem aos mesmos homens (veja, também, 1 Pedro 5:1-2, onde os presbíteros pastoreiam).
Não existe nenhuma base bíblica para usar o termo "bispo" para descrever um cargo, "pastor" para outro e "presbítero" para ainda outro, bispos e presbíteros são os mesmos servos. Lendo o livro de Atos, achamos vários  versículos que mencionam presbíteros: na Judéia (11:30); em cada igreja na Ásia Menor (14:23); em Jerusalém (15:2,4,6,22,23; 16:4); da igreja em Éfeso (20:17,28) e, mais uma vez, em Jerusalém (21:18). As epístolas, também, se referem aos homens que pastoreavam as igrejas: "bispos" em Filipos (Filipenses 1:1); "o presbitério" (1 Timóteo 4:14); "presbíteros que há entre vós" (1 Pedro 5:1; aqui aprendemos que Pedro era presbítero, um dos dois apóstolos assim identificados—veja 2 João 1 e 3 João 1).
O trabalho dos presbíteros inclui várias funções importantes: pastorear (Atos 20:28; 1 Pedro 5:2); ensinar (Efésios 4:11-16; Tito 1:9); ser modelos (1 Pedro 5:3); presidir (1 Timóteo 5:17); vigiar (Atos 20:31); exercendo o presbitério por amor e não por ganância (I Pd. 5:2),velar por almas (Hebreus 13:17); guiar (Hebreus 13:17); cuidar/governar (1 Timóteo 3:5); ser despenseiro de Deus (Tito 1:7); exortar (Tito 1:9); calar os enganadores (Tito 1:9-11); etc.
        Observamos em todos os exemplos bíblicos que as igrejas que tinham presbíteros sempre tinham mais de um. Seja em Jerusalém, Éfeso, Filipos ou outro lugar, sempre fala dos presbíteros no plural. A prática comum nas igrejas de hoje, de ter um só pastor numa congregação, não tem nenhum fundamento bíblico.
        No século I, cada comunidade cristã era governada por um grupo de presbíteros ou bispos, de modo que não havia apenas um obreiro para fazer tudo que um pastor faz nos dias atuais. Apenas no século II o bispo passou a dirigir várias igrejas.
        Você pode esta se perguntando: como surgiu o conceito de bispo com autoridade divina sobre os pastores? Ele evoluiu entre os homens, jamais da verdade eterna de Deus. Encontramos alguns resquícios desse conceito nos escritos da Igreja Primitiva. Irineu, no segundo século cristão, refere-se aos bispos como sucessores dos apóstolos tanto no ensino como na administração das igrejas. Hipólito afirma que somente os bispos tinham autoridade para ordenar pastores. Vemos aqui um passo em direção ao desvio da Bíblia e mais próximo do papado romano.
SERÁ QUE PRECISAMOS DE MAIS TEXTOS BÍBLICOS PARA ENTENDER QUE NÃO EXISTE DIFERENÇA ENTRE OS OFÍCIOS DE PRESBÍTEROS, BISPOS E PASTORES. Querem mais, vamos lá então...
        Observe que a palavra de Deus nos diz “está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros...” Tg. 5:14, porque não diz; chamem os pastores ou bispos?
        (Também nas qualificações para alguém liderar a Igreja de Cristo, só aparece os presbíteros e bispos Filipenses 1:1); "o presbitério" (1 Timóteo 4:14); por que não aparece as qualificações de pastores?
        Em (Tt 1:5-9), Paulo orienta Tito estabelecer de cidade em cidade Presbítero ou Bispo nas igrejas e não pastor.
OBS: Vou te trazer uma revelação bíblica que talvez possa te causar espanto, por você nunca ter ouvido “talvez”. Não existe na bíblia o termo “pastor” como um título eclesiástico. O termo é usado metaforicamente para os títulos de presbíteros e bispos.

O Último livro escrito no N.T, não é (apocalipse) como é o senso comum, mas sim (3 João). E João inicia sua carta, endereçado ao presbítero Gaio. Isso demonstra que até o I século da era cristã, não se utilizava o termo pastor como título eclesiástico.

O termo “pastor”, (Gr. Poimen) como líder espiritual é encontrado poucas vezes no Novo Testamento, e essas poucas vezes só se referem a Jesus e a nenhum outro líder (Jo 10.11). “Eu sou bom pastor...” (1 Pe 5.4). “E, quando aparecer o Sumo pastor...” (Hb 13.20). Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor de ovelhas,...

A metáfora pastoral, terminologia favorita de Jesus para expressar sua relação com o povo era a de pastor e ovelha. É, portanto, natural que os encarregados de cuidar do rebanho do Senhor sejam chamados pastores.

Não é fácil para os habitantes do mundo ocidental compreender a relação íntima que existia entre o pastor palestino e suas ovelhas. Nenhuma palavra poderia expressar melhor o cuidado amoroso e a confiança mútua que deveria existir entre o líder espiritual e suas ovelhas do que a palavra “pastor”.

Resumindo – na Bíblia não há diferença entre presbítero, bispo e pastor. (Todos são os mesmos servos)

Tudo que é novo ao nosso conhecimento, criamos automaticamente uma resistência. Analisem os textos e tirem suas próprias conclusões.

Em Cristo, (pastor, presbítero e bispo)
Edmilson Santos

Títulos Eclesiáticos









Conheci uma pessoa que se alguém o chamasse pelo nome próprio e não incluísse o título “pastor” Fulano ele chegava em casa e, segundo me contou um de seus filhos, brigava com a família. Fui informado de um outro caso em que o cidadão brigou em um congresso porque seu crachá trazia o seu nome e não o título “pastor” Beltrano. Conheço algumas denominações que mesmo sem possuir um único prédio próprio para cultos estão repletas de “arcebispos”, “bispos primazes” e “reverendos”, e assim a lista segue.

Por que isto? Seria um problema psicológico de necessidade de auto-afirmação? Ou seria o pecado do egoísmo e da vaidade mesmo?

Se você ler todo o Novo Testamento notará a absoluta falta de títulos eclesiásticos no primitivo cristianismo, quem os apreciava bem eram os fariseus, será que algo mudou neste sentido?

Embora Jesus seja o próprio Deus encarnado, ele não se servia de títulos, Ele não se apresentava como o “Rabino” Jesus ou o “Mestre” Jesus, embora as pessoas pudessem querer chamá-lo assim, e Ele como pessoa divina que era merecia, Ele mesmo se apresentava por seu nome simplesmente, Ele dizia: “Eu sou Jesus” (At 9:5). Mesmo o nome “Cristo” (Messias), não era um título religioso, era um identificador de sua missão divina e era costume judaico alterar ou acrescentar nomes identificativos a pessoas com profundas experiências espirituais, por exemplo: Simão se tornou Simão Pedro (Mt 4:18).

Também os apóstolos eram chamados por seus nomes e não por títulos, assim vemos: Pedro (At 1:15), Matias (At 1:26), João (At 4:19), Paulo (At 13:16), os demais apóstolos (At 1:13); além deles, Maria (At 1:14), os diáconos (At 6:5), outros ministros de Deus (At 4:36; At 8:5; At 11:28; At 13:1, etc.), todos eram chamados por seus nomes e nenhum deles usavam títulos. Por que isto? Porque a glória deve ser exclusivamente de Deus. Mesmo os legítimos obreiros do Senhor não usavam títulos, faziam como João Batista: “Convém que ele [Jesus] cresça e que eu diminua” (Jo 3:30), assim agiam os pregadores bíblicos.

Por que as pessoas amam tanto os títulos eclesiásticos? Porque eles exaltam a pessoa humana, logo, constituí-se em idolatria pessoal, sendo este, um dos mais primevos pecados do homem (Gn 3:5). Quando alguém chega diante de uma congregação e se apresenta como o “reverendo” (digno de ser reverenciado), há uma óbvia exaltação de um ser humano em relação aos outros que seriam meros “leigos”, o mesmo pode se dizer dos termos padre, pastor e bispo, havendo inclusive o arcebispo (um bispo principal, maior e mais importante).

Tudo isto contrasta com a simplicidade do Evangelho. Nele Jesus ensina aos líderes a servirem e serem humildes e não a se exaltarem sobre o rebanho (Mc 10:43-45) e Pedro proíbe a dominação sobre o rebanho de Deus (1Pe 5:3), além do que, ser pastor é pastorear, é uma função e não um título (1Pe 5:2), portanto, quem ensina em seminário teológico, por exemplo, mas não tem e não cuida de um rebanho congregacional não é, biblicamente, um pastor.

Enquanto muitos buscam a glória própria dos títulos, Paulo entendia o ministério como um serviço sacrificial (1Co 4:9-13), não como um meio de enriquecimento e nem de status social e eclesiástico. Tem gente querendo ser tratado de “my lord” (meu senhor).

Já o verdadeiro e único Senhor, a quem somos convidados a imitar (1Co 11:1; Fp 2:5), não tinha nenhum bem material e nem status social (Is 53; Mt 8:20), não se preocupava com pompas, títulos e honrarias humanas.
Hoje, nós os seguidores de Jesus, somos desafiados a uma escolha simples: Procuraremos enaltecer os nossos nomes e ministérios ou buscaremos, exclusivamente, a glória do nome de Deus? A resposta também é simples: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9:23).

Sandro Sampaio.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Por que a sucessão é um problema na AD?



http://geremiasdocouto.blogspot.com.br/2013/03/por-que-sucessao-e-um-problema-na-ad.html

Por que a sucessão é um problema na AD?



Apego ao poder
  355 (61%)
Desconfiança do sucessor
  22 (3%)
Querem passar para filho ou genro
  138 (24%)
Temem a nova geração
  41 (7%)
Medo de ficarem desamparados
  19 (3%)


A enquete ao lado, já encerrada, traça um quadro sombrio sobre como tem sido a percepção dos membros de nossas igrejas quando o assunto é sucessão pastoral. Embora não tenha rigor científico, como sempre reitero, foram 575 votos das mais diferentes partes do Brasil, o que nos permite fazer uma análise bastante real da situação. Para facilitar, repito aqui os dados:

1) 355 votantes (61%) acham que o problema é o apego ao poder.
2) 138 votantes (24%) acham que é o interesse em passar para o filho ou genro.
3) 41 votantes (7%) acham que está no temor da nova geração.
4) 22 votantes (3%) acham que se trata de desconfiança do sucessor.
5) 19 votantes (3%) acham que é medo de ficarem desamparados.

Creio que os líderes de nossa igreja deveríamos parar um pouco para pensar sobre o tema, pois as nossas atitudes, regra geral, estão tendo diferentes interpretações do rebanho - bastantes desfavoráveis até - que, talvez, possam não refletir o que, de fato, vai em nosso coração, embora, em muitos casos, seja visível a predominância dos dois itens mais votados da enquete: apego ao poder e interesse em passar a titularidade do pastorado para o filho ou genro. É importante que cada um veja em que condição se encontra, sem que isso nos tire o direito de "passar a limpo" esse desafio que tão de perto nos afeta.

No primeiro item não há muito o que discutir. O apego ao poder é danoso ao rebanho e se torna uma porta larga para a prática de tantas irregularidades que - um erro aqui, outro acolá - tornam cauterizada a consciência do líder que assim lidera. Ele só se mantém no cargo pela força do seu autoritarismo ou mediante a forma verticalizada em que a liderança é exercida através daqueles que recebem benesses para sustentá-lo na "cadeira papal". É um "colégio cardinalício" oficioso dentro da igreja. O que importa é construir e manter o império. A conversão dos pecadores é apenas um detalhe. Esquecem-se que a Igreja é de Deus.

No segundo item temos de considerar duas vertentes: a primeira tem a ver com o apego ao poder. O medo de que o comando da igreja caia em mãos de terceiros faz com que logo se prepare o filho ou o genro para comandar o "grande negócio" e, assim, manter tudo dentro de casa. Mas temos de olhar o outro lado da moeda, que pouco foi citado na enquete, e tem a ver com aqueles pastores que se gastam como verdadeiros sacerdotes, mas pouco se preocupam com o futuro. Quando chega a hora de passar o cajado, o medo de ficarem desamparados os leva ao mesmo comportamento: preparar o filho ou o genro para assegurar, pelo menos, uma velhice tranquila.

Creio que os itens três e quatro acabam embutidos nos demais. De qualquer modo, o temor da nova geração sempre existirá. É um conflito permanente que só se acentua se a geração anterior não souber lidar com este processo irreversível, deixando de bem preparar os seus substitutos. A desconfiança do sucessor, por sua vez, pode ocorrer pelas razões há pouco explicitadas. Não é fácil abrir mão do poder se ele lhe traz benefícios, como também é difícil passar o bastão para alguém que, lá na frente, não terá escrúpulos em pisar sobre o antecessor jubilado. Com isso, muitas transições se tornam traumáticas e se não produzem reviravoltas maiores se deve ao fato de o povo assembleiano levar muito a sério a questão do respeito à autoridade.

Entre outras, duas coisas a ponderar:

1) Bom seria se pudéssemos voltar há algumas décadas, onde a permuta de igrejas entre pastores era bastante comum. Parece utópico, mas não custa nada sonhar. Isso traz oxigenação, renova as energias, ameniza o desgaste, apresenta novos desafios e rompe com a possibilidade da eternização do pastor em um só lugar, criando para si um império particular. Cito como modelo apenas dois exemplos. O primeiro, Alcebíades Pereira de Vasconcelos, que começou no Piauí, onde passou por algumas igrejas, foi pastor em São Cristóvão, RJ, Belém, PA, e, por fim, em Manaus, AM, onde foi chamado ao descanso eterno. O outro é o do pastor José Pimentel de Carvalho, que pastoreou em Valença, RJ, foi co-pastor em São Cristóvão, RJ, dirigiu a AD da Penha, no mesmo Estado, e terminou os seus dias no pastorado da AD em Curitiba, PR. No modelo de hoje nenhum deles teria essa oportunidade. Os estatutos das igrejas, geralmente, não permitem.

2) Entendo, por outro lado, que filhos de pastores (ou genros) não devem ser estigmatizados, como se não pudessem, também, ter a vocação pastoral. Esse é outro extremo. É óbvio que nem todos a têm e, por isso mesmo, não podem ser empurrados goela abaixo da igreja. Conheço alguns que levaram o trabalho à ruína. Ministério não é hereditariedade, como no Antigo Testamento. Mas aos que são chamados não lhes podemos negar o direito de se aprimorarem na vocação. Muitas vezes são os que menos querem, pois conhecem as lutas que o pai, como verdadeiro sacerdote, experimenta e não desejam trilhar a mesma senda. Mas quando Deus chama, não há saída. Ou obedecem ou sofrem as consequências. Em casos assim não é preciso forçar a barra porque a igreja percebe o chamado. Em outros, o filho acaba por não ficar na mesma igreja, pois Deus o leva para algum lugar distante para, ali, desenvolver a sua vocação.

Enfim, espero de coração que a enquete nos ajude, como igreja, a refletir sobre o problema da sucessão e a encontrar o equilíbrio necessário para que o rebanho sempre saia fortalecido em momentos de transição. E que tenhamos de Deus o senso de saber a hora de pararmos.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Hipocrisia na igreja














O Pecado da Hipocrisia At 4.32-5.11
Os crentes, movidos por amor cristão, vendiam seus imóveis espontaneamente. Faziam isto para distribuírem a importância apurada conforme a necessidade de cada um. Provavelmente, o dinheiro era trazido aos apóstolos num culto especial como ato de consagração. Barnabé, que era decerto um homem de bens e de influência, vendeu um campo e publicamente depositou seu valor em dinheiro aos pés dos apóstolos. Este ato de consagração despertou a admiração dos crentes. Talvez tenha havido durante aquele culto um derramamento poderoso do Espírito Santo. No meio daquele entusiasmo, Ananias e Safira venderam uma propriedade. Ananias entrou em acordo com sua mulher e reteve parte do preço, depositando o restante aos pés dos apóstolos.
Até ali, tudo havia sido glorioso na vida da igreja. Suas características típicas eram o amor fraternal, a bondade altruísta, a coragem heróica e a real devoção a Cristo. Não era, no entanto, nenhum Milênio espiritual. E satanás, longe de estar amarrado, trabalhava com vigor! Não conseguiu destruir a Igreja através das perseguições vindas de fora. Procurou, então, estragá-la por dentro, seduzindo alguns dos seus membros. Não conseguindo destruir o trigo, semeou seu joio (Mt 13.24-30). Suas primeiras vítimas, aliás indesculpáveis, foram Ananias e Safira. Daquele tempo para cá, a hipocrisia sempre tem seguido a realidade da religião como uma sombra negra.
I - Manifestada a Hipocrisia
Provavelmente os elementos principais do pecado de Ananias e Safira eram:
1. Cobiça. Como no caso de Judas, o amor ao dinheiro foi a raiz do seu pecado, "porque o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males" (1 Tm 6.10). Cobiçavam honra e glória na igreja e ao mesmo tempo o dinheiro. Planejavam um meio termo: dariam parte do dinheiro para obter a glória de terem dado tudo, e ao mesmo tempo, guardariam parte para desfrutar dela em particular.
2. Falta de fé. A falta de fé está por detrás de quase todos os pecados do crente. Ananias pensava, decerto, que valia a pena fazer uma boa contribuição para o glorioso reavivamento espiritual, uma obra contínua e sólida. Mas, o que aconteceria se o movimento chegasse ao fim? Já não haveria "fundo de garantia". Precisava evitar o fanatismo e garantir o dia de amanhã.
3. Desejo de honra. O casal admirava o caráter genero­so de Barnabé. Mas passaram a cobiçar o alto conceito e louvor recebidos por ele, devido seu ato de abnegação. Os dois queriam receber o louvor que se dá aos heróis da fé, porém, sem esforços nem sacrifícios.
4. A hipocrisia. O desejo de parecer virtuoso sem pagar o preço de ser - esta é a essência da hipocrisia. Literalmente, a palavra "hipócrita" originalmente queria dizer "ator". O hipócrita está sempre representando um papel que nada tem a ver com sua verdadeira personalidade. Quando Ananias trouxe o dinheiro, estava encenando uma mentira. Fingia estar contribuindo com a renda total da sua venda.
II - Detectada a Hipocrisia
1. Desmascarado o pecado. O Espírito Santo, habitan­do no meio da Igreja, detecta todo o pecado. Ananias es­colheu um lugar muito perigoso e uma época desfavorável à pratica da hipocrisia. O divino Espírito de pureza, since­ridade e verdade tinha sido derramado em abundância. Portanto, era imediatamente reconhecido o espírito da falsidade e hipocrisia que, em tais circunstâncias, era ainda mais imperdoável. Num ambiente de tanta espiritualidade, havia pessoas dispostas à hipocrisia. O que aconteceria, então, em tempos mais difíceis se não condenassem este pecado? Pedro, mediante o dom do discernimento de espí­ritos, viu o que havia em Ananias. Ele não pertencia àquele ambiente espiritual. Pela inspiração divina, Pedro disse: "Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus". Notamos aqui o seguinte:
2. A origem do pecado. "Por que encheu satanás o teu coração?"Como na situação do cobiçoso Judas, Satanás derramava suas pecaminosas sugestões no coração de Ananias (cf. Jo 13.2). O diabo, no entanto, não pode entrar em nossa vida a não ser mediante permissão nossa. Por isso Pedro indagou: "Por quê?" - "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). Por isso, a responsabilidade do homem permanece: "Por que formaste este desígnio em teu coração?"
3. A falta de desculpas para o pecado. Não havia a obrigação de os crentes venderem suas propriedades e tra­zerem aos apóstolos os montantes apurados. Não fora abo­lido o direito da posse individual de bens. Ananias não teria violado nenhum preceito se tivesse conservado sua propri­edade. O ato de vender era da exclusiva responsabilidade do dono, bem como o ato de entregar aos apóstolos o di­nheiro recebido. Os apóstolos não possuíam autoridade sobre o dinheiro, a não ser quando o recebiam para o fundo de assistência. "Guardando-a não ficava para ti? E, vendi­da, não estava em teu poder? Por que formaste este desíg­nio em teu coração?" Ananias não podia alegar a existên­cia de alguma necessidade urgente, forçando-o a enganar, retendo parte da soma dedicada à igreja.
4. A natureza do pecado. "Não mentiste aos homens, mas a Deus."Provavelmente, imaginava que estivesse lo­grando a Pedro, líder da igreja. Não entendia que o verda­deiro líder da igreja é o Espírito Santo, onisciente, que a tudo perscruta. A Igreja Primitiva se constituía de um gru­po sob a liderança do Espírito Santo (cf. At 8.29,39; 10.19; 13.2; 16.6,7).
III - Castigada a Hipocrisia
"E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou, e um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram".
1. O autor do julgamento. Pedro, como porta-voz do Espírito Santo, denunciou o pecado que lhe fora revelado de modo sobrenatural. O Espírito Santo, doador da vida, confirmando as palavras de Pedro, retirou seu apoio do corpo de Ananias, que expirou.
2. A natureza do julgamento. Pela narrativa, o casti­go parece ter sido apenas a morte física. O que se pode dizer, no entanto, do destino eterno de Ananias e Safira? A Palavra não o declara aqui, mas, outros trechos podem lançar luz sobre o assunto: 1 Co 11.30-32; 5.4,5; 3.15; 1 Jo 5.16,17.
3. A severidade do julgamento. Era severo. No entan­to, devemos considerar que o pecado foi cometido no meio de uma grande luz espiritual. Os dois tinham en­trado em contato com as mais extraordinárias manifes­tações do Espírito Santo. Estavam conscientes da pre­sença de um grande poder sobrenatural no seu meio. Embora Deus nem sempre castigue este pecado de uma forma tão imediata, severa e pública, fez deste casal um exemplo. Demonstrava que não seria tolerável a repetição da hipocrisia dos fariseus no meio dos cristãos. O registro deste incidente deveria ser suficiente para todos os séculos da história da Igreja.
4. O propósito do julgamento. "E houve um grande temor em toda a igreja e em todos os que ouviram estas Coisas". Na tenra infância do Cristianismo, era necessário que toda a corrupção fosse afastada do seu meio. O terrível castigo sobre Ananias e Safira ensinou a todos ser a Igreja uma instituição sagrada. Não seria tolerada a desonestidade em seu meio. Muitos dos que souberam do acontecimento tinham admiração pelo Cristianismo sem ousar se filiar a ele (v. 13). Ninguém, a não ser mediante conversão e trans­formação, iria se ajuntar a uma organização em que os hipócritas caíam mortos.
IV - Ensinamentos Práticos
1. Mentiras encenadas. "Por que é que entre vós vos Concertastes...?" (v. 9) sugere que o pecado não era fruto de algum súbito impulso. Fora premeditado. Pior ainda, o pecado fora "encenado em palco", como uma peça teatral. Fizeram de conta que estavam dando tudo, quando, na realidade, entregavam apenas uma parte. Planejar e deliberadamente dar uma falsa impressão, por atos ou gestos, representa um mal maior do que a mentira falada.
2. Evite que o pecado germine. Tomás Kempis escre­veu: "Em primeiro lugar, chega à mente um simples pen­samento sobre o mal, então chega à mente uma forte im­pressão do mesmo, e, depois, o deleite no mal com o im­pulso de praticá-lo, e finalmente, o consentimento". Estas palavras descrevem o caráter gradual do pecado. Talvez um impulso generoso tenha levado Ananias e Safira a ven­der a propriedade. Ao verem o dinheiro em mãos, porém, é que o tentador conseguiu fazer seus corações encherem-se de ganância. Fazendo-a depois dominar seus pensamen­tos e atos. Ananias e Safira se deixaram encantar por Satanás. Deixaram seu amor a Deus ceder lugar à concupis­cência pelo ouro.
Houve, no entanto, um tempo em que tinham a possibi­lidade de resistir à tentação. E a lição que tiramos é: evite que o pecado germine. O pecado começa com um pensamento. É nesta altura que se trava a batalha decisiva contra o pecado. Devemos nos apegar firmemente à doutrina bí­blica de que o diabo pode ser resistido (Tg 4.7).
3. "Filho da exortação" (ou "da consolação" - a pala­vra grega tem estes dois sentidos também no nome do Consolador). Em alto mar empregam-se dois tipos de fa­róis: um para advertir dos perigos e outro para mostrar o caminho certo. Ananias é farol de advertência; Barnabé, farol de orientação. Contrastam-se os dois tipos de "pleni­tude" em Atos 5.3 e 11.24.
Barnabé, após sua conversão, recebeu o nome de "filho da consolação". Seu novo nome evidenciava seu apoio generoso aos que estavam em dificuldades. Como ficou ilustrado nos casos de Saulo (At 9.26, 27) e de Marcos (At 15.39). Ao entregar seu dinheiro aos apóstolos, dava mais uma prova da sua disposição em dar seu tempo e talentos para ajudar aos irmãos. Utilizando seu dom de pregação, soube expressar em palavras a generosidade do seu cora­ção para exortar e consolar os crentes. Chegando em Antioquia, após o início do despertamento ali, "exortou a todos a que permanecessem no Senhor com propósito do coração. Porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé" (At 11.23,24).
Barnabé deve servir de exemplo para todos nós. Muitas coisas acontecem para levar os outros à derrota e ao desâ­nimo. Precisamos agir e falar em tais circunstâncias para sermos uma consolação e exortação ao nosso próximo.
4. Trigo e palha. Sempre sobra alguma palha no meio do trigo. Mesmo após a debulha mais severa. Mesmo nas melhores igrejas ainda haverá crentes hipócritas e sem consagração. No Estado de Oklahoma, EUA, criaram uma sociedade secreta a fim de combater os ladrões de cavalos. Queriam proteger os cavalos e levar os ladrões à justiça mediante um esforço conjunto. Fracassou. Em pouco tem­po todo ladrão de cavalos daquela região se filiou à soci­edade!
Não se justifica a desculpa dos que não querem ir à igreja dizendo: "Há muitos hipócritas na igreja". A fé cris­tã condena a hipocrisia. Todavia, a presença de crentes espúrios não é motivo para se rejeitar a fé cristã. Como a existência de uma nota falsificada não é motivo para al­guém jogar no lixo todo o dinheiro que recebe.
5. A vida cristã tem suas próprias riquezas. Ananias e Safira eram seres humanos comuns, como todos nós. E eram crentes em Jesus Cristo. Entendemos seu pecado pois, num período de grande fervor espiritual, é possível alguém co­mover-se profundamente sem, contudo, progredir no cami­nho de verdade, retidão, justiça e pureza. Pode ter certeza quanto àquilo que crê, demonstrar zelo em propagar a fé e ainda fracassar quanto à distinção entre o certo e o errado (cf. Hb 5.11-14; 1 Co 3.1-3). Esta falha, nesse tipo de cren­te, torna-se uma pedra de tropeço para os de fora. A ten­tação que surge em muitos convertidos é permitir que as bênçãos transcendentes e gloriosas sejam procuradas mais do que o viver à altura da Palavra de Deus. Desta maneira sentir-se bem fica sendo sinônimo de praticar o bem.
Um membro contava ao seu pastor sobre a viagem marcada para a Terra Santa. Dizia entusiasticamente que, chegando ali, leria os Dez Mandamentos em voz alta, em pé no monte Sinai. "Não, irmão", disse o pregador com sinceridade. "Aceite meu conselho. Não precisa lê-los em voz alta. Fique em casa e guarde-os". O pregador tinha razão. O sentimentalismo não é substituto da justiça. A vida abençoada e santificada formam uma só vida cristã, com grandes riquezas espirituais, "porque esta é a caridade de Deus que guardemos os seus mandamentos..." (1 Jo 5.3).
6. O pecado estraga os melhores sistemas. Na Igreja Primitiva, havia uma esplêndida vida em conjunto. A co­munhão de bens era a expressão de corações inflamados pela comunhão com Deus. Era a demonstração do amor divino que nutriam uns pelos outros. Hoje, o "comunis­mo", nome dado à falsificação feita pelo diabo, finge ter algo a ver com esta vida em comum. Mas é inspirado pelo ódio e não pelo amor. E este ódio é expressado em toda a sua fúria contra tudo quanto é de Deus.
A grande necessidade é a transformação dos corações humanos. Porque é do coração que procedem as coisas que arruínam qualquer sistema de economia. A história bíblica mostra que Israel, pela dureza de coração, não conseguia fazer as leis de Deus atingirem seu alvo.
7. A honestidade é a melhor política. O pecado de Ananias e Safira não é raridade. Dr. W. B. Riley escreveu: "Ouço mais mentiras com respeito às contribuições que as pessoas dão à igreja do que com respeito a qualquer outro assunto de conversação cristã. Comete-se mais fraude com respeito à proporção da renda que está sendo colocada no altar do Senhor do que em qualquer outro assunto na vida da igreja". Pessoas que vivem com duplicidade e falsidade por fim chegam a uma situação impossível. Seria muito mais fácil serem sinceras. Se empreendessem tanto esforço na fidelidade a Deus quanto dedicam a tramar falsidades, seriam exemplos de santidade! A honestidade é a melhor política em todo o nosso relacionamento com Deus e com os homens.


Bibliografia M. Pearlman
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