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sábado, 9 de março de 2013

A Maldição de Noé, a homossexualidade e a raça negra










Qual foi o pecado de Cam?

Muitas pessoas ignoram a correta interpretação da bênção e maldição de Noé sobre os seus filhos. Na maioria das vezes por desconhecer as línguas originais e pelo fato de usarem o texto bíblico sem refletir corretamente a respeito de seu significado. Muitas distorções surgem dessa eisegese, que força o texto a dizer o que não diz para servir de pretexto e prova para debates contemporâneos. O presente artigo pretende dar uma resposta aos desvios de análise e interpretação dessa passagem, colocada no cenário hodierno para justificar o debate em torno de certa polêmica.

Após as narrativas que estabelecem a aliança de Deus com Noé e seus filhos, segue-se uma tragédia na família de Noé (Gn 9.20-29). Um resumo dos fatos sucedidos facilitará a compreensão da narrativa:

a) Noé se embriagou com o vinho da própria vinha (vs.20,21);

b) Embriagado, apareceu nu dentro de sua própria tenda (v.21);

c) Seu filho Cam e seu neto Canaã viram a nudez de seu pai e dele zombaram (v.22);

d) Sem e Jafé ao tomarem conhecimento do fato, cobrem seu pai Noé, sem contemplar-lhe a nudez (v.23);

e) Noé ao acordar profetiza bênçãos e maldições sobre os seus três filhos baseado nos atos anteriores (vs.24-27).

Tem-se discutido muito acerca do ato de Cam e de seu filho Canaã, algumas das propostas de certos intérpretes vão desde o homossexualismo até a castração.

Certos autores afirmam, sem apresentar qualquer base exegética que sustente suas afirmações, que o pecado pelo qual Canaã foi amaldiçoado foi o homossexualismo.

Outros intérpretes mencionam Levítico 18 acerca dos atos sexuais praticados na terra de Canaã como uma referência de que os descendentes de Canaã continuaram a prática iniciada por seu pai. Pura fantasia! Relações das quais são narradas em Levítico 18.6-18, não era ato apenas dos cananitas e dos egípcios (descendentes de Cam – o Egito era descendente de Mizraim e não de Canaã) quase todas as civilizações do Oriente Próximo praticavam essas aberrações. A expressão “descobrir a nudez” (eufemismo para relações sexuais incestuosas -Lv 18), não deve ser confundida com “ver a nudez” (Gn 9.22), mesmo que, o texto de Gn 9.21, segundo Ellicott, traduz-se por (Noé) “despiu-se a si mesmo”. A expressão pode ser traduzida em sentido passivo, “descobriu-se” (a ação é praticada por Noé). A referência remota está no contexto de Deuteronômio 27.16 e não Levítico 18.6-18.

O termo nudez é usado nesse texto basicamente com o sentido de “estar exposto” e o verbo “ver” deve ser tomado em seu sentido próprio. Assim, a expressão “vendo a nudez do pai”, deve ser entendida em seu sentido óbvio e original, sem qualquer indicação de que existe uma mensagem oculta nas entrelinhas do texto. Cam encontrou seu pai desnudo na tenda, achou graça do episódio, e ridicularizou o pai na presença de seus irmãos.

O hebraico possui pelo menos três termos para nudez, procedente do verbo ‘ûr (estar exposta à vista das pessoas; ser desnudado): ‘erôm (adjetivo, nu; substantivo, nudez); ‘ârôm (nu) ema‘adrom (nu), qualquer um desses termos significa a mesma coisa, exceto quando o uso é figurado para descrever a opressão (Jó 24.7, 10; Is 58.7), ou mesmo a pobreza ou falta de recursos como em Jó 1.21. Um outro sentido é descrever a nudez tanto espiritual quanto física (Gn 3.7, 10,11), e até mesmo de que o sheol está desnudo diante de Deus (Jó 26.6; Sl 139.7), mas jamais o vocábulo é usado como eufemismo para o ato homossexual. O sentido primário é a condição de estar exposto, estar desnudo à vista das pessoas. Uma questão especial é o caso primevo de que Adão e sua esposa estavam nus diante de Deus na condição tanto física quanto espiritual. No sentido espiritual estavam conscientes de sua culpa e incapaz de escondê-la do Criador.

A posição exegética de que o pecado de Cam e Canaã tenha sido contemplar de modo desrespeitoso a nudez do pai, encontra sua confirmação no versículo 25 que atesta que Sem e Jafé, para não recair no mesmo erro: “tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem”. O contexto de Deuteronômio 27.16 reforça simetricamente o conceito expendido: “Maldito quem desonrar o seu pai ou a sua mãe”. Lembremos que na antiga sociedade hebraica, ver a nudez de pai ou mãe era considerado uma calamidade social grave, e um filho ou filha ver tal nudez propositadamente era um lapso sério da moralidade entre pais e filhos. Portanto, Cam errou gravemente, de acordo com os padrões de sua época. E não somente errou pessoalmente, mas também correu até seus irmãos, fazendo do incidente um motivo de zombaria.

Ao contrário de Cam e Canaã, Sem e Jafé evitaram cuidadosamente de incidir no mesmo equívoco de seu irmão e sobrinho (v.23). Ao despertar do sono e recuperar-se da embriaguez, Noé toma conhecimento dos atos de seus filhos, e seguindo a tradição do seu tempo pronuncia maldições e bênçãos segundo o agir de cada um deles.

a) A maldição sobre Canaã

Acredita-se que para que a maldição recaísse sobre Canaã, ele tenha participado de alguma forma do desrespeitoso ato de seu pai Cam. Das 63 ocorrências do termo ārar (maldição) no Antigo Testamento, o verbo ocorre por 12 vezes como antônimo do verbo abençoar (bārak), e um desses casos é o versículo 25 do texto em apreço. Seguindo os conceitos anteriores (Gn 3.14, 17; 4.11), o sentido primário é de que Canaã e sua descendência estariam banidos, cercados de obstáculos e sem forças para resistirem seus inimigos tornando-se escravos dos escravos (ebed ‘abādîm). Devemos notar, contudo, que embora Cam tivesse outros filhos além de Canaã (Cuxe, Mizraim e Pute – Gn 10.6), a maldição foi especificamente para Canaã e seus descendentes, isto é, os cananeus da Palestina, e não Cuxe e Pute, que provavelmente se tornaram os ancestrais dos etíopes e dos povos negros da África. O cumprimento dessa maldição fez-se à época da vitória de Josué (1400 a.C.) e também na conquista da Fenícia e dos demais povos cananeus pelos persas. Por fim, não se trata de uma maldição dirigida aos negros africanos como costuma afirmar certos intérpretes. Os canaanitas foram totalmente extintos segundo a posição de vários biblistas e historiadores.

b) A bênção sobre Sem

Particular atenção deve ser considerada aos textos que tratam da bênção sobre Sem e seu irmão Jafé. O primeiro deles é que para Sem o nome divino usado é YaHWeH El enquanto para Jafé é'Elohîm. Os dois nomes são significativos dentro do contexto da promessa messiânica a Sem. O texto não diz “Bendito seja Sem”, mas “Bendito seja YaHWeH El de Sem”, isto é, “YaHWeH será tanto o Deus quanto a bênção de Sem”. Canaã por sua vez não seria submisso apenas ao Deus de Sem, mas ao próprio irmão. Aos descendentes de Sem seriam confiados a Aliança e o conhecimento do Senhor e através dela sairia o Messias.

c) A bênção sobre Jafé

A bênção do Senhor sobre Jafé está subordinada a de Sem: “habite ele nas tendas de Sem”, o que equivale a dizer que Jafé e Sem teriam relações diplomáticas amigáveis. Todavia, ’Elohîmengrandeceria a Jafé de tal forma que Canaã lhe seria servo (v.27). Além de Canaã receber a sua sentença imprecatória, esta foi reforçada em cada bênção pronunciada a seus irmãos. Os cananitas seriam escravos tanto dos semitas (linhagem judaica) quanto dos jafetitas (povos indo-europeus).

Assim, o pecado de Cam não foi a homossexualidade e a maldição sobre os seus descendentes não foi a cor negra.

Esdras Bentho

terça-feira, 5 de março de 2013

QUAL A DIFERENÇA OU QUEM É MAIOR ENTRE: BISPO, PRESBÍTERO E PASTOR?











Bem, neste domingo (26/06/2011), após a escola bíblica dominical eu estava conversando com diácono Claudio Luís (presidente do corpo diaconal de nossa igreja). Pois estamos tratando nos estudos dominicais o tema AUTORIDADE ESPIRITUAL, e o mesmo me confessou que em sua classe surgiu à pergunta: O bispo é maior que o pastor, que é maior que o presbítero? 
Então resolvi apresentar este singelo estudo sem ter a pretensão de esgotar o assunto, mas sim tirar a dúvida de muitos servos de Deus.
TEOLÓGICAMENTE FALANDO NÃO EXISTE DIFERENÇA ENTRE: BISPO, PRESBÍTERO E PASTOR.
Pastores, bispos e presbíteros não são três ofícios diferentes, e sim três palavras que descrevem aspectos diferentes dos mesmos homens. 
Se na sua igreja há: Um bispo, um pastor e dois presbíteros. Você pode dizer que existem lá (quatro) pastores. Você que esta com dúvida ainda, por um relevante motivo, pois eu não mencionei nenhum texto bíblico para embasar o que estou falando, vamos lá...   
No Novo Testamento, encontramos muitas referências aos presbíteros/ bispos. Descobrimos em Atos 20:17 e 28 que esses dois termos se referem aos mesmos homens (veja, também, 1 Pedro 5:1-2, onde os presbíteros pastoreiam).
Não existe nenhuma base bíblica para usar o termo "bispo" para descrever um cargo, "pastor" para outro e "presbítero" para ainda outro, bispos e presbíteros são os mesmos servos. Lendo o livro de Atos, achamos vários  versículos que mencionam presbíteros: na Judéia (11:30); em cada igreja na Ásia Menor (14:23); em Jerusalém (15:2,4,6,22,23; 16:4); da igreja em Éfeso (20:17,28) e, mais uma vez, em Jerusalém (21:18). As epístolas, também, se referem aos homens que pastoreavam as igrejas: "bispos" em Filipos (Filipenses 1:1); "o presbitério" (1 Timóteo 4:14); "presbíteros que há entre vós" (1 Pedro 5:1; aqui aprendemos que Pedro era presbítero, um dos dois apóstolos assim identificados—veja 2 João 1 e 3 João 1).
O trabalho dos presbíteros inclui várias funções importantes: pastorear (Atos 20:28; 1 Pedro 5:2); ensinar (Efésios 4:11-16; Tito 1:9); ser modelos (1 Pedro 5:3); presidir (1 Timóteo 5:17); vigiar (Atos 20:31); exercendo o presbitério por amor e não por ganância (I Pd. 5:2),velar por almas (Hebreus 13:17); guiar (Hebreus 13:17); cuidar/governar (1 Timóteo 3:5); ser despenseiro de Deus (Tito 1:7); exortar (Tito 1:9); calar os enganadores (Tito 1:9-11); etc.
        Observamos em todos os exemplos bíblicos que as igrejas que tinham presbíteros sempre tinham mais de um. Seja em Jerusalém, Éfeso, Filipos ou outro lugar, sempre fala dos presbíteros no plural. A prática comum nas igrejas de hoje, de ter um só pastor numa congregação, não tem nenhum fundamento bíblico.
        No século I, cada comunidade cristã era governada por um grupo de presbíteros ou bispos, de modo que não havia apenas um obreiro para fazer tudo que um pastor faz nos dias atuais. Apenas no século II o bispo passou a dirigir várias igrejas.
        Você pode esta se perguntando: como surgiu o conceito de bispo com autoridade divina sobre os pastores? Ele evoluiu entre os homens, jamais da verdade eterna de Deus. Encontramos alguns resquícios desse conceito nos escritos da Igreja Primitiva. Irineu, no segundo século cristão, refere-se aos bispos como sucessores dos apóstolos tanto no ensino como na administração das igrejas. Hipólito afirma que somente os bispos tinham autoridade para ordenar pastores. Vemos aqui um passo em direção ao desvio da Bíblia e mais próximo do papado romano.
SERÁ QUE PRECISAMOS DE MAIS TEXTOS BÍBLICOS PARA ENTENDER QUE NÃO EXISTE DIFERENÇA ENTRE OS OFÍCIOS DE PRESBÍTEROS, BISPOS E PASTORES. Querem mais, vamos lá então...
        Observe que a palavra de Deus nos diz “está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros...” Tg. 5:14, porque não diz; chamem os pastores ou bispos?
        (Também nas qualificações para alguém liderar a Igreja de Cristo, só aparece os presbíteros e bispos Filipenses 1:1); "o presbitério" (1 Timóteo 4:14); por que não aparece as qualificações de pastores?
        Em (Tt 1:5-9), Paulo orienta Tito estabelecer de cidade em cidade Presbítero ou Bispo nas igrejas e não pastor.
OBS: Vou te trazer uma revelação bíblica que talvez possa te causar espanto, por você nunca ter ouvido “talvez”. Não existe na bíblia o termo “pastor” como um título eclesiástico. O termo é usado metaforicamente para os títulos de presbíteros e bispos.

O Último livro escrito no N.T, não é (apocalipse) como é o senso comum, mas sim (3 João). E João inicia sua carta, endereçado ao presbítero Gaio. Isso demonstra que até o I século da era cristã, não se utilizava o termo pastor como título eclesiástico.

O termo “pastor”, (Gr. Poimen) como líder espiritual é encontrado poucas vezes no Novo Testamento, e essas poucas vezes só se referem a Jesus e a nenhum outro líder (Jo 10.11). “Eu sou bom pastor...” (1 Pe 5.4). “E, quando aparecer o Sumo pastor...” (Hb 13.20). Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor de ovelhas,...

A metáfora pastoral, terminologia favorita de Jesus para expressar sua relação com o povo era a de pastor e ovelha. É, portanto, natural que os encarregados de cuidar do rebanho do Senhor sejam chamados pastores.

Não é fácil para os habitantes do mundo ocidental compreender a relação íntima que existia entre o pastor palestino e suas ovelhas. Nenhuma palavra poderia expressar melhor o cuidado amoroso e a confiança mútua que deveria existir entre o líder espiritual e suas ovelhas do que a palavra “pastor”.

Resumindo – na Bíblia não há diferença entre presbítero, bispo e pastor. (Todos são os mesmos servos)

Tudo que é novo ao nosso conhecimento, criamos automaticamente uma resistência. Analisem os textos e tirem suas próprias conclusões.

Em Cristo, (pastor, presbítero e bispo)
Edmilson Santos

Títulos Eclesiáticos









Conheci uma pessoa que se alguém o chamasse pelo nome próprio e não incluísse o título “pastor” Fulano ele chegava em casa e, segundo me contou um de seus filhos, brigava com a família. Fui informado de um outro caso em que o cidadão brigou em um congresso porque seu crachá trazia o seu nome e não o título “pastor” Beltrano. Conheço algumas denominações que mesmo sem possuir um único prédio próprio para cultos estão repletas de “arcebispos”, “bispos primazes” e “reverendos”, e assim a lista segue.

Por que isto? Seria um problema psicológico de necessidade de auto-afirmação? Ou seria o pecado do egoísmo e da vaidade mesmo?

Se você ler todo o Novo Testamento notará a absoluta falta de títulos eclesiásticos no primitivo cristianismo, quem os apreciava bem eram os fariseus, será que algo mudou neste sentido?

Embora Jesus seja o próprio Deus encarnado, ele não se servia de títulos, Ele não se apresentava como o “Rabino” Jesus ou o “Mestre” Jesus, embora as pessoas pudessem querer chamá-lo assim, e Ele como pessoa divina que era merecia, Ele mesmo se apresentava por seu nome simplesmente, Ele dizia: “Eu sou Jesus” (At 9:5). Mesmo o nome “Cristo” (Messias), não era um título religioso, era um identificador de sua missão divina e era costume judaico alterar ou acrescentar nomes identificativos a pessoas com profundas experiências espirituais, por exemplo: Simão se tornou Simão Pedro (Mt 4:18).

Também os apóstolos eram chamados por seus nomes e não por títulos, assim vemos: Pedro (At 1:15), Matias (At 1:26), João (At 4:19), Paulo (At 13:16), os demais apóstolos (At 1:13); além deles, Maria (At 1:14), os diáconos (At 6:5), outros ministros de Deus (At 4:36; At 8:5; At 11:28; At 13:1, etc.), todos eram chamados por seus nomes e nenhum deles usavam títulos. Por que isto? Porque a glória deve ser exclusivamente de Deus. Mesmo os legítimos obreiros do Senhor não usavam títulos, faziam como João Batista: “Convém que ele [Jesus] cresça e que eu diminua” (Jo 3:30), assim agiam os pregadores bíblicos.

Por que as pessoas amam tanto os títulos eclesiásticos? Porque eles exaltam a pessoa humana, logo, constituí-se em idolatria pessoal, sendo este, um dos mais primevos pecados do homem (Gn 3:5). Quando alguém chega diante de uma congregação e se apresenta como o “reverendo” (digno de ser reverenciado), há uma óbvia exaltação de um ser humano em relação aos outros que seriam meros “leigos”, o mesmo pode se dizer dos termos padre, pastor e bispo, havendo inclusive o arcebispo (um bispo principal, maior e mais importante).

Tudo isto contrasta com a simplicidade do Evangelho. Nele Jesus ensina aos líderes a servirem e serem humildes e não a se exaltarem sobre o rebanho (Mc 10:43-45) e Pedro proíbe a dominação sobre o rebanho de Deus (1Pe 5:3), além do que, ser pastor é pastorear, é uma função e não um título (1Pe 5:2), portanto, quem ensina em seminário teológico, por exemplo, mas não tem e não cuida de um rebanho congregacional não é, biblicamente, um pastor.

Enquanto muitos buscam a glória própria dos títulos, Paulo entendia o ministério como um serviço sacrificial (1Co 4:9-13), não como um meio de enriquecimento e nem de status social e eclesiástico. Tem gente querendo ser tratado de “my lord” (meu senhor).

Já o verdadeiro e único Senhor, a quem somos convidados a imitar (1Co 11:1; Fp 2:5), não tinha nenhum bem material e nem status social (Is 53; Mt 8:20), não se preocupava com pompas, títulos e honrarias humanas.
Hoje, nós os seguidores de Jesus, somos desafiados a uma escolha simples: Procuraremos enaltecer os nossos nomes e ministérios ou buscaremos, exclusivamente, a glória do nome de Deus? A resposta também é simples: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9:23).

Sandro Sampaio.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Por que a sucessão é um problema na AD?



http://geremiasdocouto.blogspot.com.br/2013/03/por-que-sucessao-e-um-problema-na-ad.html

Por que a sucessão é um problema na AD?



Apego ao poder
  355 (61%)
Desconfiança do sucessor
  22 (3%)
Querem passar para filho ou genro
  138 (24%)
Temem a nova geração
  41 (7%)
Medo de ficarem desamparados
  19 (3%)


A enquete ao lado, já encerrada, traça um quadro sombrio sobre como tem sido a percepção dos membros de nossas igrejas quando o assunto é sucessão pastoral. Embora não tenha rigor científico, como sempre reitero, foram 575 votos das mais diferentes partes do Brasil, o que nos permite fazer uma análise bastante real da situação. Para facilitar, repito aqui os dados:

1) 355 votantes (61%) acham que o problema é o apego ao poder.
2) 138 votantes (24%) acham que é o interesse em passar para o filho ou genro.
3) 41 votantes (7%) acham que está no temor da nova geração.
4) 22 votantes (3%) acham que se trata de desconfiança do sucessor.
5) 19 votantes (3%) acham que é medo de ficarem desamparados.

Creio que os líderes de nossa igreja deveríamos parar um pouco para pensar sobre o tema, pois as nossas atitudes, regra geral, estão tendo diferentes interpretações do rebanho - bastantes desfavoráveis até - que, talvez, possam não refletir o que, de fato, vai em nosso coração, embora, em muitos casos, seja visível a predominância dos dois itens mais votados da enquete: apego ao poder e interesse em passar a titularidade do pastorado para o filho ou genro. É importante que cada um veja em que condição se encontra, sem que isso nos tire o direito de "passar a limpo" esse desafio que tão de perto nos afeta.

No primeiro item não há muito o que discutir. O apego ao poder é danoso ao rebanho e se torna uma porta larga para a prática de tantas irregularidades que - um erro aqui, outro acolá - tornam cauterizada a consciência do líder que assim lidera. Ele só se mantém no cargo pela força do seu autoritarismo ou mediante a forma verticalizada em que a liderança é exercida através daqueles que recebem benesses para sustentá-lo na "cadeira papal". É um "colégio cardinalício" oficioso dentro da igreja. O que importa é construir e manter o império. A conversão dos pecadores é apenas um detalhe. Esquecem-se que a Igreja é de Deus.

No segundo item temos de considerar duas vertentes: a primeira tem a ver com o apego ao poder. O medo de que o comando da igreja caia em mãos de terceiros faz com que logo se prepare o filho ou o genro para comandar o "grande negócio" e, assim, manter tudo dentro de casa. Mas temos de olhar o outro lado da moeda, que pouco foi citado na enquete, e tem a ver com aqueles pastores que se gastam como verdadeiros sacerdotes, mas pouco se preocupam com o futuro. Quando chega a hora de passar o cajado, o medo de ficarem desamparados os leva ao mesmo comportamento: preparar o filho ou o genro para assegurar, pelo menos, uma velhice tranquila.

Creio que os itens três e quatro acabam embutidos nos demais. De qualquer modo, o temor da nova geração sempre existirá. É um conflito permanente que só se acentua se a geração anterior não souber lidar com este processo irreversível, deixando de bem preparar os seus substitutos. A desconfiança do sucessor, por sua vez, pode ocorrer pelas razões há pouco explicitadas. Não é fácil abrir mão do poder se ele lhe traz benefícios, como também é difícil passar o bastão para alguém que, lá na frente, não terá escrúpulos em pisar sobre o antecessor jubilado. Com isso, muitas transições se tornam traumáticas e se não produzem reviravoltas maiores se deve ao fato de o povo assembleiano levar muito a sério a questão do respeito à autoridade.

Entre outras, duas coisas a ponderar:

1) Bom seria se pudéssemos voltar há algumas décadas, onde a permuta de igrejas entre pastores era bastante comum. Parece utópico, mas não custa nada sonhar. Isso traz oxigenação, renova as energias, ameniza o desgaste, apresenta novos desafios e rompe com a possibilidade da eternização do pastor em um só lugar, criando para si um império particular. Cito como modelo apenas dois exemplos. O primeiro, Alcebíades Pereira de Vasconcelos, que começou no Piauí, onde passou por algumas igrejas, foi pastor em São Cristóvão, RJ, Belém, PA, e, por fim, em Manaus, AM, onde foi chamado ao descanso eterno. O outro é o do pastor José Pimentel de Carvalho, que pastoreou em Valença, RJ, foi co-pastor em São Cristóvão, RJ, dirigiu a AD da Penha, no mesmo Estado, e terminou os seus dias no pastorado da AD em Curitiba, PR. No modelo de hoje nenhum deles teria essa oportunidade. Os estatutos das igrejas, geralmente, não permitem.

2) Entendo, por outro lado, que filhos de pastores (ou genros) não devem ser estigmatizados, como se não pudessem, também, ter a vocação pastoral. Esse é outro extremo. É óbvio que nem todos a têm e, por isso mesmo, não podem ser empurrados goela abaixo da igreja. Conheço alguns que levaram o trabalho à ruína. Ministério não é hereditariedade, como no Antigo Testamento. Mas aos que são chamados não lhes podemos negar o direito de se aprimorarem na vocação. Muitas vezes são os que menos querem, pois conhecem as lutas que o pai, como verdadeiro sacerdote, experimenta e não desejam trilhar a mesma senda. Mas quando Deus chama, não há saída. Ou obedecem ou sofrem as consequências. Em casos assim não é preciso forçar a barra porque a igreja percebe o chamado. Em outros, o filho acaba por não ficar na mesma igreja, pois Deus o leva para algum lugar distante para, ali, desenvolver a sua vocação.

Enfim, espero de coração que a enquete nos ajude, como igreja, a refletir sobre o problema da sucessão e a encontrar o equilíbrio necessário para que o rebanho sempre saia fortalecido em momentos de transição. E que tenhamos de Deus o senso de saber a hora de pararmos.