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quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Vida do Novo Convertido - Caramuru Afonso Francisco
Publicado em 13 de Julho de 2011 as 03:18:30 PM Comente
O novo convertido deve ser nutrido, educado e integrado ao reino de Deus.

INTRODUÇÃO

- Na sequência do estudo da doutrina do reino de Deus, estudaremos hoje como deve ser tratado o novo convertido.

- Assim como ocorre na vida secular com as crianças, o novo convertido também deve ser inserido no reino de Deus pela Igreja.

I - O NOVO CONVERTIDO PRECISA SER NUTRIDO

- Após termos visto o que é o reino de Deus e qual a sua mensagem, passaremos ao segundo bloco de nosso trimestre, que nos mostra a manifestação do reino de Deus através de vários aspectos.

- Como já temos visto, o reino de Deus não tem aparência exterior(Lc.17:20), o que não significa que não seja perceptível, já que, como também disse Nosso Senhor, de grão de mostarda se torna a maior das hortaliças (Mc.13:31,32).

- Diante disto, passaremos, a partir de agora, a ver diversas manifestações do reino de Deus, a fim de que saibamos como ele se apresenta, já que, como também disse o Senhor Jesus, o reino de Deus está entre nós (Lc.17:21).

- Uma das manifestações do reino de Deus se dá através da vida do novo convertido. Com efeito, quando alguém é salvo pela fé em Cristo Jesus, tornando-se uma nova criatura, isto é percebido por todos os que se encontram à sua volta, já que este novo convertido passa da morte para a vida (Jo.5:24), das trevas para a luz (Jo.3:21; At.26:18; I Pe.2:9).

- Jesus, em seu Seu diálogo com Nicodemos, afirmou que para se ver o reino de Deus é necessário “nascer de novo” (Jo.3:3). Ora, como ensina o apóstolo Paulo, somente se consegue ver o reino de Deus quando, pela fé em Cristo Jesus, se consegue superar a cegueira espiritual imposta pelo diabo a todos quantos não alcançaram ainda a salvação (II Co.4:3,4).

- Portanto, o “novo nascimento” está relacionado com a fé em Cristo Jesus, vinda pelo ouvir pela Palavra de Deus(Rm.10:17) e fruto da operação do Espírito Santo que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), motivo por que o próprio Jesus, no diálogo já aludido, disse que este nascimento é um nascimento do Espírito (Jo.3:6,8).

- Ao fazer a analogia entre a salvação e o nascimento, o Senhor Jesus nos mostra, com absoluta clareza, que o novo convertido, ou seja, aquele que, por crer em Jesus, alcança a salvação da sua alma, é, num primeiro momento, um recém-nascido, um neonato e que, portanto, deve assim ser tratado por todos aqueles que pertencem à Igreja, a esta nação santa que saiu das trevas para a maravilhosa luz do Senhor e que, por causa disto, deve anunciar as virtudes de seu Salvador (I Pe.2:9).

- Todos os salvos, portanto, devem estar atentos para esta realidade dita pelo Senhor Jesus a respeito do novo convertido: ele é um recém-nascido e, como tal, precisa, a exemplo do que ocorre na vida biológica humana, de todos os cuidados para que venha a ter condições de viver sozinho.Como diziam os antigos, nascida uma criança é necessário que se tomem todas as providências para que ela possa “vingar”, ou seja, tenha condições de sobreviver por conta própria, o que não ocorre de imediato.

- Esta realidade espiritual não é entendida por muitos lamentavelmente. Não são poucos os que, diante de uma conversão, começam a exigir do novo convertido um comportamento maduro, uma vida completamente mudada, de uma hora para outra, sob o argumento de que a salvação é instantânea, de que, quando somos salvos, passamos da morte para a vida, das trevas para a luz.

- Não resta dúvida de que a salvação é radical, pois, diz-nos a Bíblia Sagrada, que, ao sermos salvos, há uma transformação total em nosso ser, pois de mortos passamos a vivos, de filhos das trevas a filhos da luz, de filhos do diabo a filhos de Deus. As Escrituras são claras ao dizer que, com a salvação, somos “novas criaturas”, onde as coisas velhas passam e tudo se faz novo (II Co.5:17).

- No entanto, esta “nova criatura” que surge no exato momento em que somos salvos, este “novo homem” que somente surge quando o homem velho morre, a exemplo do ocorre com o grão de trigo (Jo.12:24), não surge como uma criatura madura, já inteiramente formada, que pode sobreviver por si só.

- Quando vemos a própria analogia da semente, empregada mais de uma vez pelo Senhor Jesus, sabemos que é necessário que o grão morra para que surja uma nova planta, um novo ser, mas este novo ser, ainda que novo, não aparece já totalmente formado e em condições de também frutificar. Não, senhores! O novo ser, surgido com a germinação, é, ainda, um pequenino ser, que precisa se desenvolver até chegar a ser uma planta completa e madura, capaz de, ela também, produzir novas sementes que tenham a capacidade de gerar novos seres.

- De igual maneira, o recém-nascido, quando sua mãe lhe dá a luz, é um novo ser (já o era desde o momento da fecundação), mas não tem condições de sobreviver por conta própria enquanto não se desenvolver, enquanto não se formar, seja sob o aspecto biológico, seja sob o aspecto moral, seja sob o aspecto espiritual.

- Por isso, labora em grave equívoco todo aquele que desconsiderar este processo de desenvolvimento espiritual. A salvação vem com o novo nascimento mas, entre o novo nascimento e a maturidade espiritual, a capacidade de sobreviver espiritualmente por conta própria (falamos em termos humanos, pois sempre dependeremos do Senhor Jesus para prosseguirmos até a entrada no reino de Deus - Jo.15:5 “in fine”), há um período, período este que não é mensurável em dias, meses e anos, visto que se trata de uma realidade espiritual, razão pela qual devemos ter esta consciência para que, com amor, nós, os que já estamos amadurecidos espiritualmente, não sirvamos de escândalo e venhamos a ocasionar o tropeço na fé daqueles que nasceram de novo e, vendo o reino de Deus, precisam aprender a caminhar em direção a ele (Rm.14).

- O novo convertido, a exemplo do recém-nascido, precisa ser cuidado e acompanhado em seu desenvolvimento e tal cuidado deve ser feito, por primeiro, por aqueles que foram participantes na salvação daquela vida, os chamados “pais na fé”.Vemos a consciência desta responsabilidade no apóstolo Paulo, que se considerava o “pai na fé” de Timóteo (I Tm.1:2; II Tm.1:2; 2:1).

- Nem sempre o “pai na fé” é aquele que pregou o Evangelho para o novo convertido. Paulo, pelo que se deduz dos seus próprios escritos, não foi o primeiro a falar das sagradas letras a Timóteo, que fora evangelizado por sua avó e por sua mãe (II Tm.1:5; 3:15), tanto que, quando Paulo o convida para fazer parte de seu corpo de cooperadores, Timóteo já tinha bom testemunho ante os irmãos que estavam em Listra e Icônio (At.16:1,2).

- Entretanto, guiado pelo Espírito Santo, Paulo sentiu de “adotar” aquele “filho na fé”, assumindo a responsabilidade de orientar e cuidar desta alma, responsabilidade esta que pôs em alta conta, a ponto de, pouco antes de sua morte, ter ainda escrito as últimas instruções a este seu “filho” (II Timóteo é a última carta escrita pelo apóstolo).

- Como filhos de Deus, nós, os salvos, temos de estar prontos a assumir a responsabilidade de termos “filhos na fé”, que, acima de tudo, são nossos irmãos, comprados com o precioso sangue de Jesus vertido na cruz do Calvário (I Pe.1:18,19), sabendo, também, que cada novo convertido vale mais do que o mundo inteiro (Sl.49:7,8).

- O “pai na fé” não é um “senhor” em relação ao “filho”, pois, tendo sido comprados por bom preço, os salvos não podem se fazer servos dos homens (I Co.7:23), mas, a exemplo de José, que não era o pai biológico de Jesus mas assumiu integralmente a responsabilidade de criá-lo e educá-lo, assim também temos de assumir, diante de Deus, sem temor, a responsabilidade de criar e educar aqueles novos convertidos que Ele nos põe em nossos caminhos.

- Além dos “pais na fé”, também são responsáveis pelo desenvolvimento do novo convertido aqueles que o Senhor põe à frente do rebanho, os pastores,que devem ter a mesma consciência que o apóstolo Paulo tinha em relação aos gálatas. Paulo dizia que os crentes da Galácia eram seus filhinhos, pelos quais ele sentia dores de parto até que Cristo fosse neles formado (Gl.4:19).

- Em outra passagem, desta vez em carta à igreja em Corinto, Paulo dizia que se sentia oprimido interiormente cada dia pelo cuidado de todas as igrejas (II Co.11:28), a indicar o peso da responsabilidade que estava sobre seus ombros com relação ao desenvolvimento espiritual dos crentes das igrejas que havia fundado, responsabilidade ainda maior com relação aos novos convertidos, que não podem andar por si sós na jornada espiritual.

- Esta mesma responsabilidade é lembrada por Paulo a Timóteo, seja como requisito para a separação de pastores (I Tm.3:5), seja para o próprio Timóteo, que é advertido a cuidar de cada segmento da igreja (I Tm.5:1-3, 21, 22; II Tm.2:10,24).

- De igual forma, o apóstolo Pedro, também, lembra aos pastores que eles devem apascentar o rebanho de Deus não como tendo domínio sobre ele, mas dando o exemplo (I Pe.5:3), o que é ainda mais necessário com relação ao novo convertido, que, como criança espiritual, aprende sobretudo pelo exemplo dado pelos mais maduros.

- Mas não são apenas os “pais na fé” e os pastores que têm de cuidar do novo convertido, mas cada crente deve fazê-lo. Por primeiro, porque os salvos devem ensinar uns aos outros (Cl.3:16) e isto, naturalmente, faz com que cada salvo maduro seja um ensinador dos novos convertidos.

- Por segundo, porque, como irmãos, devemos amar uns aos outros (Jo.15:12,17: Ts.4:9) e este amor não é apenas de palavras, mas de ações concretas, de atitudes (I Jo.3:18) e quem ama a seu irmão está na luz e nele não há escândalo (I Jo.2:10), ou seja, cada salvo precisa ter uma vida sincera e reta diante de Deus para não causar tropeço ao novo convertido e ao fraco na fé, residindo aí o seu cuidado para com o neoconverso.

- Visto que o novo convertido, como recém-nascido espiritual que é, precisa ser cuidado tanto pelo “pai na fé”, quanto pelo pastor como por todo crente, que cuidados são estes?

- A analogia feita por Jesus prossegue. O novo ser, assim que fecundado no ventre materno, precisa, para ter condições de sobreviver, de alimentação, de nutrição. Tanto assim é que o principal órgão durante todo o período de gestação é o cordão umbilical, que é responsável pela nutrição do novo ser, levando o sangue da placenta até o feto.

- O novo convertido é gerado pela Palavra de Deus, que, como um cordão umbilical, leva a vida até o pecador, através do perdão dos pecados pelo sangue de Cristo Jesus (I Pe.1:3,4,23). É a terra em que cai a semente da Palavra e que não foi arrebatada pelo maligno e que, por conseguinte, pôde germinar e dar surgimento a um novo ser espiritual (Mt.13:5-8).

- No entanto, assim que nasce, o cordão umbilical do recém-nascido é cortado e tem ele de ser alimentado doravante com o leite materno, indispensável para que possa sobreviver e tenha condições de se desenvolver e ser capaz de ter outro tipo de alimentação.

- De igual maneira, o novo convertido, assim que nascido, precisa ser alimentado com o “leite racional”(I Co.3:2; Hb.5:12,13; I Pe.2:2). Que é este “leite”? A própria Bíblia Sagrada nos responde: os primeiros rudimentos das palavras de Deus.

- O primeiro cuidado que temos de ter com o novo convertido é o da sua nutrição, o de sua alimentação. Ora, o alimento espiritual do salvo é a Palavra de Deus (Mt.4:4) e o novo convertido, como todo salvo, precisa se alimentar da Palavra, mas, como é um recém-nascido, tem de ser alimentado com o “leite racional”, com os “primeiros rudimentos das palavras de Deus”.

- Jesus, ao deixar a grande comissão aos Seus discípulos, disse que eles deveriam ir por todo o mundo, pregando o Evangelho a toda criatura (Mc.16:15), este “pregar” é complementado pelo “ensinar”, “ensinar” este que o Mestre por excelência (Mt.23:8) determinou fosse feito em dois estágios: “ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt.28:19, 20a).

- Percebe-se, claramente, que o Senhor fala em ensino duas vezes: a primeira, o “ensino a todas as nações” (em algumas versões, consta “fazer discípulos”, ou seja, preparar “alunos” de Jesus), antes do batismo nas águas e, depois, o ensino aos discípulos já formados, para que guardem os ensinos de Jesus.

- É exatamente o que fala o escritor aos hebreus, que distingue dois tipos de alimento espiritual: o leite e o sólido mantimento (Hb.5:12). Isto nos leva, então, à realidade de que o novo convertido precisa ter uma alimentação especial da Palavra, o “leite”, que nada mais é que o discipulado cristão.

- Para cumprir a tarefa do ensino da Palavra, é preciso, em primeiro lugar, que a Igreja se veja dotada de homens e mulheres preparados para ensinar. Na igreja de Antioquia, Barnabé, ao notar a salvação daqueles crentes, imediatamente viajou para Tarso, para trazer a Paulo, pessoa que ele sabia ser preparada e capaz de ensinar aqueles novos convertidos (At.11:25,26).

- Para se fazer o discipulado, é indispensável que demos o devido valor à Palavra de Deus, Palavra que o próprio Deus engrandeceu a tal ponto de a pôr acima de Si mesmo (Sl.138:2). Sem esta atitude, de nada adiantará desenvolver “cursos teológicos”, “cursos bíblicos”, “cursos de preparação de obreiros” e tantas outras coisas que têm sido inventadas e postas em prática na atualidade. Se as pessoas não se conscientizarem de que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus (Mt.4:4), um discipulado não terá êxito em qualquer igreja local. Foi isto que os apóstolos sempre fizeram, a ponto de terem arrogado para si esta tarefa e tê-la posto como prioridade absoluta em seus ministérios (At.5:42; 6:2).

- - Por isso, deve partir dos dirigentes da igreja local a tarefa do discipulado. Como pastores (e falamos aqui de função, de dom ministerial e não de título), são necessariamente mestres, ensinadores da Palavra, pois nem todo mestre é pastor, mas todo pastor é mestre, tanto que a expressão bíblica, quanto relaciona os dons ministeriais, é “pastores e mestres” (Ef.4:11). Assim sendo, se alguém está a apascentar o rebanho de Deus, deve ensinar a Palavra e fazê-lo com prioridade. Por isso, até, é este um dos requisitos para a seleção ao ministério pastoral (II Tm.3:2).

OBS: A propósito, é um dos grandes fatores que nos levou ao atual estado catastrófico em termos de ensino da Palavra a falta de observância do requisito da aptidão para ensinar na separação e consagração de obreiros na atualidade pelos ministérios, convenções e denominações.

- O dirigente da igreja local deve ser o primeiro a ter prazer em ensinar e a se esmerar no ensino da Palavra.Deve ser alguém sempre pronto a elucidar dúvidas doutrinárias dos irmãos, um assíduo frequentador da Escola Bíblica Dominical, alguém que demonstra esforço e profundidade doutrinária nos cultos de ensino, como também na pregação da Palavra nas reuniões públicas. Não precisa ser um “doutor em Divindade”, um “erudito”, mas precisa, isto sim, demonstrar conhecimento bíblico, intimidade com as Escrituras, precisa ser um obreiro aprovado, que maneja bem a palavra da verdade (II Tm.2:15).

- Além de se mostrar ele próprio um estudioso das Escrituras, o dirigente da igreja local deve exigir este mesmo perfil de seus auxiliares. Não se pode permitir obreiro que não tenha conhecimento bíblico, que não demonstre meditar na Palavra de Deus de dia e de noite. O dirigente deve incentivar os seus auxiliares no estudo da Bíblia, inclusive, se necessário, fazendo reuniões de estudos bíblicos com eles, a fim de estimulá-los a manejar bem a palavra da verdade. Deve dar atenção especial ao superintendente da Escola Bíblica Dominical e aos professores da EBD, participando das reuniões preparatórias deles sempre que possível, além de assistir às aulas da EBD, verificando, assim, como está sendo ensinada a Palavra na igreja local.

- Este cuidado deve ser redobrado om relação aos novos convertidos, assim como o cuidado é mais intenso no tocante à alimentação quando estamos diante de um recém-nascido. Por isso, é preciso haver um segmento especial da igreja local para deles cuidar. O novo convertido deve ser estimulado e incentivado a iniciar a leitura das Escrituras, sendo de bom alvitre que sejam selecionados textos que digam respeito aos fundamentos doutrinários, a fim de que o novo convertido, um neonato espiritual, seja tratado com o “leite racional” (I Pe.2:2).

- O “leite racional” é, como vimos, composto dos “primeiros rudimentos das palavras de Deus”.E quais são estes rudimentos? O próprio escritor aos hebreus responde: “o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, a doutrina dos batismos, a doutrina da imposição das mãos, a doutrina da ressurreição dos mortos e a doutrina do juízo eterno” (Hb.6:1,2).

- É lamentável vermos, nos dias hodiernos, que muitos novos convertidos jamais foram levados ao contato destas doutrinas fundamentais, não sabendo o que é o arrependimento de pecados e o que significa a conversão e a nova vida em Cristo, o que é a fé em Deus, o que é o viver pela fé (o que inclui ensino sobre a meditação nas Escrituras e a oração), o que significa o batismo nas águas e o batismo com o Espírito Santo, o que é o poder de Deus (a “imposição das mãos” nos fala da ministração do poder de Deus: cura divina, expulsão de demônios, dons espirituais, sinais e maravilhas), o que significa a ressurreição dos mortos (o sentido da ressurreição de Jesus e as promessas de vida eterna) e o juízo eterno (a salvação e condenação eternas, as últimas coisas).

- Parece que já havia uma situação similar entre os crentes hebreus, pois o escritor da carta diz que, pelo tempo, eles já deveriam ser mestres, mas, por não conhecerem os rudimentos doutrinários, ainda tinham de ser tratados com leite (Hb.5:12).

- O Senhor Jesus já alertara para este risco ao nos contar a parábola do semeador. Faz-se necessário que a semente esteja em boa terra, sem o que, mesmo germinando, a nova planta morrerá, seja por causa dos pedregais, seja por causa dos espinhos Mt.13:5-7).

- Sem o discipulado, o novo convertido jamais se tornará uma “boa terra”, pois os pedregais não serão esmiuçados pelo martelo, que é a Palavra de Deus (Jr.23:29), fazendo com que, com a angústia e a perseguição por causa da Palavra, ele morra espiritualmente (Mt.13:20,21).

- Ou, então, sem o discipulado, o novo convertido não terá energia suficiente para debelar os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas, sucumbindo ao sufocamento proporcionado por estes elementos, vindo, também, a morrer espiritualmente (Mt.13:22).

- O novo convertido deve ser acompanhado de perto pelos evangelistas da igreja local, que deverão lhe tirar todas as dúvidas que tenha e dar prioridade a que ele aprenda os fundamentos doutrinários, as bases da doutrina cristã. Tais ensinamentos devem ser dados, de forma sistemática, preferencialmente na Escola Bíblica Dominical, em classe específica para os novos convertidos, a fim de que eles possam, a um só tempo, ter conhecimento das verdades bíblicas essenciais, como também se acostumar a frequentar a EBD.

- De igual modo, não se pode levar o novo convertido a uma alimentação pesada, ao chamado “sólido mantimento”, pois, se ele ingerir este alimento pesado, também corre o risco de morrer espiritualmente, assim como, certamente, uma alimentação pesada, como feijoada, pode causar a morte de um bebê.

- Devemos ter este cuidado de evitar que o novo convertido seja alimentado com “sólido alimento”,pois isto lhe causará transtornos em sua vida espiritual que podem, inclusive, levá-lo à morte. O Senhor Jesus deixou-nos o exemplo, ao dizer que não falaria tudo que poderia aos discípulos antes de Sua glorificação, pois eles não eram, ainda, capazes de suportar (Jo.16:12), o mesmo fazendo o apóstolo Paulo em relação aos coríntios (I Co.3:2) e o escritor aos hebreus (Hb.5:12,13). Aliás, o escritor aos hebreus nos diz a quem o “leite” deve ser ministrado: àqueles que não foram experimentados na palavra da justiça.

- Nos dias hodiernos, temos visto, com relativa frequência, o descuido com relação a este tópico. Muitos novos convertidos, por causa de sua projeção na sociedade, são alçados, quase de imediato, a posições e responsabilidades nas igrejas sem que tenham capacidade espiritual para tanto. Na avidez de mostrar à sociedade a “conversão” de A ou de B, tais pessoas, verdadeiras recém-nascidas espirituais, são levadas a realizar tarefas que não têm a mínima condição de executar.

- Alguém já colocou um recém-nascido para fazer um discurso, para administrar o seu lar ou auxiliar as tarefas de seus pais ou irmãos? Logicamente que não! Mas há muitas igrejas que põem estes “novos convertidos ilustres” para pregar, para exercer funções (inclusive, pasmem, serem professores de EBD…), gerando tão somente a morte espiritual destas pessoas. Não importa quem tenha sido a pessoa no meio social, sua projeção, popularidade, riqueza, conhecimento intelectual, espiritualmente o novo convertido é um recém-nascido e assim deve ser tratado no reino de Deus!

II - O NOVO CONVERTIDO PRECISA SER FIRMADO

- Quando uma pessoa nasce de novo, encontra-se na mesma posição de Lázaro ressuscitado. Jesus, depois de quatro dias, quando o corpo de Lázaro já estava em decomposição, mostrou o Seu poder sobre a morte, fazendo-o ressurgir dos mortos. Milagrosamente, Lázaro saiu da sepultura com vida. Entretanto, é interessante notar que Lázaro foi para fora da sepultura, mas se encontrava ainda todo enfaixado, conforme os costumes judaicos de preparação do cadáver. Jesus não determinou que Lázaro fosse daquele jeito para casa nem tampouco Se incumbiu de desligar o ex-defunto. Mandou que aquelas pessoas que estavam ali vendo o milagre tratassem de tirar as faixas de Lázaro, de modo que ele próprio (Lázaro) fosse para a sua casa (Jo.11:44). Assim ocorre com o novo convertido: só Jesus poderia trazê-lo à vida, ou seja, salvá-lo; mas cabe a nós que estamos com Jesus neste mundo tomar as providências necessárias para que o novo crente se desligue de tudo aquilo que estava relacionado com a vida sem Cristo,ou seja, com a morte espiritual, para que ele, individualmente, siga em direção à sua casa, onde já o aguarda o Salvador. Aleluia!

- Este desligamento do mundo não é, por vezes, uma tarefa fácil e que se faz de imediato. Assim como, por força das convenções sociais e dos costumes existentes entre os judeus, Lázaro fora ligado com faixas em todo o seu corpo, muitas vezes a vida social impõe ao novo convertido uma série de obstáculos, um sem-número de situações que precisarão ser desatadas uma a uma e isto leva algum tempo, o que deve ser não só entendido e compreendido pela Igreja, como também deve ser alvo da ajuda e amor fraternal por parte dos salvos.

- Nos dias em que vivemos, de multiplicação da iniquidade (Mt.24:12), estas situações são ainda mais embaraçosas e requerem, da parte dos salvos, muito maior compreensão e entendimento, pois o novo convertido, muitas vezes, não tem condições de se livrar destas faixas de imediato. A propósito, Lázaro não tinha condições de se desligar das faixas, tanto que o Senhor Jesus mandou que as pessoas que ali estavam o fizessem.

- O escritor aos hebreus fala-nos da necessidade que temos, para seguir a Cristo, de não só deixarmos o pecado, como também o embaraço, a fim de que possamos correr com paciência a carreira que nos está proposta (Hb.12:1), que outra não é senão a jornada para entrarmos no reino de Deus.

- Assim, se o fato é que, quando do novo nascimento, temos os pecados perdoados e recebemos as vestes de salvação (Is.61:10), sendo retirados do lago horrível e do lamaçal do pecado e postos sobre a rocha firme, que é Cristo (Sl.40:2), temos de ter nossos passos firmados e também sermos libertos de todos os embaraços que a vida no pecado nos trouxe e que nos impede, de imediato, de andarmos por nós mesmos rumo ao céu.

OBS: Reproduzimos aqui a belíssima descrição dada por John Bunyan em “O Peregrino” a respeito da salvação de Cristão: “…Vi Cristão marchando por uma estrada que, de ambos os lados, era protegida por duas muralhas, chamadas Salvação (Isaías 26.1). É certo que ia caminhando com muita dificuldade, por causa do fardo que levava às costas, mas o seu passo era rápido e seguro; vi-o chegar a um pequeno monte onde se erguia uma cruz, junto à qual, e um pouco mais abaixo, estava uma sepultura. Ao chegar à cruz, soltou-se-lhe o fardo, instantaneamente, de sobre os ombros, e, rolando, foi cair na sepultura, donde não tornará jamais a sair. Quão aliviado e jubiloso ficou Cristão! Bendito seja Aquele que, com os seus sofrimentos, me deu descanso, e com a sua morte me deu a vida! Exclamou ele, e ficou por alguns momentos como extático, ao ver o grande benefício que a cruz acabava de fazer-lhe; olhava para um e para outro lado, cheio de assombro, até que o seu coração se expandiu em abundantes lágrimas (Zacarias 12.10). Chorava, quando diante dele apareceram três seres resplandecentes, que o saudaram com: a Paz seja contigo! E logo o primeiro dos três lhe disse: “Perdoados te são os teus pecados” (Marcos 2.5). O segundo, despojando-o dos vestidos imundos que trazia, vestiu-lhe um traje de gala (Zacarias 3.4), e o terceiro, pondo-lhe um sinal na fronte (Efésios 1.13), entregou-lhe um diploma selado, sobre o qual deveria pensar pelo caminho, e entregá-lo quando chegasse à Cidade Celestial. Ao ver todas estas coisas, Cristão experimentou imensa alegria, e continuou o seu caminho cantando, pouco mais ou menos, estas palavras: Oprimido andei sempre sob o peso de meus pecados, sem encontrar lenitivo ao meu sofrimento, até que cheguei a este lugar. Onde estou eu? Oh! Aqui é por certo o princípio da minha bem-aventurança, visto que aqui se quebraram os laços que me prendiam aos ombros o fardo que me oprimia. Eu te saúdo, ó cruz bendita! Bendito sejas, santo sepulcro! Bendito seja para sempre Aquele que em ti foi sepultado pelos meus pecados….” (O Peregrino. Obra digitalizada por Carlos_Boas, p.21).

- Este firmar dos passos, este desembaraço não é imediato. Assim como a criança demanda um tempo para iniciar a andar sozinha e Lázaro teve de ser desligado pelos que estavam ali vendo o milagre, de igual modo devem os salvos auxiliar o novo convertido, ajudando-lhe a firmar os passos, como também desligando-o daquilo que o mundo e a sociedade lhe trouxeram, durante a vida de pecado, e que o impede de prosseguir sua jornada.

- Assim, temos de ajudar o novo convertido a firmar os seus passos. E como se faz isso? Dando-lhe as mãos para que ele possa ganhar confiança e equilíbrio, podendo, assim, dar seus necessários passos de fé na caminhada rumo ao céu. Precisamos ajudar o novo convertido com conselhos, orientações e intercessão de modo a que a pessoa nova convertida possa aumentar sua fé em Cristo Jesus e n’Ele confiar, equilibrando-se, à luz da Palavra de Deus, neste mundo pecaminoso, dando passos em direção à Pátria celestial.



- Temos de ajudar o novo convertido a se desligar das faixas que o envolviam enquanto estava morto. Este desligamento, às vezes, é um ato difícil, penoso, pois há muitos “nós” e muitas faixas que já se incrustaram na vida da pessoa como situações familiares, profissionais e de vida não respaldadas pela Palavra de Deus, vícios, compromissos iníquos e tantas outras que devem ser removidas, com cuidado, uma a uma, para que se possa correr a carreira que está proposta em direção à cidade celestial.

- Estas faixas, que o monge João Clímaco (580-650) chama de “ataduras do pecado” e “ataduras dos vícios”, precisam ser retiradas para que o novo convertido, ainda nas palavras do já mencionado monge, possa ir para “uma quieta e bem-aventurada tranquilidade”. Para tanto, João Clímaco comparou a vida espiritual a uma “escada”, que teria “trinta degraus”, dos quais o primeiro é, precisamente, o da renúncia do mundo, aquilo que o apóstolo João afirmou ser não amar o mundo nem o que no mundo há (I Jo.2:15).

OBS:Reproduzamos aqui o pensamento de João Clímaco, monge que viveu no século VI e VII no Monte Sinai:“…E, por isso, os que desejam fazer firme fundamento de virtude, todas as coisas do mundo negarão, a todas desprezarão, a todas porão debaixo dos pés e a todas examinarão. E para que este fundamento seja tal, há de ter três colunas com que se sustente, que são a inocência, o jejum e a castidade. Todos os que em Cristo são crianças, têm de começar por estas três coisas, tomando por exemplo aqueles que não são de coração duro, nem fingidos, nem desmedidamente cobiçosos, nem de ventre insaciável, nem de movimentos de vícios desonestos…” (A Escada, cap.1. Disponível em: http://www.sophia.bem-vindo.net/tiki-index.php?page=Climaco+Degrau1&structure=PhilokaliaAcesso em 01 jun. 2011) (tradução nossa de texto original em espanhol).

- O novo convertido, como nos indica John Bunyan em sua obra “O Peregrino”, assim que se livra do fardo do pecado, tem de enfrentar o “desfiladeiro da Dificuldade”, que, penosamente é galgado e não sem que haja alguns contratempos e, por isso, temos de ser pacientes e amorosos, entendendo que não se trata de momento fácil na vida do novo convertido.

- A nós cabe ajudá-lo a vencer as dificuldades, assim como Moisés ajudou o povo na saída do Egito, que os guiou não só com palavras, mas com obras e oração, a fim de que não só o novo convertido consiga atravessar o Mar Vermelho mas também vença Amaleque que se lhe apresentará no deserto.

- Não devemos, porém, confundir este desligamento, que muitas vezes é penoso e dolorido, com a complacência com o pecado, como, inadvertidamente, muitos têm feito nos dias hodiernos.

- O novo convertido tem de ser tratado com cuidado, compreensão, mas não se pode deixar de mostrar-lhe a verdade e que só Jesus pode libertar o homem do pecado. Não se pode permitir que o novo convertido prossiga vivendo da mesma maneira que antes de se converter, pois, se isto acontece, não houve conversão, não houve verdadeiro e genuíno arrependimento dos pecados.

- Como vimos na lição anterior, a mensagem do reino de Deus é a pregação do arrependimento, a indispensável necessidade de abandono do pecado. A compreensão e tolerância têm de se dar no capítulo do embaraço, na superação das dificuldades trazidas pela vida pecaminosa, algo que nem sempre se dá de imediato.

- Assim, por exemplo, diante de um quimiodependente que se entrega a Cristo, deverá haver a compreensão de que o processo de libertação química da droga pode se dar lentamente e com muita dificuldade, mas jamais se poderá dizer ou ensinar que, mesmo com o uso dos tóxicos, estará aquela pessoa salva e que a circunstância de seu vício não impedirá a sua salvação.

- Este desligamento do mundo e das circunstâncias criadas pela vida no pecado somente podem ser superadas quando o novo convertido é ensinado a buscar mais a presença de Deus. Ainda citando João Clímaco, “…é de se notar que, no princípio da renúncia, não se produzem as virtudes sem trabalho, amargura e violência. Mas, depois que começamos a desfrutar, com muito pouco tristeza ou nenhuma as produzimos. Mas, depois que a natureza está já absorta e vencida com o favor e alegria do Espírito Santo, então as produzimos com gozo, alegria, diligência e fervor de caridade…”( op.cit.) (tradução nossa de texto em espanhol).

- Por isso, neste cuidado com o novo convertido, é fundamental que os salvos maduros incentivem, estimulem e acompanhem o neoconverso na busca à presença de Deus, levando-o aos cultos de oração, a uma vida de oração e meditação nas Escrituras, à busca do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais. Esta característica, que era tão disseminada nas Assembleias de Deus, tem rareado nos dias hodiernos, com grave prejuízo à saúde espiritual não só dos novos convertidos mas da igreja como um todo.

- Levando o novo convertido à presença do Senhor, em oração e meditação nas Escrituras, certamente terá ele as necessárias forças para vencer os embaraços e as circunstâncias deixadas pela vida pecaminosa que ele abandonou quando viu o reino de Deus.

III - O NOVO CONVERTIDO PRECISA SER INTEGRADO

- Depois de ter ressurgido dos mortos, vitorioso sobre a morte e o pecado, o Senhor determinou aos discípulos que batizassem os convertidos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt.28:19; Mc.16:16), ordenança esta que era bem presente na mente dos apóstolos, como podemos ver já no sermão de Pedro no dia de Pentecostes (At.2:38).

- Assim, percebemos nitidamente que, embora ausente da pregação de Jesus em Seu ministério terreno, o batismo nas águas, a exemplo do que ocorrera na pregação de João, foi considerado pelo Senhor como a única forma pela qual alguém testemunharia publicamente a sua salvação, a sua fé em Jesus. Obatismo nas águas, portanto, foi constituído pelo Senhor como a declaração pública de que alguém aceitou a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, como passo final da integração do novo convertido à igreja local.

- Por ser uma ordem de Jesus, não há o que se discutir. Quem quer que se diga crente, ou seja, quem quer que afirma ter sido salvo por Jesus, ter crido na Sua obra redentora no Calvário, ter sido atingido pela salvação, tem de se batizar nas águas, para comprovar esta salvação. O batismo é um ato de obediência a Cristo, é uma demonstração pública de que alguém se comprometeu com Jesus, que alguém se submeteu ao senhorio de Cristo e que não mais vive, mas Cristo vive nele.

- Percebamos que a ordenança de Jesus segue o mesmo raciocínio do batismo de João que o próprio Senhor reconheceu como sendo uma prática ordenada diretamente do céu e, por isso, da parte de Deus. Assim como o batismo de João não salvava pessoa alguma, mas tão somente fazia a pessoa reconhecer que era pecadora e se comprometer a esperar e seguir o Messias que estava para chegar, assim também o batismo nas águas estabelecido pelo Senhor Jesus não salva pecados, mas representa um gesto público de confissão de que alguém se arrependeu dos seus pecados, creu em Jesus e, por isso, tem novidade de vida, uma vida em Cristo Jesus.

- Jesus é bem claro ao afirmar que quem crer e for batizado será salvo, ou seja, ser batizado é algo que ocorre só depois que a pessoa crê. Crer, i.e., ter fé é o requisito indispensável e essencial para a salvação. A salvação vem pela fé (At.26:18; Rm.3:28; Gl.2:16; Ef.2:8), não pelo batismo nas águas. É preciso crer para que se alcance a salvação, como Jesus deixou bem claro para Nicodemos no “texto áureo” da Bíblia (Jo.3:16). Por isso, estão em grande equívoco aqueles que entendem que o batismo tem algum poder de regeneração ou de salvação da criatura humana. O batismo não é para salvar pessoa alguma, mas é uma prática daquele que foi salvo em Jesus.

- Só podem ser batizados nas águas aqueles que creram em Jesus (Mc.16:16; At.18:8), e, portanto, o batismo nas águas não lava nem purifica pecados, mas somos justificados pela fé em Cristo (Rm.5:1). Portanto, a salvação vem pela fé em Cristo e não pelo batismo nas águas.

- Então, alguém que crê em Jesus e não é batizado nas águas está salvo? Depende. Por que não se batizou nas águas? Porque não teve condição de fazê-lo, como o ladrão na cruz? Então, este estará salvo, assim como esteve o ladrão na cruz, pois creu e não foi batizado nas águas por motivo alheio à sua vontade. Agora, se alguém creu em Jesus e, podendo, não se batiza porque não quer, este, na verdade, não será salvo, não porque não foi batizado, pois o batismo não salva pessoa alguma, mas, sim, porque, ao recusar ser batizado, mostra que, na verdade, não creu em Jesus, pois quem crê em Jesus obedece-Lhe.

- Um batismo é lícito quando o batizando crê de todo o coração que Jesus Cristo é o Filho de Deus, ou seja, quando tem convicção de que é um pecador, de que se arrependeu da vida pecaminosa e de que entregou sua vida a Cristo, que é seu único e suficiente Senhor e Salvador. Para tanto, o batizando tem de ser devidamente orientado e ensinado a respeito da salvação em Cristo Jesus, conforme consta das Escrituras Sagradas. “…Sem estes conhecimentos, os novos discípulos encarariam este ato sagrado simplesmente como um banho qualquer, com a única diferença de que, desta feita, estariam vestidos….” (HERNANDES, Laerte. Discipulado para o batismo consciente, p.13).

- Por isso, não pode o batismo nas águas se dar antes que novo convertido seja devidamente ensinado a respeito dos rudimentos da fé, antes que entenda o significado de ser salvo e de ter nascido de novo. É importante observar que o batismo não salva e, portanto, uma eventual demora entre a salvação da pessoa e o seu batismo nas águas não põe em risco a vida eterna da pessoa. O novo nascimento, o chamado “batismo espiritual” ou “batismo do Espírito Santo” (I Co.12:13; Gl.3:27; I Pe.3:21), é um ato instantâneo, em que somos ligados na vara, que é Cristo (Jo.15:4,5). É nossa inserção na igreja universal, no corpo de Cristo (I Co.12:27).

- Já o batismo nas águas, porém, é um testemunho público de nossa inserção na igreja universal. É um ato pelo qual o batizando diz à igreja local reunida para o ato e para a sociedade em geral que ele passa a ser um integrante desta igreja local, que ele é, doravante, um cristão, uma pessoa “parecida com Cristo”, uma testemunha de Jesus entre os homens. Tem-se, portanto, a assunção de um compromisso de, publicamente, ser apontado como testemunha de Jesus (At.1:8), de passar a ser uma prova do amor de Deus aos homens (I Co.13), uma demonstração do poder de Deus(I Co.2:4), um instrumento para a glorificação de Deus pelos homens (Mt.5:16).

- Ora, para que isto se dê, torna-se absolutamente necessário que os novos convertidos sejam devidamente instruídos, que aprendam de Jesus (Mt.11:29), conheçam o jugo do Senhor (Mt.11:30), saibam qual é a Sua doutrina (Mt.5-7). Não tem base bíblica a prática de alguns segmentos cristãos de que o batismo nas águas deve se seguir imediatamente ao gesto de decisão por Cristo.

- Os que entendem que o batismo nas águas deve se seguir imediatamente à “conversão”, buscam respaldar seus ensinos no fato de que, na igreja primitiva, há o relato de que, logo após a conversão, se procedia ao batismo. Assim teria ocorrido no dia de Pentecostes, em Samaria, com Paulo, com Cornélio, em Éfeso. Desta maneira, a Bíblia ensinaria que o batismo nas águas deve ser imediato à conversão, sem necessidade alguma de instrução ou qualquer outra providência.

- Este entendimento “bíblico”, seguido por alguns grupos desde sua origem, apareceu como uma verdadeira “luva” para “…muitas igrejas evangélicas, cujos pastores mostram-se tão preocupados com a multiplicação imediata de seus rebanhos, que não hesitam em batizar pessoas sem nenhuma preparação prévia, sem um esclarecimento profundo, distorcendo os propósitos de Deus em cada uma dessas vidas que foram compradas com o precioso sangue de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo(…). O que realmente importa para cada uma dessas mal-intencionadas igrejas é competirem umas com as outras (muitas vezes até mesmo congregações de um mesmo ministério), cada qual procura apresentar, nos dias de batismo, um maior número de candidatos, mesmo que estes não tenham sido devidamente discipulados para esse fim….”(HERNANDES, Laerte. op.cit., p.13-4).

- Entretanto, não é este o ensino das Escrituras. Por primeiro, como dissemos supra, o batismo nas águas é um ato que figura a salvação da pessoa. É um ato que torna público, conhecido de todos o que aconteceu interiormente, no homem interior do batizando. Deste modo, somente quem realmente foi salvo, quem produzir frutos dignos de arrependimento, quem demonstrar que está dando o fruto do Espírito é que pode ser devidamente batizado nas águas. A propósito, era este um requisito exigido por João para fazer o seu batismo (Mt.3:8; Lc.3:8).

- Mas, como explicar o batismo no dia de Pentecostes? Em primeiro lugar, devemos observar que o dia de Pentecostes foi o cumprimento de uma profecia, um dia singular que não pode ser tomado como regra. É interessante observar que os que defendem o batismo imediato e citam o dia de Pentecostes, se, indagados que, para haver batismo no Espírito Santo, se faz necessário que venha um som como de um vento veemente e que surjam línguas repartidas como que de fogo, dirão que isto só ocorreu no dia de Pentecostes. Então, por que se tornar regra o episódio de um fato singular?

- Entretanto, devemos notar que o auditório do sermão de Pedro era de pessoas que já tinham sido devidamente instruídas a respeito do Evangelho. Eram pessoas que haviam presenciado o ministério terreno de Cristo ou dele tomado conhecimento. Jesus havia pregado por cerca de três anos e meio, de modo que não se pode dizer que não tenha havido uma prévia preparação para aquelas vidas. Além do mais, o texto de Atos 2 nos mostra que houve verdadeira conversão daquelas vidas e que o apóstolo Pedro condicionou o batismo à comprovação da conversão. Portanto, o batismo ocorrido no dia de Pentecostes somente se deu porque se demonstrou haver efetiva conversão daqueles quase três mil que se agregaram à igreja.

- O mesmo se deu em toda a igreja primitiva. Somente se batizavam aqueles que davam real testemunho de mudança de vida, de conversão. Assim, o batismo bíblico deve se seguir à conversão e conversão somente se percebe quando a pessoa começa a dar frutos dignos de arrependimento. Assim ocorreu em Samaria, por exemplo, onde as Escrituras nos provam que este era um requisito para o batismo ao descrever a vida cristã de Simão que, por ter crido em Jesus, abandonou as artes mágicas e, por isso, foi batizado (At.8:9-13). O mesmo se deu em relação a Paulo, que somente foi batizado porque o Senhor deu testemunho a Ananias da sua conversão, conversão esta confirmada pela maravilha dupla da cegueira e de sua cura (At.9:10-18).

- Quando vamos, porém, à igreja de Antioquia, a primeira igreja gentílica, vemos que não houve ali um batismo imediato, como nos outros casos. Antes, houve um ano todo de ensino de Paulo e Barnabé àqueles irmãos que, ao contrário dos crentes judeus, eram pessoas que conhecimento algum tinham a respeito das profecias das Escrituras. Dali por diante, sempre vemos o apóstolo Paulo primeiro ensinando e discipulando os crentes, para só, então, depois fazer menção de batismo e, num momento seguinte, de escolha de obreiros para estas igrejas. Esta prática, aliás, é abundantemente registrada na história da Igreja, com o batismo sendo realizado apenas um período de ensino da doutrina, que passou a ser denominado de “catecumenato” e que durava “seis períodos”. Aliás, normalmente, os batismos eram efetuados uma vez ao ano, após uma aferição da vida de cada um dos candidatos.

OBS: “…Veja como, segundo E. Glenn Hinson, no seu livro ‘Vozes do cristianismo primitivo’ em parceria com Paulo Siepierski, da editora Sepal em coedição com a editora Temática, acontecia na igreja primitiva, por ocasião do batismo: ‘Quarenta dias antes da páscoa, a época normal para batismo, o mestre (ou bispo) finalmente decidia quais dos catecúmenos deveriam receber o batismo. Sua decisão era baseada no estilo de vida dos catecúmenos enquanto no catecumenato - se tinham vivido corretamente e manifestado amor cristão no cuidado dos pobres, daqueles em prisão, das viúvas e órfãos, e de outros necessitados. (a vida era observada para saber se a mudança operada pela graça estava presente, e vida voltada para o próximo, não bastava ter atendido ao apelo, tinham de aparecer os frutos dignos de arrependimento). Em seguida, os catecúmenos recebiam a imposição de mãos, eram “selados” com o sinal da cruz na testa e salgados - símbolos de que eles já não mais pertenciam ao diabo, mas a Cristo. Então, recebiam instrução diária e exorcismos até serem batizados. Os exorcismos eram importantes porque expulsavam as hostes satânicas que oprimiam os catecúmenos até que o Espírito Santo os libertasse de uma vez por todas (a libertação tinha de se dar na história e não apenas na confissão de fé). Na quinta-feira antes do batismo e no domingo de páscoa, os catecúmenos passavam por uma lavagem e purificação preparatória. Na sexta-feira e no sábado, jejuavam. Ainda no sábado, havia um último exorcismo; o bispo fazia um selo com o sinal da cruz e, então, se iniciava uma vigília que durava a noite inteira…” (RAMOS, Ariovaldo. Devolvam a minha igreja. Disponível em: http://www.google.com/search?q=cache:CZqUK8V6DIgJ:www.invsc.org.br/Artigos/devolvam_minha_igreja.htm+%22devolvam+a+minha+igreja%22&hl=pt-BRAcesso em 05 mar. 2005)

- O batismo nas águas é uma confissão pública que se faz da conversão e do novo nascimento. O batismo não é para salvação, mas, sim, para o salvo. É uma declaração que o salvo faz de que faz parte da Igreja, de que tem Jesus como seu Senhor e Salvador. Como, então, podemos batizar alguém que não prova que é uma nova criatura em Cristo Jesus? Como batizar alguém que nem sequer foi discipulado na igreja local a que passará a pertencer?

- O batismo nas águas é o final de um processo de integração do batizando na igreja local. A igreja local é um grupo social, é um conjunto de pessoas que tem de ter uma identificação clara não só entre os membros do grupo, mas também diante da sociedade. A igreja em Jerusalém era dotada desta identificação clara e evidente (At.5:12,13). Por isso, ninguém pode ser batizado nas águas sem que, antes, seja devidamente instruído a respeito do que é servir a Deus, sem que antes demonstre ter dado frutos dignos do arrependimento, prove que foi, realmente, transformada pelo Evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm.1:16).

- Infelizmente, há muitos que hoje estão sendo levados às águas batismais sem a mínima noção do que isto representa. Como afirmou o pastor Laerte Hernandes, supracitado, nada mais fazem que um “banho com vestes”. Não têm a mínima noção do que é pertencer ao corpo de Cristo, do que é ser salvo, sendo conduzidos como ovelhas para o matadouro, não no sentido bíblico da expressão (Rm.8:38), mas no sentido agropecuário mesmo: sem ter a mínima ideia de que serão causa de escândalo e de sacrilégio, pois estarão profanando uma ordenança de Jesus, praticando um ritual sem qualquer sentido ou valor, que tem o mesmo efeito diante de Deus dos sacrifícios meramente formais que o povo de Israel realizava na antiga aliança (Is.1:10-15).

- Para alguém ser batizado nas águas precisa dar frutos dignos do arrependimento. Para alguém descer às águas é preciso que haja evidência de que se trata de uma pessoa que se converteu, que deixou as trevas e passou para o reino da luz, que está a andar na luz, que se tornou uma nova criatura. Para tanto, faz-se necessário que o batizando tenha sido acompanhado pelos membros da igreja local, que possam, efetivamente, dar testemunho de que ele pode ser batizado. Por isso a importância de o candidato ao batismo se dirigir à igreja local e fazer a sua profissão de fé, que não é uma simples apresentação à igreja local, nem a reprodução de palavras adredemente ensaiadas, mas um testemunho que possa demonstrar aos membros da igreja local que se está diante de uma pessoa que tem convicção de que Jesus é o seu único e suficiente Senhor e Salvador.

- O batismo é imediato à conversão, mas conversão não é, como pensam muitos, o ato de levantar a mão diante de um apelo feito em um culto ou uma reunião de adoração ao Senhor. Este gesto é uma decisão por Cristo, que pode ter envolvido uma real salvação, mas que precisa ser evidenciada pela conversão, que um ato seguinte do processo da salvação, uma transformação. Isto somente será verificado ao longo de um determinado tempo, tempo que não se pode precisar quanto. Pode ser antes mesmo do fim da pregação, do apelo, como aconteceu na casa de Cornélio, como pode ser um ano inteiro, como parece ter acontecido em Antioquia e como se tem demonstração nos primeiros séculos da história da Igreja.

- Esta falta de critério para o batismo nas águas tem sido um dos principais fatores para o fracasso espiritual de muitas igrejas locais. Como se batiza sem critério, fora do modelo bíblico, sem verificação da conversão das pessoas, ingressam no rol de membros pessoas que não são salvas, pessoas que nada têm de crentes que, quando muito, são religiosas, mas que jamais tiveram um encontro real com o Senhor Jesus. São, para usarmos aqui de feliz expressão do príncipe dos pregadores britânicos, Charles Haddon Spurgeon, verdadeiros “bodes” que estão no meio das “ovelhas” e que, não raras vezes, desvirtuam toda a igreja local. Por isso, como diz Spurgeon, muitos pastores estão hoje a entreter bodes em vez de apascentar ovelhas…

- O discipulado do novo convertido é uma necessidade não só para aquele que aceitou a Cristo, mas para a própria igreja local que, desta maneira, tenta evitar a mistura com o mundo, com os falsos cristãos. Não nos esqueçamos de que um pouco de fermento leveda toda a massa (I Co.5:6; Gl.5:9) e que devemos evitar todo fermento, pois, como corpo de Cristo, temos de ser, como Ele, sem fermento, verdadeiros pães asmos de sinceridade neste mundo de hipocrisia e fingimento (I Co.5:7,8).

- Também é em virtude disto que não se deve permitir que pessoas que ainda não tenham se submetido ao batismo nas águas participem das atividades da igreja local. As atividades da igreja são apenas para aqueles que já assumiram o compromisso com o Senhor, compromisso este representado pelo batismo, que é o ponto final do processo de integração a uma igreja local. É com muita tristeza que verificamos, na atualidade, que muitos têm sido incorporados a várias atividades da igreja local, logo depois que se decidiram por Cristo, sem mesmo saber o que é ser crente, sem demonstrar que estão transformados pelo Evangelho. O resultado é o que temos visto cada vez mais: a frieza espiritual e a perda total de relevância espiritual de muitas igrejas locais.

- A integração na igreja local não é uma incorporação qualquer a um grupo social. Embora a igreja local seja um grupo social, deve dela tomar parte somente quem demonstrar que nasceu de novo, da água e do Espírito, ou seja, que tenha sido salvo por Jesus. É evidente que a igreja local deve ter departamentos e atividades dirigidos às crianças, adolescentes e jovens, quase sempre familiares de membros da igreja local, mas não podemos nos esquecer que tais departamentos e atividades devem ser, sobretudo, evangelizadores. É um evangelismo feito dentro das quatro paredes do templo. Entretanto, como Deus não tem neto, mas somente filhos, faz-se necessário, para que estes familiares sejam integrados na igreja local, que, assim como os que são alcançados pela evangelização “externa”, também sejam submetidos a um processo de verificação do novo nascimento nas suas vidas. Não se pode levar a batismo alguém única e exclusivamente porque “nasceu em berço evangélico”, mas alguém que, tendo tido a graça de ter nascido em um lar evangélico, encontrou-se com o Senhor Jesus e foi salvo por Ele, dando frutos dignos de arrependimento.

- A “conversão em massa”, ou seja, a integração de pessoas à igreja local sem que se tomem os devidos cuidados para verificação de que se trata de novas criaturas, de pessoas salvas e regeneradas, não traz proveito algum à igreja local nem tampouco à causa do Evangelho. O processo de paganização da Igreja, que levou ao surgimento da Igreja Romana e das Igrejas Ortodoxas, do chamado “cristianismo apóstata”, está diretamente relacionado com as “conversões em massa” que passaram a ocorrer no Império Romano depois que Constantino fez cessar as perseguições aos cristãos e demonstrou simpatia pelo Cristianismo. A partir de então, muitos, querendo ser “simpáticos” ao poder político, passaram a se “tornar cristãos”, deixando-se batizar e os cristãos, até então perseguidos, inebriados por este crescimento quantitativo e numérico (que acabou por resultar, também, em poder político para os bispos e demais integrantes da cúpula hierárquica das igrejas locais…), caíram na armadilha do adversário e, em pouco tempo, não havia mais diferença alguma entre cristãos e pagãos, com o surgimento das práticas que apenas deram “roupagens cristãs” a crendices e rituais do antigo paganismo.

- Os nossos dias não são diferentes. Muitas igrejas locais e denominações estão como que anestesiadas pelo “aumento do Evangelho”, que nada mais é que um crescimento numérico e quantitativo, acompanhado quase sempre de poderio econômico-financeiro e político, que tem feito muitos se esquecerem de verificar a real transformação das pessoas antes de integrá-las às igrejas locais pelo batismo. Muitos, a propósito, chegam a defender que a pessoa pode se batizar tantas vezes quantas achar necessário, como se o batismo nas águas fosse uma banalidade ou um mero banho que precise ser repetido diariamente.

- Ser “evangélico” virou moda e muitos se submetem ao batismo nas águas para “provar” que se converteram e tais conversões apenas têm servido para escândalos e prejuízos ao Evangelho, e, não poucas vezes, servido para encher os bolsos de muitos. Outros, na competição desenfreada por cargos e posições nas burocracias eclesiásticas, têm procurado aumentar o número de batizandos em suas igrejas e, para tanto, recorrem a todos os subterfúgios possíveis, como o batismo de crianças e de adolescentes, que nem sequer se conscientizaram do que é o batismo e que é servir a Cristo (e, neste ponto, filhos de crentes são o alvo preferencial…), o batismo imediato de pessoas que se decidiram por Cristo, ainda que não tenham sequer se libertado de seus vícios ou de sua vã maneira de viver, o rebatismo de pessoas de outras denominações, sob as mais absurdas teses e justificativas doutrinárias e, pasmem todos, até mesmo o rebatismo de irmãos da própria denominação, sob a rubrica do “justo motivo”, tão somente para fazer número e apresentar em relatórios. A que ponto chegamos, como tem se aviltado uma ordenança de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

- Urge, portanto, que demos ao batismo nas águas o seu real valor, que o vejamos como o ato final de um processo de integração, como o testemunho público não só do batizando, mas da igreja local, que se está diante de uma ovelhinha de Jesus Cristo, de um ser transformado pelo Evangelho, de uma nova criatura, de alguém que anda na luz de Cristo, que está caminhando para o céu; Não nos preocupemos com os números, não busquemos nos enganar a nós mesmos, nem capitulemos à mentira e à hipocrisia, mas façamos do batismo nas águas um instante de realização e de alegria não só do batizando, mas de toda a igreja local, certos de que aquele que está a descer às águas é uma alma que foi arrebatada do poder do mal e que, com a colaboração de toda a igreja local, hoje, publicamente, pode dizer e comprovar que é alguém que está nas mãos do Senhor Jesus e que ninguém poderá arrebatar. No próximo batismo nas águas na sua igreja local, que responderá cada batizando, se lhe perguntarmos como os poeta sacros Eufrosine Kastberg e Emílio Conde: ‘Nasceste de novo, andas já com Deus? Pertences ao povo que vai para os céus? Tens a lei escrita em teu coração? Em ti já habita plena salvação?” (1ª estrofe do hino 447 da Harpa Cristã).

- Com o batismo nas águas, tem-se o completar do trabalho junto ao novo convertido, pois agora, mediante a confissão pública que é visível a toda a sociedade e não só à igreja, tem o aparecimento da plantinha que havia germinado e que o mundo ainda não tinha visto que se tornara uma “nova criatura”. Tem-se, então, uma linda manifestação do reino de Deus para toda a humanidade, uma vida transformada, mudada, que agora, publicamente, se manifesta para que todos vejam que Jesus salva e transforma o homem. Temos deixado tal manifestação do reino de Deus se revelar entre nós?

Caramuru Afonso Francisco

domingo, 10 de julho de 2011

A Mensagem do Reino de Deus



A Mensagem do Reino de Deus - Caramuru Afonso Francisco


O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

INTRODUÇÃO
- Na continuidade da doutrina do reino de Deus, hoje estudaremos qual é a “mensagem do reino de Deus”, ou seja, qual o significado do reino de Deus para a humanidade.
- O reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo(Rm.14:17).
I - A MENSAGEM DO REINO DE DEUS COMEÇOU COM O MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS CRISTO
- Na primeira lição deste trimestre, vimos o que é o “reino de Deus”, algo importantíssimo para entendermos qual é a “missão integral da Igreja”, que é o tema deste nosso trimestre letivo.
- Vimos que “…o reino de Deus fala-nos, pois, do senhorio de Deus sobre a vida de cada um dos Seus servos, senhorio que nos faz pertencer a um povo, com leis e regras próprias, as estabelecidas pelo Rei. O reino de Deus é a realidade espiritual do pleno domínio que Deus exerce sobre cada um dos que aceitam a Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador….”
- Deste modo, não há como falarmos em “reino de Deus” se não vier o Rei e é exatamente por isso que a pregação do “reino de Deus” se inicia apenas quando o Senhor Jesus inicia o Seu ministério público. Quem o diz é o próprio Jesus, ao afirmar que “a lei e os profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele” (Lc.16:16).
- “…A expressão ‘reino de Deus’ também é usada para designar a esfera da salvação na qual se entra apenas pelo novo nascimento (Jo.3:5-7), em contraste com o reino dos céus como esfera de profissão da fé cristã, profissão esta que pode ser tanto real como falsa(…) Assim como o reino dos céus, o reino de Deus se realiza no governo de Deus na era presente e também será cumprido no futuro reino do milênio…” (Bíblia de Estudo SCOFIELD, nota a Mt.6:33, p.859).
- O “reino de Deus”, portanto, passou a ser anunciado por Jesus e este anúncio fazia parte de Seu ministério, ministério este que prossegue com a Igreja, que é o Seu corpo. Jesus veio anunciar este reino, ou seja, a possibilidade de a humanidade ser redimida dos seus pecados pelo sangue de Cristo e, assim, aproximar-se novamente de Deus, passando a obedecer-Lhe, a desfrutar da bondade e da misericórdia do Senhor, de estar sob o Seu senhorio.
Jesus trazia o “reino de Deus” que era aguardado ansiosamente pelos judeus (Lc.17:20), reino que havia sido prometido a Davi e a seus descendentes e descrito pelos profetas (II Sm.7:8-17; Zc.12:8). Todavia, este reino foi rejeitado por Israel (Jo.1:11), rejeição esta que se deu gradativamente, enquanto transcorria o ministério de Jesus (Mt.11:16-20; 27:21-25).
Diante da rejeição do “reino de Deus” por Israel, este anúncio foi dado a uma nova nação (Mt.21:43), a Igreja, formada tanto por judeus quanto por gentios (Ef.2:11-22). Por isso, assim que se consolida a rejeição do “reino de Deus” por parte de Israel, ainda que não de forma definitiva (o que se daria apenas quando do julgamento de Jesus e sua condenação à morte), Jesus anuncia o “mistério” da Igreja (Mt.16:13-21; Ef.3:1-12).
- É interessante observar que, quando Jesus começou a falar aos discípulos a respeito do “reino de Deus”, eles nada compreenderam (Mc.9:32; Lc.18:34), precisamente porque não tinham, ainda, o Espírito Santo, algo que é indispensável para que alguém possa ver o “reino de Deus” (Jo.3:3), visto que ninguém vê o “reino de Deus” se, antes, não nascer de novo e o novo nascimento é um nascimento que se dá por intermédio de uma operação do Espírito Santo, que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:7-11). Não foi por outro motivo que, depois de ressuscitado, Jesus soprou sobre Seus discípulos para que recebessem o Espírito Santo (Jo.20:22) e, durante os quarenta dias em que ainda permaneceu com eles antes de ascender aos céus, falou-lhes a respeito do “reino de Deus” (At.1:3).
- A partir de então, os discípulos estavam aptos para continuar a obra do Senhor Jesus e anunciar o “reino de Deus” (At.8:12; 19:8; 20:25; 28:23,31), não mais para Israel, mas para todo o mundo, onde passou a ser semeada a Palavra (Mt.13:3,19-23).
O “reino de Deus” é, portanto, o conteúdo do “Evangelho”, ou seja, o que se diz quando se proclamam as “boas novas” de salvação. O “Evangelho” é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê em Jesus Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador (Rm.1:16) e, como resultado da salvação em Jesus, passamos a “ver o reino de Deus” (Jo.3:3) e, no dia-a-dia, a marcharmos em sua direção, a fim de nele entrar (Jo.3:5; Rm.1:17), daí porque ter sido a Igreja chamada de “Caminho” (At.19:9;23; 22:4; 24:14). Não é por outro motivo que os que nascem de novo e dão fruto, por terem recebido a semente, que é a Palavra do reino, são o “trigo”, os “filhos do reino” (Mt.13:38).
II - A MENSAGEM DO REINO DE DEUS - O TEMPO ESTÁ CUMPRIDO
- Mas, qual é, afinal, a mensagem do “reino de Deus”? O evangelista Marcos, dentro de seu estilo breve, onde apresenta Jesus como o servo, apresenta-nos, claramente, a síntese do “evangelho do reino de Deus”: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho”(Mc.1:15).
- A primeira parte da mensagem do “reino de Deus”, portanto, é “o tempo está cumprido”. Jesus anunciava que as promessas feitas a partir de Davi se cumpriam com a Sua vinda ao mundo. O Verbo Se fez carne e habitou entre os homens, por meio de quem vieram a graça e a verdade (Jo.1:14,17) , trazendo a salvação a todos os homens (Tt.2:11).
- Jesus, ao anunciar o “reino de Deus” como sendo o “cumprimento do tempo”, estava a indicar que a lei e os profetas estavam se encerrando, que Jesus tinha vindo para cumprir a lei e, desta maneira, satisfazer a justiça de Deus, oferecendo-Se como sacrifício para expiação dos pecados da humanidade. Chegara o momento de se dissiparem as trevas, o império do diabo, a morte, abrindo-se um novo tempo para os homens, que poderiam voltar a ter comunhão com Deus pelo sacrifício vicário de Cristo.
A primeira parte do “reino de Deus” fala-nos que é chegado o momento da salvação, que o Salvador veio ao mundo, que a promessa da redenção, existente desde o momento da queda, quando se disse que a semente da mulher restabeleceria a amizade entre Deus e o homem (Gn.3:15), concretizara-se na pessoa de Cristo Jesus.
- Dizer que o “tempo está cumprido” nada mais é que dizer que o Salvador já veio e que a salvação está à disposição de tantos quantos crerem em Jesus e, por esta fé, se tornarem “filhos de Deus”, “filhos do reino”. Dizer que o “tempo está cumprido” é mostrar que a salvação já chegou e que nada precisa ser feito pelo homem para adquiri-la senão entregar a sua vida a Cristo Jesus.
- Muitos hoje não mais pregam que “o tempo está cumprido”. Põem uma série de obstáculos para a salvação, achando que ela ainda está para vir. Não são apenas os judeus que, por terem rejeitado a Cristo, ainda aguardam o Messias, mas muitos que cristãos se dizem ser também estão a olvidar que “o tempo está cumprido”.
- Muitos não têm a convicção de Paulo que, escrevendo aos gálatas, foi claríssimo ao afirmar que já havia chegado a plenitude dos tempos, Deus enviara Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos e ter enviado a nossos corações o Espírito Santo, passando a ser herdeiros de Deus por Cristo (Gl.4:4-7).
- Por isso, apesar de se dizerem cristãos, defendem que nos mantenhamos debaixo da lei, como se Jesus não tivesse cumprido a lei (Mt.5:17) e Se oferecido como sacrifício que tirasse o pecado do mundo, algo que a lei jamais poderia fazer (Hb.10:1-9). São pessoas que não compreenderam, ainda, que “o tempo está cumprido”.
- Há aqueles que, embora não mandem que se siga a lei de Moisés, criam para si “mandamentos de homens” para complementar o mandamento deixado por Jesus (Jo.15:12), esquecendo-se que “como o tempo está cumprido”, não mais restam outros mandamentos senão o mandamento deixado pelo Senhor. Não têm a mesma consciência do apóstolo João que não escrevia aos salvos um mandamento novo, “mas o mandamento antigo que desde o princípio tivestes” (I Jo.2:7). Quem assim procede não agrada a Deus (Is.29:13; Mc.7:7; Tt.1:14).
- Mas há, também, aqueles que condicionam a obra perfeita da salvação em Cristo Jesus a “remendos”, tais como “quebras de maldições”, “maldições hereditárias” e outras invencionices, como se o sacrifício de Jesus tivesse sido insuficiente para salvar a humanidade. “O tempo está cumprido” e, portanto, nada mais resta para ser feito para remir o homem de seus pecados.
- O homem é liberto tão só pela fé em Cristo Jesus, pela fé na verdade, pois a verdade, que é a Palavra (Jo.17:17), o próprio Verbo de Deus (Jo.1:1; 14:6; Ap.19:13), é suficiente para nos libertar (Jo.8:32,36). O conhecimento da verdade é que nos liberta e, por isso, devemos, uma vez cientes da mensagem do “reino de Deus”, passar a conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor (Os.6:3).
Dizer que “o tempo está cumprido” é ter consciência de que sabemos em que tempo está a viver, é identificar “os sinais dos tempos” (Mt.16:3). Como afirma a Constituição pastoral “Gaudium et spes”, um dos principais documentos católicos romanos do Concílio Vaticano II (1962-1965) :”…a Igreja, a todo momento, tem o dever de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho, de tal modo que possa responder, de maneira adaptada a cada geração, às interrogações eternas sobre o significado da vida presente e futura e de suas relações mútuas…” (Gaudium et spes, nº 4).
- A incompreensão dos “sinais dos tempos” faz com que não se esteja no “reino de Deus”. Israel, por ter rejeitado o “reino de Deus”, não soube compreender que estava a perder o “tempo da visitação do Rei”, o que provocou o choro do Senhor sobre Jerusalém (Lc.19:41-44).
- Os discípulos, após a ascensão do Senhor e a partir do dia de Pentecostes, demonstraram ter consciência de que tempo estavam a viver: o tempo de pregação do Evangelho e do “reino de Deus” até que o Senhor viesse a voltar para estabelecer o Seu reino milenial (At.3:18-21). Esta consciência de que tempo estamos a viver é, também, renovada na participação da ceia do Senhor (I Co.11:26).
Quando temos noção de que “o tempo está próximo”, passamos a remir o tempo, sabendo que os dias são maus (Ef.5:16). “Remir o tempo” é aproveitá-lo para fazer a obra de Deus, dar prioridade às “coisas de cima” (Cl.3:1,2), sabendo que não é aqui o nosso descanso (Mq.2:10), de que temos de fazer a obra do Senhor enquanto é dia, porque a noite vem quando ninguém mais pode trabalhar (Jo.9:4).
- Lamentavelmente, muitos, nos dias hodiernos, por não terem a noção de que “o tempo está cumprido”, estão a desperdiçar o seu tempo com coisas que para nada aproveitam, inclusive nas igrejas locais. Na atualidade, são poucos os que cristãos se dizem ser que estão a realizar a obra do Senhor, transformando as igrejas locais em verdadeiros “clubes sociais”, onde só há folguedos, confraternizações, exibições artísticas, mas onde não mais se evangeliza, não mais se procura remir o tempo ganhando almas para o Senhor Jesus, nem tampouco fazendo coisas que edifiquem a nossa vida espiritual, tais como a busca da presença de Deus em orações, jejuns e consagrações, a busca das bênçãos espirituais (batismo com o Espírito Santo, dons espirituais). Acordemos, amados irmãos!
Quem tem a noção de que “o tempo está cumprido”, além da dimensão do serviço cristão, de que falamos, também passa a andar com sabedoria para com os que estão de fora, ou seja, passa a dar um bom testemunho ante os incrédulos (Cl.4:5). Somente quem sabe em que tempo está a viver cuida para que sua vida seja uma prova de que está a caminhar para o “reino de Deus”, zela para que seja uma efetiva e sincera testemunha de Cristo Jesus. A noção de que “o tempo está cumprido” leva-nos à dimensão do testemunho cristão. Temos sido testemunhas do Senhor (At.1:8)? Somente com bom testemunho, poderemos pregar eficazmente o “reino de Deus” (At.28:23).
- Mas nem todos estão conscientes de que “o tempo está cumprido” e que o Senhor Jesus pode voltar a qualquer momento para arrebatar a Sua Igreja, apesar dos “sinais dos tempos” que mostram o cabal cumprimento de tudo quanto o Senhor Jesus deixou assinalado como sinais de Sua vinda (Mt.24:4-14). Muitos, notadamente nestes dias em que vivemos, dias da iminência do arrebatamento da Igreja, estão a descuidar da análise dos “sinais dos tempos”, começando a duvidar da volta de Cristo e, exatamente por não entenderem em que tempo estamos, andam após as suas próprias concupiscências (II Pe.3:3,4). Por isso, não deixemos de atender ao conselho de Nosso Senhor: “…quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas” (Mt.24:34).
III - A MENSAGEM DO REINO DE DEUS - “O REINO ESTÁ PRÓXIMO”
- Mas Jesus não Se limitou a pregar que “o tempo estava cumprido”, mas, também, que “o reino de Deus estava próximo”(Mc.1:15). “…A expressão bíblica ‘é chegado’ ou ‘está próximo’ (Mc.1:15) não é uma afirmação categórica de que uma pessoa ou coisa que chegou aparecerá imediatamente, mas apenas que essa pessoa ou coisa é iminente. Quando Cristo apareceu ao povo judeu, o próximo evento que deveria ocorrer na ordem da revelação, de acordo com a forma com o que o povo a entendia, era o estabelecimento do reino davídico. Mas Deus havia estabelecido que, antes disso, ocorreria a rejeição e a crucificação do Rei (Sl.22; Is.53). O longo período da forma secreta do reino (Mt.13:11) - a pregação da cruz por todo o mundo e o chamado da Igreja para sair do mundo - ainda se achava oculto nos conselhos secretos de Deus (Mt.13:11,17; Ef.3:3-12)….” (Bíblia de Estudo SCOFIELD, nota a Mt.4:17, p.854).
- Jesus anunciava aos judeus que “o reino de Deus estava próximo” ou que “o reino de Deus havia chegado”. Foi o que mandou Seus discípulos pregarem às ovelhas perdidas da casa de Israel quando comissionados, de dois em dois, a percorrer todas as aldeias judaicas (Lc.9:2,60; 10:9,11).
- A pregação de Nosso Senhor tinha o propósito de fazer o Seu povo crer que Ele era o Messias e que, através da fé n’Ele, poderiam ser salvos e passar a “ver o reino de Deus” por intermédio do novo nascimento, como afirmou para o príncipe Nicodemos (Jo.3:3).
- Os judeus aguardavam um reino visível, um reino material poderoso, um novo tempo de conquistas militares e de pujança política como fora o reinado de Davi, mas o Senhor foi bem claro ao ensinar-lhes que o “reino de Deus” não viria com aparência exterior e que já se encontrava no meio do povo de Israel, ainda que imperceptível aos olhos humanos (Lc.17:20,21). Para Pilatos, o Senhor fez questão de dizer que Seu reino não era deste mundo (Jo.18:36), reino que é formado por todos aqueles que creem no testemunho da verdade dado por Cristo (Jo.18:37; II Jo.4).
- Por isso, ao falar dos “mistérios do reino dos céus” (Mt.13:11) ou “mistérios do reino de Deus” (Mc.4:11; Lc.8:10), o Senhor Jesus descreve o “reino de Deus” como o “grão de mostarda”, a “menor de todas as sementes” que, crescendo, se torna a “maior das plantas” (Mt.13:32; Mc.4:31,32; Lc.13:19), como o “tesouro escondido” que é adquirido pelo Senhor Jesus (Mt.13:44), como “a pérola de grande valor”, igualmente adquirida pelo Salvador (Mt.13:45,46).
Para se perceber a proximidade do “reino de Deus” se faz preciso, portanto, crer em Jesus. Semesta fé, o máximo que o homem faz é tatear, tentar apalpá-lo na escuridão, nas trevas, na cegueira espiritual em que se encontra por obra do deus deste século (At.17:27; II Co.4:3,4). Mesmo o entendimento das Escrituras hebraicas, o aprofundamento no estudo da lei somente fazia com que o homem se tornasse próximo do “reino de Deus”, sem que, no entanto, fosse suficiente para que ele pudesse vê-lo (Mc.12:28-34).
- Por isso, o Senhor Jesus disse que o “reino de Deus” tem de ser recebido como uma criança (Mc.10:15; Lc.18:17),  pois a criança é crédula, em virtude de sua inocência crê em tudo que se lhe diz, sem que apresente qualquer dúvida ou vacilação. Ao pregar que “o reino de Deus havia chegado” ou “estava próximo”, o Senhor suscitava o Seu povo a crer n’Ele como o Messias, sem o que não poderia “ver o reino de Deus” nem tampouco n’Ele entrar. O apóstolo Paulo, anos depois, faria o mesmo com os judeus sediados em Roma (At.28:23).
- A rejeição de Jesus por Israel está vinculada, precisamente, a esta incredulidade. Quando houve, por parte dos fariseus e dos saduceus, o pedido de um sinal do céu, Jesus denunciou a sua hipocrisia e falta de discernimento dos “sinais dos tempos” (Mt.16:1-4; Mc.8:11-12). Por isso mesmo, disse-lhes que os publicanos e as meretrizes entrariam no “reino de Deus” adiante deles, apesar de toda a religiosidade que apresentavam (Mt.21:31,32).
- Assim como a geração do êxodo não entrou na Terra Prometida por causa de sua incredulidade, perecendo no deserto (Hb.3:19), também muitos não entrarão no “reino de Deus”, apesar de ele já ter chegado, de ele estar próximo, porque não crerão em Cristo Jesus. Só recebe o “reino de Deus” aquele que crer em Jesus como único e suficiente Senhor e Salvador (Jo.1:14).
Um dos grandes obstáculos que se apresenta para alguém conseguir entrar no “reino de Deus” é a confiança nas riquezas (Mt.19:24; Mc.10:23-25; Lc.18:24,25). Quem confia nas riquezas, nas coisas desta vida não consegue ver o “reino de Deus” e cria grande, imensa dificuldade para nele entrar, pois o cuidado com as coisas deste mundo e a sedução das riquezas matam aqueles que haviam recebido a semente da Palavra (Mt..13:22).
- Aqui devemos não só entender as riquezas do ponto-de-vista material, mas também do ponto-de-vista espiritual. No sentido espiritual, “confiar nas riquezas” é confiar em si próprio, é achar-se autossuficiente, ou seja, entender que não se precisa de Deus, é crer na mentira satânica de que se pode ser igual a Deus (Gn.3:5). Quem se acha rico, neste sentido, está perdido (Ap.3:15-17). Por isso, o Senhor disse que aos pobres pertence o “reino de Deus” (Lc.6:22), ou seja, como muito bem explica o Catecismo da Igreja Romana, “o Reino pertence aos pobres e aos pequenos, isto é, aos que o acolheram com um coração humilde…” (§ 544 CIC), aqueles que, como Davi, reconhecem-se como pobres e necessitados de Deus (Sl.40:17).
- Muito pelo contrário, o Senhor Jesus, no sermão do monte, foi claríssimo ao dizer que devemos “buscar primeiramente o reino de Deus e a sua justiça” (Mt.6:33), o que se repetiu no chamado “sermão da planície” (Lc.12:31), separando a “busca do reino de Deus” da “busca da satisfação das necessidades terrenas”, tratadas como “coisas que seriam “acrescentadas” (Mt.6:31,32).
- Por isso, uma das grandes armas que o inimigo de nossas almas tem se valido, nestes nossos dias, é, precisamente, a chamada “teologia da prosperidade”, que tem apresentado para os incautos um “reino de Deus” visível, palpável, financeiramente agradável. As pessoas têm, então, perseguido e buscado um “reino de Deus” com aparência exterior, que seja crido pelos olhos humanos, pelos olhos carnais e não pela fé. Tais pessoas, por confiarem nas riquezas e não em Cristo Jesus, estão caminhando celeremente para as trevas exteriores, terão o mesmo destino daqueles que buscavam “sinal do céu” e que foram chamados pelo Senhor de “hipócritas”. Tomemos cuidado, amados irmãos! Qual é o nosso “reino de Deus”? Como é triste vermos que muitos púlpitos têm substituído a “mensagem do reino de Deus” por esta mensagem das coisas terrenas!
- Infelizmente, nos dias difíceis em que vivemos, muitos são os que, a exemplo até dos discípulos (Lc.19:11), esperam a manifestação do “reino de Deus” com aparência exterior, com pompa e circunstância, com grandiosidade material e visível, sem qualquer esforço. No entanto, o Senhor Jesus foi claro ao mostrar que “o reino de Deus” não só se mostraria sem aparência exterior, como demandaria, para o seu crescimento, o esforço dos Seus discípulos (Lc.16:16 “in fine”). Para impedir que os discípulos achassem que “o reino de Deus” viria quando o Senhor chegasse a Jerusalém, o Senhor lhes contou a parábola das dez minas, a mostrar que o Senhor faria “uma longa viagem” e que, durante este tempo, deveriam Seus discípulos negociar até que Ele voltasse (Lc.19:12,13).
Jesus disse que deveríamos buscar o “reino de Deus” e a sua justiça. Assim, não basta recebermos o “reino de Deus” pela fé, mas esta fé tem de ser viva, a ponto de nos fazer justos, de termos justiça que exceda a dos escribas e fariseus, sem o que não entraremos no “reino de Deus” (Mt.5:20).
- Não podemos nos esquecer que os injustos não herdarão o “reino de Deus” (I Co.6:9), nem aqueles que praticam o pecado, que fazem do pecado uma maneira de viver (I Co.6:10). Por isso, temos que aumentar nossa justiça e nossa santidade a cada instante, a cada momento (Ap.22:11). É a fé que nos faz receber o “reino de Deus”, mas quem vive pela fé é, necessariamente, um justo (Rm.1:17).
- A fé é indispensável para que se veja e se entre no reino de Deus, mas a entrada nele demanda esforço, uma contínua luta contra a carne, o mundo e o diabo. A vitória que vence todos estes obstáculos que se nos colocam a cada instante de nossa jornada para o céu é a nossa fé (I Jo.5:4). Por isso, Paulo e Barnabé exortavam os crentes a permanecerem na fé, pois, havendo tal fé permanente, não se deixariam abalar pelas muitas tribulações que virão, certamente, em nossa jornada rumo ao “reino de Deus” (At.14:22).
- Para alimentar e incentivar a nossa fé, o “reino de Deus”, embora não tenha aparência exterior, é apresentado aos homens através da “cooperação do Senhor” com os Seus servos, por intermédio de sinais e maravilhas (Mc.16:20). Jesus disse que um dos sinais de que “o reino de Deus” havia chegado era, precisamente, o fato de haver expulsão de demônios e cura de enfermidades (Mt.12:28; Lc.9:2,11; 10:9; 11:20).
- O apóstolo Paulo foi enfático ao afirmar que o “reino de Deus” não consiste em palavras, mas em virtude (I Co.4:20). Como, então, anunciar o “reino de Deus” sem que haja tais sinais? Felipe anunciou aos samaritanos o “reino de Deus”, mas demonstrou a sua presença pelos sinais e maravilhas que ali se realizaram (At.8:6-13).
- Não devemos pregar sinais nem maravilhas. Nossa pregação é o “reino de Deus”, é Cristo Jesus, mas, sem sinais ou maravilhas, como podemos demonstrar aos homens que “o reino de Deus é chegado”, que “o reino de Deus está próximo”? Busquemos o “reino de Deus” e a sua justiça e, certamente, receberemos a cooperação do Senhor para confirmar que o “reino de Deus” está entre nós!
IV - A MENSAGEM DO REINO DE DEUS - ARREPENDEI-VOS
- Mas a pregação de Jesus não parava na proclamação do cumprimento do tempo nem da chegada do “reino de Deus”. O Senhor também pregava que os judeus deveriam se arrepender dos seus pecados, residindo aqui o papel de precursor que João, o último profeta da antiga aliança, desempenhou, pois ele, preparando o caminho do Senhor, também veio pregando o arrependimento dos pecados, arrependimento a ser demonstrado pelo batismo (Mt.3:2; Mc.1:4; Lc.3:3; At.19:4).
Para “ver o reino de Deus” é necessário nascer de novo (Jo.3:3). Este novo nascimento, que é do Espírito (Jo.3:6), nada mais é senão o resultado do arrependimento dos pecados pela fé em Cristo Jesus (Jo.16:8,9).
Para que haja salvação é indispensável que haja arrependimento dos pecados (At.2:37,38), arrependimento que significa mudança de mentalidade (a palavra grega para arrependimento é “metanoia” - ???????? -, cujo significado é precisamente o de “mudança de mente”) , mudança de comportamento, abandono do pecado, um arrependimento que é a tristeza segundo Deus (II Co.7:10). Quando há arrependimento, a pessoa deixa as trevas e vem para a luz, passando a praticar boas obras (Jo.3:21), pois foi chamado das trevas para a maravilhosa luz do Senhor (I Pe.2:9).
- A pregação do Evangelho é a pregação para que as pessoas se arrependam de seus pecados. Não há como se pregar o Evangelho sem, antes de mais nada, mostrar aos homens de que eles são pecadores e precisam de salvação na pessoa de Jesus Cristo.
- Na atualidade, proliferam outros evangelhos, que, ao invés de mostrarem aos homens de que eles são maus e necessitam se arrepender de seus pecados e obter o perdão divino pela fé em Cristo Jesus, procuram lustrar o ego dos seres humanos, dizer-lhes de que eles são bons e que Deus os aceita do jeito que estão e que eles não precisam mudar a sua vã maneira de viver. São falsos evangelhos, que querem apenas arrebanhar adeptos, simpatizantes, mas que não têm como objetivo e finalidade trazer o homem à comunhão com Deus, o que somente se fará mediante a retirada dos pecados, que são os responsáveis pela separação que há entre Deus e a humanidade (Is.59:2).
- Este discurso da “bondade inerente à natureza humana” é mais um dos ardis de Satanás para impedir que os homens alcancem a salvação. Os homens são maus (Mt.7:11), embora tenham sido criados perfeitos por Deus (Gn.1:31; Ec.7:29), têm uma natureza pecaminosa, na qual não há bem algum (Rm.7:18) e, por isso, Jesus veio ao mundo, para pagar o preço da redenção do homem com o Seu próprio sangue e, por meio deste sacrifício, tirando o pecado do mundo, permitir ao homem, por graça, i.e., por favor imerecido, restabelecer a comunhão com Deus.
É absolutamente necessário que preguemos aos homens a necessidade do arrependimento dos pecados. Sem arrependimento, não há como se alcançar a salvação. O Espírito Santo convence o homem do pecado, para que ele creia em Jesus e obtenha o perdão de suas iniquidades, mas para que haja este convencimento é mister que preguemos a Palavra, através da qual vem a fé que salva o homem (Rm.10:17), Palavra que mostra a necessidade do arrependimento.
-  O arrependimento é a reação humana ao amor de Deus, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4), é o primeiro ato humano do processo da salvação. Por isso, o nosso adversário busca, de todas as maneiras, impedir que haja tal atitude por parte do homem, atitude que, entretanto, é indispensável para que possamos ver “o reino de Deus”, pois, sem que o vejamos, não há como podermos nele entrar.
O arrependimento importa no abandono da vida pecaminosa, pois somente seremos de Deus se não mais vivermos pecando (I Jo.3:6-10). O arrependimento leva-nos a mudar de orientação em nossas vidas, à conversão, de sorte que passamos a ser “novas criaturas” (II Co.5:17; Gl.6:15), com um comportamento totalmente distinto daquele que tínhamos antes de nos encontrarmos com o Senhor Jesus (Ef.4:20-32; Cl.3:5-14). O “filho do reino” não tem mais a forma do mundo, mas é uma pessoa transformada, diferente (Rm.12:2), uma pessoa que se converteu dos ídolos para servir o Deus vivo e verdadeiro (I Ts.1:9).
- Atualmente, muitos têm se iludido com um discurso de que “Deus só quer o coração”, discurso este que busca justificar uma forma pecaminosa de viver, como se o Senhor estivesse pronto a aceitar o homem de qualquer maneira. Isto é mentira, amados irmãos! Deus quer, sim, o coração do homem (Pv.23:26a), mas com o propósito de fazer com que o homem passe a observar os Seus caminhos (Pv.23:26b).
- Deus quer o coração para transformá-lo, fazer com que o coração de pedra se torne um coração de carne (Ez.11:19; 36:26), ou seja, Deus quer o nosso coração velho, endurecido com os pecados, de onde procedem todos os males (Mt.15:19), para nos dar um coração novo, um coração sensível e obediente ao Senhor. Deus quer que recebamos um coração circuncidado, ou seja, que o homem interior sele uma aliança de obediência e submissão a Deus (Dt.10:16; Jr.4:4; Rm.2:29). Em outras palavras: Deus quer o nosso arrependimento, a nossa conversão.
- É assaz preocupante vermos, na atualidade, que, além de não se pregar mais sobre a necessidade do arrependimento dos pecados, há um grande descuido na apreciação daqueles que se aproximam e passam a frequentar as igrejas locais. Muitos têm sido inseridos na vida eclesiástica mesmo sem demonstrarem estar a dar frutos dignos de arrependimento. Há muitos inconversos a participar das atividades nas igrejas locais em grave prejuízo à vida espiritual de todos que ali estão. “Arrependei-vos” é a mensagem do “reino de Deus”, pois nenhum pecador herdará este reino (I Co.6:9,10; Gl.5:19-21). Lembremos disto!
V - A MENSAGEM DO REINO DE DEUS - CREDE NO EVANGELHO
A última parte da pregação do “reino de Deus” feita por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo era “crede no Evangelho”. Já vimos que a fé é indispensável para que vejamos e, depois, entremos no “reino de Deus”. Aqui o Senhor enfatiza esta absoluta necessidade da fé, fé que deve ser no Evangelho, ou seja, nas boas novas de salvação, no poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, tanto do judeu quanto do gentio (Rm.1:16).
- A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17). Por isso, devemos pregar a Palavra, pois é ela a portadora da fé salvadora que, com origem em Deus, chega aos ouvidos do pecador e tem de descer ao seu coração para que ele obtenha a sua salvação.
Crer no Evangelho não é fácil, é algo que somente poderia provir de Deus(Ef.2:8). O homem, por si só, cegado pelo deus deste século (II Co.4:4), não tem condições de ver o “reino de Deus”, a menos que seja iluminado pela luz do Evangelho de Cristo.
Para se ver o “reino de Deus”, deve-se crer no Evangelho, ou seja, na Palavra que é pregada, mas, lembremos, nem todos darão crédito à pregação (Is.53:1). Na verdade, o Senhor, ao desvendar os “mistérios do reino de Deus”, mostrou, na parábola do semeador, que a semente da Palavra encontrará sempre quatro espécies diferentes de terreno e que em somente um deles haverá frutificação permanente (Mt.13:1-9, 18-23).
- Por isso, não podemos nos iludir com a falácia dos “métodos de crescimento de igreja” que têm infestado as igrejas locais nestes últimos tempos. A fé não é de todos (II Ts.3:2 “in fine”) e, máxime nos dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, a fé será algo raro sobre a face da Terra (Lc.18:8), pois serão dias em que muitos apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (I Tm.4:1).
- Esta busca por um crescimento numérico, quantitativo, que tem caracterizado os que cristãos se dizem ser em nossos dias nada mais é que operação destes espíritos enganadores, que não entendem em que tempo estamos a viver. O “reino de Deus” cresce, sim, de forma imperceptível aos olhos humanos, é o “grão de mostarda” que de menor semente se torna a maior das plantas (Mt.13:32), mas que não deixa de ser “o pequeno rebanho” (Lc.12:32), pois muitos do que estão no meio deste povo são tão somente “joio no meio do trigo” (Mt.13:25,26,38,39), “os peixes ruins que estão junto com os bons” (Mt.13:47,48), “o fermento que é lançado nas três medidas de farinha” (Mt.13:33).
- Crer no Evangelho é crer no poder de Deus que é a salvação de todo aquele que crê. Por isso, como bem diz um querido irmão que conosco frequenta o estudo dos professores de EBD em nossa igreja local, o Evangelho não precisa de defensores, como muitos estão a arrogar por aí, mas, sim, de seguidores, de pessoas que se comprometam a nele crer e a viver segundo os seus ditames e ensinos.
- Crer no Evangelho é fazer o que Jesus manda, demonstrando assim amor para com Nosso Senhor (Jo.14:15; 15:10,14).
- Muitos, atualmente, entretanto, não creem no Evangelho, tanto que estão a buscar subterfúgios, como se o Evangelho de Jesus Cristo fosse algo fraco, não fosse o poder de Deus. Assim, buscam artifícios, métodos para “estimular” e “incentivar” a fé do povo, gerando um sem número de “amuletos” para que o povo creia. Surgem, então, as “toalhinhas”, os “lenços ungidos”, os “sabonetes de extrato de arruda”, os “tijolos da prosperidade”, as “rosas ungidas”, as “chaves ungidas”, os “molhos de trigo ungidos”, as “águas bentas” e tantas outras invencionices, tudo a indicar que são pessoas que não creem no Evangelho, que acham que o Evangelho precisa ser complementado por coisas criadas pelos homens.
Crer no Evangelho é dar crédito às promessas de Deus e, em virtude disto, pregar a Palavra e ter a certeza de que esta Palavra será confirmada com os sinais que seguem aos que creem. É não ter medo de apontar o pecado aos homens e chamá-los a ter fé em Cristo Jesus, dizendo-lhes que Cristo liberta dos vícios, dos males, das doenças e que transformará a criatura, mas que tudo tem de começar pelo arrependimento dos pecados.
Crer no Evangelho é renunciar às concupiscências do mundo, à sua impiedade e passar a ter uma vida sóbria, justa e pia neste presente século (Tt.2:12), mesmo que isto custe caro (II Co.11:23-28), mesmo que isto represente o ódio do mundo contra quem assim passa a viver (Jo.15:18-20).
Crer no Evangelho é não se deixar iludir com este mundo, é ter consciência de que o mundo e a sua concupiscência são passageiros e não devem ser amados (I Jo.2:15-17), mas manter a viva esperança de, um dia, que está tão próximo, ingressaremos no “reino de Deus” para sempre ali estarmos com o Senhor (Fp.3:20,21; I Ts.1:10; Tt.2:13; I Pe.1:3,4; II Pe.3:13; I Jo.3:2,3).
Crer no Evangelho é não buscar complementar a Palavra de Deus com “mandamentos de homens”, com “vãs filosofias”, sabendo que o “reino de Deus” não é comida nem bebida mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Rm.14:17). Quem crê no Evangelho não se prende a uma vida religiosa exterior, mas, pelo contrário, sabe que o Evangelho produz no homem a justiça, que vem pela fé (Rm.5:1); a paz com Deus, pelo perdão dos pecados (Rm.5:1) e a comunhão com o Senhor, por meio do Espírito Santo, que traz ao homem não só a alegria da salvação, mas uma vida de alegria e de manifestação do poder de Deus (Rm.8:14-18).
- Será que temos pregado e, principalmente, vivido a mensagem do reino de Deus trazida por Nosso Senhor e que temos o dever de prosseguir a anunciar? Pensemos nisto!
Caramuru Afonso Francisco
Publicado no Portal EBD