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sábado, 18 de agosto de 2012

O PASTOR PROFISSIONAL







Sempre que um pastor for indagado sobre a sua profissão, qual deve ser a resposta? Incomoda-me quando afirmam que são pastores, ou seja, que a profissão que exercem é a de pastor. Quando tenho oportunidade de conversar com esses colegas mais próximos, sugiro que respondam: autônomo em vez de pastor. É claro que muitos discordam.

Mas o tipo de resposta a ser dada não é o problema que quero levantar nessa postagem. O ponto está mais além e é muito mais complexo. Inicialmente quero iniciar definindo o que significa ser um pastor e o que significa ser um profissional. 

Por pastor entendo um ministério, um serviço dedicado ao Reino, ou seja, alguém que exerce o dom do Espírito Santo no cuidado de um rebanho de acordo com as normas contidas nas Escrituras. É um trabalho que não visa a promoção pessoal e nem o lucro, embora dele retire o seu sustento. Trata-se de um ministro do Evangelho. Por profissional entendo alguém que luta por uma carreira bem sucedida que se estabelece pelo reconhecimento vindo de outras pessoas. Também é a busca do progresso técnico que exige resultados mensuráveis cujo corolário é a recompensa que surge por meio de altos salários e de uma boa aposentadoria. 

Não há nenhum problema em ser um bom profissional na empresa ou na instituição pública. A questão é quando o ministério pastoral se profissionaliza. Isso, sim, traz prejuízos à Igreja e ao propósito de Deus quanto ao amparo e, até mesmo, a proteção do povo. Como já disse, o trabalho pastoral deve ser visto como um ministério. Trata-se de um servo que preside, de um pai que cuida, de um mestre que doutrina ou de um enfermeiro que trata. Resumindo, o pastor é aquele que dá a vida pelo rebanho e o vivifica pelo poder de Deus. 

Já o pastor profissional é aquele que não se dedica mais ao propósito principal no qual fora vocacionado. Ele passa a não mais se importar com a simplicidade do ministério. Sente necessidade de se perceber confortável e seguro de si e por si mesmo, não importando os prejuízos que isso possa causar à igreja. Busca um futuro previsível e um presente que satisfaça os desejos egoístas. A visão que possui passa a ser regida pelo humanismo e sente a necessidade de ser notado por aqueles que deslumbram o seu aparente sucesso. Ou seja, são pastores que pastoreiam a si mesmo, todo o seu esforço é direcionado aos interesses pessoais. 

Não tenho dúvidas que tudo isso causa dor e frustração no meio do rebanho que definha moribundo e desorientado, principalmente quando percebe que o alvo de seu líder espiritual não é mais as ovelhas, mas, sim, o próprio estômago enquanto fingem pastorear. 

Nessa altura surge uma pergunta: como podemos detectar alguém que deixou de ser um ministro do Evangelho e passou a ser um executivo eclesiástico? Como resposta, quero propor quatro características que são facilmente percebidas nesse tipo de gente: 

O pastor profissional é raso no ensino bíblico. Este é um ponto extremamente nocivo à igreja com conseqüências desastrosas. O pastor profissional não possui a menor preocupação em se debruçar sobre livros, comentários ou literatura que possam auxiliar no preparo dos sermões. Não há estudo sério da Palavra, não há compromisso com a Verdade. Tais indivíduos acreditam que podem ir ao púlpito toda a semana e falar o que lhe vem na mente naquele momento, sem se preocuparem com o fortalecimento do rebanho contra o pecado. A tônica é sempre humanista e tolerante sem que haja a denúncia contra o erro ou contra o mundanismo. Isso porque o pastor profissional teme ser confrontado e, por essa razão, sempre quer estar de bem com todos, principalmente com os crentes influentes do meio. 

O pastor profissional não se envolve pessoalmente com as ovelhas. Todos sabem que o pastoreio não se restringe aos principais cultos de domingo. Nenhum ministro de Deus se furta do envolvimento pessoal com o povo por meio do discipulado ou do aconselhamento. No entanto, o pastor profissional não leva em conta este importante cuidado individual. Não cultiva o hábito do pastoreio direto, do acompanhamento pessoal (por intermédio das visitas nas casas ou no trabalho em horário de folga), dos aconselhamentos, dos contatos por carta ou pela Internet (embora o relacionamento presencial seja insubstituível).

 Para ele tudo isso é perda de tempo. Por vezes a ovelha está necessitando de uma palavra orientadora, mas só consegue ser ouvida quando procura o psicanalista ou o líder de outra denominação mais próxima de si cuja teologia é, muitas vezes, questionável. São casais que vivem sob forte crise, relacionamentos desgastados entre filhos e pais, desempregos que desesperam o coração, enfermidades que atemorizam. São pessoas que gritam em silêncio sem, contudo, obter eco do seu clamor. O pastor que possuem só pode vê-las aos domingos na porta da igreja ao final do culto e que se limita em dizer a mesma frase por anos a fio: “como vai? Que tenhas uma semana abençoada”. Nada mais que isso. Essas pobres ovelhas nunca serão encorajadas a seguir em frente, nunca serão visitadas, nunca serão aconselhadas, nunca receberão uma mão amiga e confiável. Ou seja, nunca experimentarão o que é ser pastoreada, pois não possuem líderes amigos. Esses tais são apenas meros profissionais. 

O pastor profissional só se preocupa consigo mesmo. Personalismo parece ser a palavra de ordem em alguns centros evangélicos. São pessoas que passam a vida lutando por um espaço na mídia. O resultado é o desperdício de milhões de reais utilizados para pagar campanhas inócuas ou programas televisivos vazios que nada dizem além de discursos de auto-ajuda. Mas esse desejo não se restringe aos grandes eventos ou aos grandes espaços continentais. Há também aqueles que desejam fama em seu pequeno universo. Pode ser um Presbitério, uma pequena região ou até mesmo uma igreja local. O alvo é a bajulação que surge por causa de uma pretensa espiritualidade ou de uma suposta inteligência respaldada por títulos e certificados alcançados. Não importa a causa, o importante é o estrelismo. É por isso que muitos pastores profissionais se preocupam com o crescimento numérico de seu rebanho em detrimento da qualidade, embora haja também os que se conformaram com o número reduzido do rebanho. Nesses casos, geralmente, a fama e o prestígio possuem outra fonte fora da igreja local. Outra preocupação desses pastores é a sua renda mensal, o seu ganho financeiro. Sempre defendem cinicamente seus bolsos sem, portanto, merecerem o que pleiteiam ganhar. Buscam apenas os seus direitos em detrimento dos legítimos direitos das ovelhas extorquidas. A meta é ter um emprego-igreja bem remunerado que lhe conceda estabilidade financeira.

O pastor profissional não é um homem de Deus. Isso significa a ausência de uma dependência total do Senhor na vida por meio do temor, da Palavra e da oração. São pessoas que confiam em si mesmas e não se importam em buscar de Deus a direção certa. Não sentem falta nenhuma de expressar a submissão ao Espírito, submissão esta que o próprio Jesus demonstrou quando esteve aqui entre nós. Não são homens de oração, não são homens da Palavra, não são homens piedosos. Nunca possuem uma vida devocional particular, nunca gemem por causa do pecado, nunca se importam com a vontade de Deus. Sempre agem friamente e com extrema impassibilidade diante de tudo que promove uma vida espiritual compromissada. Na maioria das vezes são irônicos ou cínicos no que dizem ou falam com respeito à piedade. Eles também agem despoticamente para que prevaleça a sua vontade, não obstante a capa de aparente mansidão. São vazios do poder de Deus, são como penhas que não podem alimentar ou fortalecer as ovelhas. 

Quero encerrar dizendo que, para mim, ser pastor profissional nada tem a ver com tempo integral ou parcial no ministério. O ministro pode retirar o seu sustento de um trabalho que não esteja ligado à sua igreja. Todavia, tal trabalho não pode comprometer o tempo de qualidade pertencente ao rebanho quanto ao preparo do sermão e quanto ao envolvimento pessoal. Entre um e outro, o pastorado é prioridade. Se um dos dois deve ser descartado ou penalizado, que seja o trabalho secular. 

Muitas igrejas padecem miséria espiritual porque estão debaixo de um pastor profissional que há muito deixou de ser um ministro de Deus. Vale ressaltar que essa mutação pecaminosa não acontece da noite para o dia, ela ocorre ao decorrer dos anos quando aquilo que causava genuíno espanto, preocupação ou interesse transforma-se em total irrelevância. O que era importante por pertencer ao Reino, passa a ser desprezado totalmente. 

Que Deus nos livre dos pastores profissionais que sufocam as igrejas até o seu extermínio. Que haja entre nós ministros sinceros e cônscios de que escolheram um excelente, sublime e perene trabalho conforme nos diz o Apóstolo Paulo.

Extraído do Blog Alfredo de Souza
SOLA SCRIPTURA

ABAIXO A CRISTIANOFOBIA









Está mais que claro que a lei da homofobia não se restringe à defesa dos direitos do cidadão que optou a homossexualidade como estilo de vida, até porque tais direitos já são amplamente garantidos em nossa Constituição Federal. O que querem na verdade é o passe livre para fazerem o que lhes der na telha sem conceder o direito de contra-resposta.


Isto ficou claro pela afronta que fizeram a alguns símbolos cristãos durante uma Parada Gay em São Paulo. Aliás, em nome de uma generalização irreal onde qualquer desacordo com a prática homossexual já está criminalizada sob o título de homofobia, alguns homossexuais se sentiram e se sentem no direito de expor publicamente a sua cristianofobia ou eclesiofobia.

Que tipo de regime é este reivindicado? O do silenciamento total? O do “eu tenho o direito de achincalhá-lo, mas você só possui o direito de se calar”? O que querem? Que façamos como alguns evangélicos de Chicago e empunhemos cartazes dizendo: “I'm sorry for how the church treated you”, ou simplesmente “I’me sorry”? Ou ainda: “façam o que quiser conosco, pois não temos o direito de nos defender”?

Vivemos numa democracia de direito(s) onde nenhuma opressão pode ser canonizada, nenhum regime pontual de exceção pode ser dogmatizado. Assim como qualquer um pode e deve exigir o seu direito de defender, praticar e ensinar a prática homossexual como cidadão livre perante a lei, eu também posso e devo exigir o meu direito de defender, praticar e ensinar a prática heterossexual como cidadão livre perante a lei. Aliás, tenho o direto de me posicionar contra várias práticas de natureza sexual como a do adultério, a da fornicação, a da prostituição, a da orgia, e de tudo aquilo que as Escrituras condenam como pecado.

Precisamos ter muito cuidado, pois, como afirmou Antonio Gramsci, as instalações autoritárias não ocorrem apenas pela força, mas também pelo consenso. O direito à cidadania antecede os interesses e os desinteresses de cada um. Assim como qualquer um, sou cidadão de direito e reivindico sê-lo de fato. Portanto, não pode haver consenso algum na aplicação de uma lei que autorizará a prática claramente excludente, não importando de que natureza esta lei seja.

Se os homossexuais querem respeito, devem também se dar ao respeito e respeitar as diferenças contidas na rede social.

Viva a liberdade! Abaixo a intolerância, seja ela de que natureza for!

Sola Scriptura

A teocracia revelada nas Escrituras Sagradas



 

 Artigos de Steve C. Halbrook » Escrito por: Steve C. Halbrook






Deus é o soberano governante de todas as coisas: “O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo” (Sl 103.19). A reivindicação de um governo universal por Deus deve-se ao fato de ele existir antes de todas as coisas (Jo 1.1,2), ser o Criador (Jo 1.3), Ordenador (Is 46.10) e Sustentador de tudo (Cl 1.17), e ser a única fonte de justiça (Sl 89.14) e bondade (Lc 18.19). Todas as coisas, portanto, são em todos os aspectos propriedade de Deus (Sl 24.1, 2; cf. Rm 9.20-23; Is 10.15). O governo soberano de Deus sobre todas as coisas é o ponto de partida para a teocracia bíblica.

O significado básico de teocracia é “governo de Deus”. O termo é derivado das palavras gregas theos, significando Deus, e kratos, significando poder, força ou governo. No primeiro século, Josefo, o famoso historiador judeu, cunhou a palavra “teocracia” e definiu-a como “colocar toda soberania e autoridade nas mãos de Deus” (Against Apion, 2.164-165). [1] Embora a palavra teocracia não esteja na Bíblia, de capa a capa o seu significado é ensinado de maneira clara: Deus governa sobre tudo.

“Teocracia” pode ser entendida em contextos diferentes. Ela pode descrever a realidade do governo de Deus sobre todas as coisas (Dn 4.17; Mt 28.18). Pode também descrever o reconhecimento por parte do homem desse governo divino sobre todas as coisas (Pv 3.6; Sl 2.11-12).

Com respeito ao último sentido, que teocracia requer o reconhecimento do governo total de Deus, a teocracia bíblica começa com o indivíduo, i.e., a conversão do coração a Cristo (Ez 36.27). A teocracia de um cristão então começa na esfera do autogoverno. Visto que do coração “procedem as fontes da vida” (Pv 4.23, KJV), a partir do autogoverno, a teocracia de um cristão naturalmente flui para outras esferas de governo sob o governo de Cristo, incluindo a família, igreja e Estado.

Visto que Cristo é a cabeça de todas as esferas de governo, nenhuma esfera pode exercer monopólio de poder sobre outra; elas são restringidas pelo poder e autoridade de Cristo. Dessa forma, embora os poderes delas se sobreponham em alguns aspectos, nem a família nem a igreja têm a permissão de ter um controle autoritário sobre a outra. Deus é soberano sobre ambas. O mesmo conceito se aplica à Igreja e ao Estado: cada um responde a Deus como sua autoridade suprema, e não um ao outro.

É nesses dois pontos — a natureza ascendente (de baixo para cima) da teocracia e a separação da Igreja e Estado — que muitos se confundem. Com respeito ao primeiro, uma razão pela qual os humanistas temem a teocracia é por causa da mentalidade totalitária deles: eles pensam que a visão deles de que a sociedade muda somente via condicionamentos que partem do Estado, de cima para baixo, é partilhada pelos cristãos, os quais são vistos como competidores que apresentam uma forma rival de imposicionalismo.

Para o secularista, a ameaça vinda da teocracia é simbolizada pela entronização dos Dez Mandamentos num tribunal, escola ou lugar público. É por isso que eles veem a remoção do monumento do Juiz Roy Moore como uma vitória para o movimento de resistência à teocracia. Contudo, a teocracia é antes de tudo a entronização da lei de Deus no coração do crente, visto que todos os mediadores humanos, quer na Igreja ou no Estado, são removidos e o governo direto de Deus é colocado sobre o homem que se governa. A teocracia não é vindoura. Ela já está aqui! Em minha casa, relacionamentos e trabalho, eu não funciono em termos de democracia, oligarquia, monarquia, socialismo ou comunismo. Em todas as áreas da vida devo ser governado pelo governo direto de Deus (theos-kratos), através de Sua lei escrita em meu coração e mente. [2]

O humanismo, sendo uma cosmovisão que começa com o homem caído e pecador, não entende a transformação de baixo para cima, pois não entende o autogoverno (Rm 8.7; Gn 6.5). Embora a lei de Deus prescreva de cima para baixo, a sociedade deve abraçar esta lei de baixo para cima via regeneração pelo Espírito Santo. Quando isso acontece, uma teocracia nacional naturalmente se desenvolve onde a “lei revelada de Deus é suprema sobre todas as leis humanas, e é a fonte de todas as leis”. [3]

Ao rejeitar o controle soberano de Deus sobre a sociedade — incluindo o seu controle sobre o coração dos homens regenerados — o humanismo tenta preencher o vazio da soberania tentando o controle soberano do coração e ação dos membros da sociedade por meio da espada do Estado. Assim, de maneira não surpreendente, quando alguém menciona o governo na sociedade humanista de hoje, já se pensa instintivamente no Estado. Tal pensamento, por desconsiderar outras formas de governo, é “implicitamente totalitário”. [4]

Não devemos pensar no Estado como a única forma de governo, mas é isso o que a nossa sociedade faz; ela espera que o Estado governe as outras esferas de governo (família, igreja e indivíduo). [6]

Por contraste, uma teocracia bíblica irá naturalmente promulgar leis a partir da Bíblia, mas contrário aos temores humanísticos, tal sociedade é a única que não seria tirânica, visto que é a única sociedade possível que prioriza a regeneração, não a coerção. [5]

E assim, enquanto o humanismo impõe os seus ideias de cima para baixo, com espada e por meio de um Estado totalitário, a teocracia bíblica impõe os seus ideais primariamente de baixo para cima, isto é, por meio de corações em submissão direta a Cristo.


[1] Gary Demar, America’s Christian History: The Untold Story (Powder Springs, GA: American Vision Inc., 2007), 207, 208.

[2] Christopher J. Ortiz, “Theocracy Now!” Faith for all of Life, May/June 2007, 9.

[3] Joe Morecraft III, With Liberty & Justice For All: Christian Politics Made Simple (Sevierville, TN: Onward Press, 1991), 68.

[4] R.J. Rushdoony, God’s Law and Society: Foundations in Christian Reconstruction, Jay Rogers, ed. (Melbourne, FL: J.C. Rogers Production, 2006), 35. Acessado em 5 de maio de 2008, from http://forerunner.com/law/glsbook.pdf.

[5] Os humanistas liberais são mais consistentes em ver o Estado como “o governo”, já que defendem que tudo é um produto do meio, e, portanto, é o trabalho do Estado produzir o meio ideal, coagindo com a espada (i.e., governando o comportamento de) a família, igreja e o indivíduo (i.e., as outras esferas de governo). O governo de baixo para cima é impossível nessa visão, visto que o meio é externo ao indivíduo.

[6] Rushdoony descreve as alternativas humanista/cristã como “revolução ou regeneração”, respectivamente. Rousas John Rushdoony, The Roots of Reconstruction (Vallecito, CA: Ross House Books, 1991), 426.


Fonte: God is Just: A Defense of the Old Testament Civil Laws, p. 13-16.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – janeiro/2012

Se eu tiver fé, poderei fazer mais milagres do que Jesus? DITOS DIFÍCEIS DE JESUS - IV


Por Augustus Nicodemus





Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (João 14.12).

Jesus fez esta promessa aos seus discípulos na noite em que foi traído, antes de ir com eles para o Getsêmani, durante o jantar em que instituiu a Ceia. O Senhor falou que iria para o Pai preparar lugar para os discípulos (Jo 14.1-4), e em seguida explicou como eles chegariam lá (14.5-6). Respondendo ao pedido de Filipe para que lhes mostrasse o Pai, Jesus explica que Ele está de tal forma unido ao Pai, que vê-lo é ver o Pai (14.7-9). E como prova de que Ele está no Pai e o Pai está nEle, Jesus aponta para as obras que realizou (14.10-11). E em seguida, faz esta promessa, “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12).

Este dito de Jesus é difícil porque parece prometer que seus discípulos seriam capazes de realizar os milagres que Ele realizou, e até mesmo maiores, se somente cressem nEle – e pelo que lemos no livro de Atos e na história da Igreja, esta promessa não parece ter-se cumprido. Compreender o real sentido desta passagem tem se tornado ainda mais crucial pois ela tem sido usada, após o surgimento do movimento pentecostal e seus desdobramentos, para defender modernas manifestações miraculosas, iguais e maiores dos que as efetuadas pelo próprio Jesus Cristo.

Há duas principais tentativas de interpretar este dito de Jesus:

1. As “obras” são os milagres físicos realizados por Jesus

A interpretação popular e mais comum, aceita pela maioria dos evangélicos no Brasil (esta maioria, por sua vez, é composta na maior parte por pentecostais e neopentecostais), é que Jesus realmente prometeu que seus discípulos seriam capazes de realizar os mesmos milagres que Ele realizou, e mesmo maiores. É importante notar que muitos membros de igrejas históricas, como presbiterianos, batistas, congregacionais e episcopais, entre outros, também foram influenciados por este ponto de vista. Nesta interpretação, a palavra “obras” é entendida exclusivamente como se referindo aos milagres físicos que Jesus realizou, como curas, exorcismos e ressurreição de mortos. Os adeptos desta interpretação entendem que existem hoje pastores, obreiros e crentes com capacidade para realizar os mesmos milagres de Jesus – e até maiores. Defendem que curas, visões, revelações e de outras atividades miraculosas estão acontecendo no seio de determinadas igrejas nos dias de hoje, exatamente como aconteceram nos dias de Jesus e dos apóstolos. E desta perspectiva, se uma igreja evangélica não realiza estes sinais e prodígios, significa que ela é fria, morta, sem fé viva em Jesus.

Apesar desta interpretação parecer piedosa e cheia de fé (e é por isto que muitos a aceitam), tem algumas dificuldades óbvias. Primeira, apesar dos milagres que realizaram, nem os apóstolos, que foram os cristãos mais próximos desta promessa, parecem ter suplantado aqueles de Jesus, em número e em natureza. Jesus andou sobre as águas, transformou água em vinho, acalmou tempestades e suas curas, segundo os Evangelhos, atingiram multidões. Não nos parece que os apóstolos, conforme temos no livro de Atos, suplantaram o Mestre neste ponto. Segundo, a História da Igreja não registra, após o período apostólico, a existência de homens que tivessem os mesmos dons miraculosos dos apóstolos e que tenham realizado milagres ao menos parecidos com os de Jesus. Na verdade, os grandes homens de Deus na História da Igreja nunca realizaram feitos miraculosos desta monta, como Agostinho, Lutero, Wycliffe, Calvino, Bunyan, Spurgeon, Moody, Lloyd-Jones, e muitos outros. Os pregadores pentecostais que afirmam ser capazes de realizar milagres semelhantes, e ainda maiores, não têm um ministério de cura e milagres consistente e ao menos semelhantes aos de Jesus. O famoso John Wimber, um dos maiores defensores das curas modernas, morreu de câncer na garganta. Antes de morrer, confessou que nunca conseguiu curar uma criança com problemas mentais, e nem conhecia ninguém que o tivesse feito.  Os cultos de cura de determinadas igrejas neopentecostais alegam milagres que são de difícil comprovação. Terceiro, esta interpretação deixa sem explicação o resto da frase de Jesus: “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E por último, esta interpretação implica que os cristãos que não fizeram os mesmos milagres que Jesus fez não tiveram fé suficiente, e assim, coloca na categoria de crentes “frios” os grandes vultos da História da Igreja e milhões de cristãos que nunca ressuscitaram um morto ou curaram uma doença.

Esclareço que não estou dizendo que Deus não faz milagres hoje. Creio que Ele faz, sim. Creio que Ele é poderoso para agir de forma sobrenatural neste mundo e que Ele faz isto constantemente. O que estou questionando é a interpretação desta passagem que afirma que se tivermos fé faremos milagres maiores do que aqueles realizados por Jesus.

2. As “obras” se referem ao avanço do Reino de Deus no mundo

A outra interpretação entende que Jesus se referia obra de salvação de pecadores, na qual, obviamente, milagres poderiam ocorrer. Os principais argumentos em favor desta interpretação são estes:

a. A expressão “quem crê em mim” é usada consistentemente no Evangelho de João para se referir ao crente em geral, em contraste com o mundo que não crê. Examine as passagens abaixo:

Jo 6:35  Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.
Jo 6:47  Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
Jo 11:25-26  Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?
Jo 12:46  Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

Fica claro pelas passagens acima que aqueles que crêem em Jesus são os crentes em geral, e que a fé em questão é a fé salvadora. Por analogia, a expressão “quem crê em mim” em João 14.12 também se refere a todo crente, e não àqueles que teriam uma fé tão forte que seriam capazes de exercer o mesmo poder de Jesus em realizar milagres – e até suplantá-lo!

b. O termo “obras” referindo-se às atividades de Jesus, é usado no Evangelho de João para se referir a tudo aquilo que Ele fez, conforme determinado pelo Pai, para mostrar Sua divindade, para salvar pecadores e para glorificar ao Pai. Veja estas passagens: Jo 4:34; 5:20,36;  6:28,29; 7:3; 9:3,4; 10:25,32,33,37,38; 14:10,11; 14:12; 15:24; 17:4. O termo “obras” não se refere exclusivamente aos milagres de Jesus, muito embora em algumas ocorrências os inclua. No contexto da passagem que estamos examinando, Jesus usa o termo “obras” para se referir às palavras que Ele tem falado: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras” (Jo 14.10). É evidente, portanto, que não se pode entender o termo “obras” em Jo 14.12 como se referindo exclusivamente aos milagres físicos realizados por Jesus. O termo é muito mais abrangente e se refere à sua toda atividade terrena realizada com o fim de salvar pecadores: palavras, atitudes e, sem dúvida, milagres.

c. A frase “porque eu vou para junto do Pai” fornece a chave para entender este dito difícil. Enquanto Jesus estava neste mundo, sua ação salvadora era limitada pela sua presença física. Seu retorno à presença do Pai significava a expansão ilimitada do Reino pelo mundo através do trabalho dos discípulos, começando em Jerusalém e até os confins da terra. Como vimos, as “obras” que Ele realizou não se limitavam apenas aos milagres físicos, mas incluíam a influência dos mesmos nas pessoas e a pregação do Reino efetuada por Jesus. Estas obras, porém, estavam limitadas pela Sua presença física em apenas um único lugar ao mesmo tempo. As “obras maiores” a ser realizadas pelos que crêem devem ser entendidas deste ponto de vista: os discípulos, através da pregação da Palavra no mundo todo, suplantaram em muito a área de atuação e influência do Senhor Jesus, quando encarnado.

Adotar a interpretação acima não significa dizer que milagres não acontecem mais hoje. Estou convencido de que eles acontecem e que estão implícitos neste dito do Senhor Jesus. Entretanto, eles ocorrem como parte da obra de expansão do Reino, que é a obra maior realizada pela Igreja.

O dito de Jesus, portanto, não está prometendo que qualquer crente que tenha fé suficiente será capaz de realizar os mesmos milagres que Jesus realizou e ainda maiores – a Escritura, a História e a realidade cotidiana estão aí para contestar esta interpretação – e sim que a Igreja seria capaz de avançar o Reino de Deus de uma forma que em muito suplantaria o que Jesus fez em seu ministério terreno. Os milagres certamente estariam e estão presentes, não como algo que sempre deve acontecer, dependendo da fé de alguns, e não por mãos de pretensos apóstolos e obreiros super-poderosos, mas como resposta do Cristo exaltado e glorificado às orações de seu povo.

EX-GUEI, PASTOR SARGENTO ISIDÓRIO


EX-GUEI, PASTOR SARGENTO ISIDÓRIO, QUE TAMBÉM É DEPUTADO EM ENTREVISTA POLEMICA AO GRUPO METRÓPOLE

















De falta de patente ele não morre: deputado, pastor, sargento. Outra coisa farta na vida do deputado estadual Pastor Sargento Isidório é polêmica. Mesmo assim, ele garante que não é contra o exame da dedada (próstata) como todos pensam.
Foto: Dario Guimarães / Grupo Metrópole



 Jornal da Metrópole – O senhor se declara ex-gay. Mas, e as pregas, uma vez idas, podem voltar?

Pastor Sargento Isidório: Depende de quando você foi gay. Quando você é criança, as pregas são tão elásticas que não resolvem nada. Aí, Deus recompõe tudo, ainda mais quando a gente tem distância já disso.

JM: O senhor acredita então na hipótese de Léo Kret virar um ex-gay como o senhor?

PSI: Acredito! Primeiro que o gay não tem o que uma mulher tem. O médico pode cortar, mas será apenas um rombo, e o que Deus faz é diferente, é lubrificado... É por isso que o homem já nasce com um toquinho, a mulher com a xerequinha, tudo para a glória de Deus.

JM: O senhor prefere tomar 50 chicotadas ou fazer um exame de próstata?

PSI: Prefiro fazer exame de próstata. Isso foi um jornal que deturpou a minha fala sobre o toque retal. Mas eu já tinha, havia um mês, apresentado um projeto para fazer campanhas educativas para quebrar o tabu dos machistas. Agora, o segredo do toque retal é o sujeito não se apaixonar pelo médico (risos).

JM: O senhor carrega um botijão de gás nas costas na propaganda eleitoral. O treinamento para aguentar tanto peso no lombo foi nas horas de troca-troca na infância?

PSI: Ah, não. É porque o ‘bujão’ de gás sai da Refinaria Landulpho Alves por R$ 18 e nada justifica o gás custar R$ 35. É um protesto. Mas o meu botijão agora é de isopor, porque o meu filho João Paulo, que é doca [seria caolho?] de um olho, deu a sugestão. Aí eu ‘rumei-la’ mão no pescoço dele e disse ‘ô, seu infeliz, depois que eu tô com o ombro todo lascado que você vem falar?’ (risos).


Do blog de Mário Kertész