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sábado, 17 de janeiro de 2009

Crente assembleiano confuso quanto às línguas estranhas
Rafhael pergunta:

Vendo o senhor dando uma explicação no seu blog sobre sintomas do batismo no Espírito Santo, afirmo que não está à luz da Bíblia. Primeiro, Paulo faz uma pergunta irônica, em 1 Coríntios 12.30. Aqui ele mostra que nem todos falam línguas. E, no dia de Pentecostes, foram línguas idiomáticas.

Segundo, Paulo falou que nem todos falam línguas, então Deus escolheria batizar uns e outros não no Espírito Santo. A Bíblia fala que todos nós somos batizados em um só Espirito (1 Co 12.13). Pastor, desprenda-se das coisas da Assembléia de Deus. Sei que o Senhor não pode ir contra a doutrina assembleiana; eu sou da Assembléia, mas prefiro defender a Bíblia. Paz de Cristo para o Senhor.

Pastor Ciro responde:

Prezado Raphael, a paz do Senhor.

Em primeiro lugar, tenho um conselho a lhe dar: nunca fale sobre o que não conhece, pois o seu texto mostra o quanto se arrisca em um campo que desconhece. O irmão precisa, antes de tudo, conhecer a doutrina acerca da manifestação multiforme do Espírito Santo. Precisa, ainda, melhorar o seu texto, que, com toda a sinceridade, está sofrível. Se eu não o tivesse corrigido, seria praticamente impossível compreendê-lo. Falo isso para ajudá-lo, pois, se realmente quer argumentar sobre as doutrinas bíblicas em alto nível, primeiro precisa aprender a escrever de maneira minimamente inteligível, deixando de lado vícios adolescentes como “naum”, “vc”, “intao”, “mim respondeu” e principalmente os erros de concordância.

O irmão pode mesmo sustentar o que disse, biblicamente? Tem certeza de que a doutrina acerca do batismo com o Espírito Santo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, é antibíblica? Pode afirmar peremptoriamente que não existe o dom de variedade de línguas? Afinal, o irmão empregou 1 Coríntios 12.30 para defender as suas idéias, ignorando que três capítulos inteiros (1 Coríntios 12 a 14) tratam do assunto! Tenha cuidado, meu amado; a sua argumentação não resiste às Escrituras.

Segundo a Palavra de Deus, falar em línguas, antes de tudo, é um modo de dirigir-se a Deus, sobrenaturalmente (1 Co 14.2). E todos os crentes podem buscar esse dom, que está atrelado sim ao batismo com o Espírito Santo, um revestimento de poder para quem já é salvo (Lc 24.49; At 1.8). Mas o crente batizado com o Espírito pode também ser agraciado com o dom de variedade de línguas, pelo qual (em conexão com o dom de interpretação de línguas) pode-se transmitir mensagens da parte de Deus para a igreja (1 Co 14.5). As línguas estranhas fazem parte do culto, posto que sequer podem ser proibidas (1 Co 14.37-40; 1 Ts 5.19).

O irmão sugeriu que as línguas faladas, no dia de Pentecostes, foram idiomas aprendidos. Com base em que chegou a essa conclusão? Leia Atos 2.1-4 e veja que os crentes falavam conforme o Espírito lhes concendia que falassem. Ainda que os representantes de nações entenderam as línguas, os emissores não as conheciam. Ademais, o apóstolo Pedro, no mesmo capítulo, explica que o que estava acontecendo era o cumprimento da promessa registrada em Joel 2.28,29, que alude ao derramamento do Espírito Santo.

Segundo a Palavra de Deus, em 1 Coríntios 14, para interpretar as línguas (numa alusão ao dom de variedade de línguas), é preciso orar, haja vista serem elas sobrenaturais, e não idiomas aprendidos (v.13). Quem sabe inglês, por exemplo, não precisa orar para interpretar uma pessoa que fala nesse idioma, não é mesmo?

Quando o apóstolo Paulo disse que nem todos falam línguas, não se referiu ao batismo com o Espírito, e sim ao dom de variedade de línguas, distinção que o irmão desconhece. Aprofunde-se no assunto, pois, em razão de sua dificuldade de compreensão, não poderei avançar em minhas considerações. Mas escrevi o que escrevi para que o irmão e outros que pensem da mesma forma sejam estimulados a estudar mais antes de quererem discorrer sobre o que desconhecem.

Outrossim, não confunda o batismo com o Espírito Santo (que é um revestimento de poder para quem já é salvo) com o batismo realizado pelo Espírito no momento da conversão, ao “mergulhar” o novo crente no Corpo de Cristo, a Igreja (1 Co 12.13). Insisto: o irmão precisa estudar mais, em meditação, a Palavra de Deus, antes de tirar conclusões precipitadas.

Portanto, como se vê, não sou eu quem tenho de me despreender do assembleianismo, e sim o irmão quem deve abandonar o falacioso cessacionismo. Aliás, pela sua argumentação, vejo que o irmão, se é mesmo assembleiano, é apenas nominal, haja vista não ter entendido nada do que significa o pentecostalismo clássico e bíblico. Mas não me tenha mal pela sinceridade.

Em Cristo,

CSZ