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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Oswaldo Paião

Oswaldo Paião
João encerra o cap.20 do seu livro afirmando que Jesus ressuscitou, conviveu com os apóstolos, realizou diversos milagres, e apareceu para um grande número de discípulos durante 40 dias; mais tarde, Paulo explicará que num só dia mais de 500 pessoas o viram ressurreto, e que muitos deles ainda estavam vivos para testemunhar (1 Co 15.6 KJA). Porém Tomé não viu a primeira aparição de Jesus, e não vendo não creu; é assim que a matéria, o barro, reage: gostamos de carne, de mais barro, por isso tendemos a refutar a Luz, a pura energia, queremos algo palpável. Jamais vou me esquecer de um homem muito alto e forte que trabalhava de segurança no prédio onde havia uma loja da Abba, numa tarde, ao sair, disse a ele: “muito obrigado por sua ajuda hoje!”, e lhe dei um livro muito bom; ele virou e meio em tom de brincadeira me respondeu: “quero a minha parte em dinheiro!”, naquela noite ele sofreu um infarto e morreu. Não vale a pena especular porque Tomé não estava na companhia dos demais discípulos naquela hora, o motivo para as ausências dos nossos amigos em momentos cruciais são variados e às vezes complexos. Contudo, sempre tem alguém que chega atrasado ou entra nas coisas meio perdidão; pior, é sempre um pessoal que chega de mau humor, como se alguém tivesse culpa por terem perdido o trem da História. Tomé se sente ofendido, o incrédulo sempre se acha, pensa que o mundo tem que girar em torno dele; em vez de reconhecer que deveria estar pelo menos apoiando os amigos naquela hora difícil e aguardando por uma palavra de Deus, mas Tomé prefere amargurar: “Pô, ninguém me avisou! E Ele nem me esperou?” Os discípulos ainda contam como foi a aparição do Senhor e que Ele deixara um “shalom” pra ele também; mas quando a gente tá de broca com Deus não adianta recado, a gente quer é “falar com o chefe”, e Tomé responde: “Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não acreditarei”, o incrédulo é como o embriagado, cheio de razão. No fundo Tomé imaginou que tava fora do grupo, e que Jesus não ia sequer ouvi-lo, percebê-lo; quando a gente não tem fé pede grandes sinais. Tinha certeza que nada de bom ia acontecer, mais de uma semana se passara, e ele já tava preparando aquele vingativo: “tá vendo, num falei!” pro momento certo. E os discípulos – agora com Tomé a bordo - voltam a se reunir às portas fechadas, embora Jesus os tivesse capacitado para evangelizar o mundo (era o início da Igreja, Ekklesia, em grego, mas os discípulos ainda não compreendiam isso, até hoje têm muita dificuldade). Em dado momento Jesus aparece no meio deles e, como sempre, os saúda: Shalôm âleikhem! (A Paz seja Convosco!); sim, de fato, todos os dias precisamos ouvir essa bênção do Senhor, pois nossa memória espiritual é curta e fraca, e o ânimo para continuar caminhando mais um dia depende de confiarmos na “Paz” que só Jesus pode nos dar. Bem, nessa hora, o Tomé que andava chutando lata e murmurando: “Se Ele é real, que venha falar comigo! Tenho umas coisas engasgadas pra dizer também...”, agora treme nas bases; todo incrédulo tem sua hora “ai meu Deus!”. E a primeira coisa que Jesus faz é dirigir-se a Tomé: “Coloca teu dedo aqui; vê as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. Agora não sejas um incrédulo, mas crente.” (v.27) E aquele homem cético, bruto e amargurado confessa: “Meu Senhor e meu Deus!” (v.28); mas Jesus sempre tem mais a nos ensinar, e diz: “Tomé, porque me viste, acreditaste? Bem-aventurados os que não viram e creram!” (v.29) E João, que devia estar pensando naquela hora: “esse Jesus não perde uma!”, acrescenta à sua narrativa o maior propósito da sua vida e obra: “Verdadeiramente Jesus realizou, na presença dos seus discípulos, muitos outros milagres, que não estão escritos neste livro. Estes, entretanto, foram escritos para que possais acreditar que Jesus é o Cristo (Messias, em grego), o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu Nome” (v.31). Vivemos num tempo em que as pessoas querem acreditar mais no que não foi escrito sobre Jesus do que na pura e verdadeira Palavra de Deus. Espero, de todo o meu coração, que possamos crer no Evangelho, e CRENDO, aprendamos a desfrutar da vida eterna a partir do aqui e agora (Jo 10.10), não importa as circunstâncias; pois tudo passa; passa muito depressa, mas o melhor está por vir. Bom dia e Shalom em Jesus!

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